Eloir Perdigão
Se não tivesse havido a tragédia climática de janeiro, até poderíamos citar São Geraldo como um bom lugar para se morar. A maioria dos serviços está satisfatória. No entanto, os moradores questionam, entre outros problemas, a demora da Defesa Civil em fornecer os laudos referentes às barreiras caídas no bairro, o que tem deixado a comunidade em estado de preocupação permanente.
BONS SERVIÇOS – Quem mora em São Geraldo não tem muito do que reclamar quanto ao recolhimento de lixo, energia elétrica, entrega de correspondências e muitas igrejas. Já a água, apesar de não faltar, é servida ora barrenta, ora com gosto de cloro em demasia. Reclamações já foram feitas à concessionária Águas de Nova Friburgo, que alega estar a água em boas condições de consumo. A líder comunitária Marli de Fátima Batista, a Lili, apela para receber mais água mineral em doação, já que restam poucos amarrados do líquido para ser distribuído aos moradores necessitados.
São Geraldo tem duas escolas públicas. Uma do governo estadual, a Salustiano José Ribeiro Serafim, e outra municipal, a Nair Rodrigues de Araújo. Ambas atendem bem aos alunos do bairro, sendo que a escola municipal foi atingida pela enchente de janeiro e perdeu muitos materiais, que ainda não foram repostos. Quem pode ajuda.
No posto de saúde trabalham três médicos clínicos, dois pediatras, um ginecologista, um otorrinolaringologista, dois psicólogos, dois dentistas e uma nutricionista. No entanto, não há ambulâncias (já foram duas no bairro) e o estado físico do prédio é precário, com várias rachaduras.
Os moradores de São Geraldo também não têm do que reclamar do policiamento nem do comércio local, que é bastante diversificado, destacando os mercados. Há também açougue, farmácia (no Solares) e bares. Em meio às muitas residências, há também um grande número de pequenas confecções e uma indústria de fechaduras, esta bastante atingida pela enchente.
As entregas de gás são feitas normalmente no bairro e os táxis também fazem as corridas sem problemas. Há, entretanto, reivindicação para que haja um ponto de táxi em São Geraldo.
SERVIÇOS QUE PRECISAM MELHORAR – Os ônibus são poucos, segundo a comunidade de São Geraldo. A situação se agrava nos horários de pico. Além dos passageiros terem que esperar muito tempo nos pontos, os coletivos estão sempre lotados, por isso os moradores reivindicam melhorias.
A telefonia é o serviço que tem o maior número de reclamações. Depois da tragédia de janeiro o serviço piorou de vez. Muitos telefones estão mudos, bem como os orelhões. Há, inclusive, uma casa soterrada em que o telefone não foi desligado e o morador tenta sua transferência em vão.
A administração regional de São Geraldo é motivo de críticas da comunidade. A varrição está sendo feita, o que não acontece com a capina. Como tem chovido muito, o mato cresce e deixa os moradores apreensivos com relação a insetos e outros animais, conforme atesta Sabrina de Paiva Heggdornn. Lili aproveita para sugerir: os titulares de administrações regionais e diretores de escolas deveriam ser eleitos pela comunidade, e não serem cargos políticos, pois, desta forma, bairros como São Geraldo não sofreriam com a falta de atenção.
A principal reclamação dos moradores de São Geraldo, entretanto, é com relação à Defesa Civil. Bairro bastante prejudicado pela tragédia de janeiro, com muitos deslizamentos, sempre que chove a preocupação é geral. Alguns geólogos estiveram em São Geraldo após a tragédia, no entanto, ficaram de fornecer os mapas para a Defesa Civil em seguida, e mais nada aconteceu. Diante da situação, os moradores apelaram para o Ministério Público, que havia marcado reunião no bairro na sexta-feira, 1º de abril, na Igreja Batista Nacional, a fim de ouvir as reivindicações da comunidade.
Na Rua Salvador Heggdornn houve quatro deslizamentos. Uma delas atingiu uma casa e até hoje os moradores esperam a visita da Defesa Civil para um parecer sobre a situação. Há casas com risco de desabamento, como uma de três andares, de Miriam da Silva Pereira. Interditada pela Defesa Civil, a moradora aguarda uma solução, até porque, outras residências estão ameaçadas. Miriam até retirou materiais da construção, como as janelas de alumínio, a fim de evitar roubos.
Situação semelhante é a de Antônio Augusto Costa Silva, que está morando em uma casa alugada, porque a sua, na Rua Antônio Joaquim Gonçalves, no Loteamento Santa Bernadete, está interditada pela Defesa Civil. A preocupação de Antônio é grande, já que um vizinho morreu, na casa ao lado.
A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE – São Geraldo tem associação de moradores, presidida por Silzete Guimarães. Mas outros líderes comunitários se destacam. Lili, por exemplo, até planeja se candidatar a vice-presidente, até porque, é a ela que muitos moradores recorrem quando precisam de alguma coisa.
Durante a tragédia de janeiro, Lili tomou algumas providências emergenciais, como castração de animais e atendimentos psicológicos à comunidade. De acordo com a líder comunitária, ainda há pessoas muito necessitadas em São Geraldo, que nada receberam ainda. A carência é grande no bairro, garante.
Deixe o seu comentário