Bruno Pedretti
Localizado próximo ao Centro, o bairro Vila Nova sempre foi um dos mais procurados para residir por oferecer muita tranquilidade, característica marcante do lugar. Mas, apesar das muitas qualidades do bairro, a chuva que caiu no dia 12 de janeiro não poupou a Vila Nova, deixando um rastro de destruição, principalmente na rua que dá acesso ao campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde caiu parte da Rua Alberto Rangel, deixando milhares de estudantes sem previsão de retorno às aulas. “As aulas eram para ter começado em 1º de março, porém, como não existe passagem, não foi possível iniciar o ano letivo”, conta um professor da universidade.
Na Vila Nova se encontram duas das instituições mais importantes do país: o 6º Grupamento de Bombeiro Militar e o 11º Batalhão da Polícia Militar, que valorizam o local garantindo mais segurança aos moradores. Muitas crianças e adolescentes estudam no Colégio Municipal Odette Penna Muniz, que oferece até o nono ano do ensino do fundamental, colaborando para que alunos que moram nas imediações da Vila Nova e os próprios moradores do bairro frequentem a escola, tida como referência em termos de ensino público.
Na subida da Uerj é possível visualizar alguns pontos do município atingidos pela catástrofe. A passagem para chegar até a universidade está impedida, por conta da Rua Alberto Rangel, que cedeu. No local o cenário de devastação impressiona: uma enorme cratera se abriu próximo à cascata, levando muita terra ao Condomínio Park Ville. Sem dúvida, a Alberto Rangel foi uma das mais afetadas na Vila Nova. Nesta rua, algumas casas também foram destruídas com os deslizamentos de terra. Plásticos foram colocados nas barreiras para evitar novas quedas. “Jamais pensaríamos que essa barreira fosse descer. Essas casas não estavam em áreas de risco e foram destruídas, é muito triste”, lamenta um morador.
No Condomínio Residencial Park Ville foram retirados cerca de 500 caminhões de terra. Os moradores receberam uma grande colaboração do Estado para que isso acontecesse. Apesar da tragédia ter trazido grande incômodo aos moradores do condomínio, as unidades não foram afetadas pela terra que desceu.
O Colégio Municipal Odette Penna Muniz já retornou às aulas, mas existem alguns riscos para os alunos da unidade educacional. A poeira acumulada no bairro incomoda demais os moradores e alunos, além dos bueiros, que estão entupidos de terra e sem tampas, trazendo frequente risco aos pedestres.
A via principal da Vila Nova também sofreu com a catástrofe. Na Rua Prudente de Moraes, barreiras de grande porte desceram, atingindo casas e lojas no bairro. Alguns moradores estão com medo que novos deslizamentos possam ocorrer. “Essa chuva que vem caindo na cidade nos preocupa muito, até porque, existem algumas casas que precisam ser demolidas e não foram. Muitos moradores estão com medo, ninguém esperava que isso fosse acontecer aqui no nosso bairro”, revela Edna, que pede mais atenção das autoridades para a Vila Nova. “O governo tem que fazer alguma coisa aqui, não podemos ficar correndo risco”, desabafa.
A pracinha em frente ao Colégio Odette Penna Muniz sempre foi um ponto de encontro dos estudantes e atualmente a poeira e a lama faz parte do cenário. Comerciante há mais de 13 anos no bairro, Lúcia Lobo conta como foi o drama após o desastre. “Entrou bastante água na minha mercearia, fiquei oito dias só fazendo a limpeza, tive um prejuízo de mais de cinco mil reais e o movimento já não é o mesmo, reduziu 40%”, revela. Lúcia conta que o que vem atrapalhando muito seu comércio é a poeira na localidade. “Molhamos a rua a todo momento, mas não adianta nada, precisamos de uma verdadeira limpeza”, diz a comerciante. Ainda assim, ela mantém o otimismo: “Em 2007 entrou água na mercearia também, mas temos que ter força de vontade para continuar, vamos nos recuperar”.
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