A Rua Maria Conceição Ribeiro, via de entrada do loteamento Santa Bernadete, em São Geraldo, reflete bem a realidade de quem vive por lá. Devido a uma ponte quebrada, o ônibus não circula mais pela rua.
Andréa Gravino é comerciante na localidade e conta que a ponte estava quebrada há alguns anos e que, nos últimos dois meses, uma obra foi iniciada mas ainda não foi finalizada, e é possível ver entulhos da construção dentro do córrego. “Essa ponte está dando uma confusão danada. Foi construída uma ponte de concreto, mas não terminaram a obra. O que acontece é que, por causa dela, todo mundo aqui sai prejudicado. O ônibus não passa na rua de entrada do bairro por causa dessa ponte que estava quebrada”, afirma Andréa.
Próximo à ponte nossa equipe encontrou um morador, que preferiu não se identificar, reivindicando a finalização da obra. “Fizeram a ponte, mas jogaram um monte de entulho dentro do córrego. A empresa responsável largou tudo aí. Aqui era uma ponte de duas manilhas, totalmente fora do esquadro. Agora fizeram uma ponte de concreto, colocaram um esquadro direitinho, colocaram a ponte em direção ao rio, está tudo certinho, mas deixaram entulho ali dentro do córrego. Além do matagal que toma conta do lugar”, desabafou o morador.
Outra reivindicação frequente, compartilhada pelos moradores dos loteamentos de todo o município, diz respeito à falta de capina. Andréa, além de solicitar a limpeza da local, reclama das condições precárias de serviços de saúde e de educação não só no loteamento, mas na cidade. “A limpeza aqui poderia ser mais comum, poderia disponibilizar uma estrutura melhor também para a escola atender a população local, porque a escola aqui é pequena. Acredito que aqui a situação ainda esteja mais amena do que em outros bairros, mas o que gostaríamos de ver mesmo, não só aqui, mas na cidade inteira, é o básico, saúde e educação”, aponta a comerciante.
A Prefeitura, através da secretaria de Obras, esclareceu em nota que “ainda está realizando a construção da ponte. Devido à obra estar em andamento, entulhos são comuns, mas quando for concluída a obra, será feita uma faxina geral, com a retirada de todos os entulhos”. Já sobre a falta de capina, em nota também foi relatado que “a capina será realizada ao final da obra, na faxina geral prevista”.
Lembranças que muitos não gostariam de ver
Mais de quatro anos depois da catástrofe, não é difícil ter lembranças do que aconteceu na parte alta do loteamento. Hoje, o mato esconde parte das encostas que deslizaram. Mas as estruturas das casas atingidas e interditadas pela Defesa Civil ainda estão na fila para serem demolidas, e o que isso gera, além de serem utilizadas como ponto de uso de drogas, são lembranças desagradáveis para os moradores. “A gente olha para isso tudo aí e lembra exatamente do que aconteceu. Já falaram que iriam reforçar as encostas e demolir as casas interditadas, mas até hoje estamos esperando por isso. Como esquecer do que aconteceu se para onde a gente olha vemos as marcas? Essas casas hoje servem até de ponto de tráfico, é uma situação bem complicada”, diz o morador Getúlio Thurler. O Inea (Instituto Estadual do Ambiente) é o órgão responsável pela demolição das casas, mas tal processo não parece ser tão simples de ser resolvido, já que existe uma série de determinações — como, por exemplo, o acordo entre as famílias atingidas e o órgão — para a continuidade do trabalho.
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