Leonardo Lima
Os moradores da Rua Apolinário Correia da Silva, no Cônego, estão revoltados quanto à possível instalação de uma unidade do Instituto Girasol do Brasil (IGBr) em um imóvel que está à venda no local. De acordo com eles, há duas escolas localizadas em frente à rua e, caso a unidade seja mesmo implantada, a segurança nos arredores estará comprometida. “As crianças dessas escolas brincam aqui na rua, jogam bola. Esse lugar é familiar, residencial. A instalação de uma casa que trabalha com menores infratores e usuários de drogas aqui só irá prejudicar o local. Os próprios comerciantes estão preocupados”, revela uma moradora.
Outra queixa de quem reside na rua está relacionada ao fato de o imóvel não ter, segundo eles, espaço externo suficiente para o desenvolvimento de atividades. “Achamos o projeto deles louvável. Realmente é um trabalho sério, necessário. Porém essa rua é um ponto de encontro de crianças, famílias. Se um dos menores quiser fugir do instituto certamente passará por nossas residências. Infelizmente, em nenhuma hora fomos ouvidos por ninguém”, afirma outro morador.
De acordo com ele, há algum tempo uma unidade de ensino superior quis alugar o imóvel para desenvolver um centro de estudos, mas não conseguiu alvará devido à falta de vagas para estacionamento. “Uma instituição de ensino não pode vir para cá e uma que trata menores infratores pode?”, questiona. Ele também insiste que há uma lei que proíbe a instalação de lan houses (estabelecimentos onde o usuário tem acesso à internet) a uma determinada distância de escolas e certamente o mesmo ocorre em relação a organizações como o Instituto Girasol.
Diretor do instituto responde queixas dos moradores: “O Girasol não é uma prisão”
Procurado pela reportagem de A VOZ DA SERRA, o diretor do Instituto Girasol, Salomão Bernstein, garante que sempre esteve aberto a conversar com os moradores da Rua Apolinário Corrêa da Silva. “Não fui procurado por nenhum morador. Estou sabendo agora dessas queixas. Não temos a intenção de criar nenhum litígio”, diz Salomão.
Ele explica que a intenção do instituto em adquirir o imóvel é criar uma unidade que possa abrigar tanto questões administrativas quanto programas de convivência familiar. “Temos um potencial de desenvolvimento de programas muito grande. O Instituto Girasol não é uma prisão, nem uma clínica de recuperação de dependentes químicos. Ninguém foge daqui porque o portão está sempre aberto. Somos um centro de convivência”, informa.
Salomão revela que entende a visão dos moradores, porém acredita que eles estão se baseando em suposições e informações de terceiros. “Repito, em nenhum momento fui procurado por ninguém. A reclamação deles tem legitimidade, mas estão partindo de alguns pressupostos. É preciso conhecer como funciona o Instituto Girasol. Eles podem afirmar que não querem esses elementos do lado da casa deles, mas será que essas crianças das escolas e os filhos deles estão realmente seguros? Não é preciso ir muito longe para encontrar determinadas situações de risco. No momento a compra está suspensa. Aquele imóvel não é essencial para mim nem para o Girasol. Nos preocupamos com o ser humano e contribuímos para a harmonia, a paz e a ordem social”, pontua o diretor que cita ainda os artigos 227 da Constituição Federal e 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente. “Todos os cidadãos são responsáveis pelas crianças e adolescentes, não apenas as nossas, mas também dos demais”, encerra Salomão.
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