Flávia Namen
Localizado a cinco quilômetros do centro da cidade, o bairro Chácara do Paraíso é um dos mais tradicionais da cidade e possui cerca de 12 mil moradores, segundo dados extraoficiais. Entre as principais referências do bairro estão a fábrica de licores Jacutinga e o Hospital Unimed, um dos maiores da região. A tranquilidade é a principal vantagem apontada por quem mora no bairro, que continua predominantemente residencial e oferece uma boa qualidade de vida a seus habitantes. Apesar disso, vários problemas têm prejudicado o cotidiano da comunidade, conforme constatou a equipe de A VOZ DA SERRA em visita recente à Chácara.
A falta de segurança é a principal queixa de moradores e comerciantes que denunciam o consumo e a venda de drogas na Praça Lino da Fonseca. “Depois das 7h30 da noite todo mundo fica com medo de passar por ali. Tenho que fechar as portas antes das 20h devido ao risco de assalto. Já fizemos várias reclamações mas não tem adiantado. A polícia até faz algumas rondas pela praça mas vem com o giroflex ligado e aí todo mundo se dispersa. Deveriam vir à paisana para dar um flagrante e dar um basta nessa bagunça”, disse um comerciante que preferiu não se identificar.
Para o comerciante Almir Almeida, o medo dos assaltos acabou impondo uma espécie de toque de recolher entre os donos de lojas na Rua Izelino Maduro, a principal do bairro, e nos arredores. “A minha padaria, o mercado, o açougue e a quitanda fecham às 8 da noite em ponto. Eu fechava às 9h mas já fui assaltado algumas vezes, inclusive com arma na cabeça, e decidi não arriscar mais”, desabafou ele, que também reclama da sujeira nas ruas do bairro.
Além de mais policiamento, a comunidade também reivindica outros serviços públicos. “O bairro tem muitas necessidades como a construção de mais creches e a instalação de um posto de saúde para atender as pessoas que aqui vivem”, diz o leitor Cenízio Cabral em e-mail enviado recentemente para o jornal.
Sujeira no córrego, ruas esburacadas, bueiros quebrados e falta de lixeiras
Outro problema constatado pela reportagem é a sujeira no córrego que corta o bairro, que está repleto de mato e lixo, contribuindo para a proliferação de ratos e insetos. Sem contar que o esgoto corre a céu aberto no local, que fica na Rua Lair Rocha Turque. “Já fizemos várias reclamações à Prefeitura, mas nenhuma providência foi tomada. Sofremos com essa sujeira e com os transbordamentos no período de chuva. Em época de eleição, os políticos vêm aqui e prometem solucionar o problema mas depois continua tudo do mesmo jeito. Muitos prometeram construir uma nova galeria para escoar a água desse córrego e evitar enchentes. Quando chove muito, transborda tudo e é um transtorno. Moro na Rua Maria Ferreira Thurler e sofro com os alagamentos no período do verão”, protesta Maria das Graças Couto, moradora há 40 anos do bairro.
As ruas sujas e esburacadas e a falta de lixeiras em locais como a Praça Lino da Fonseca também são alvo de muitas reclamações. “Por um milagre, tem uma equipe da Prefeitura realizando serviços de capina aqui na Chácara, que está muito largada”, diz a moradora Marta Montel Correia, há 37 anos da Chácara. Ela também critica a falta de orelhões e de ônibus circulando no bairro. “Mudaram o horário da linha Centro-Jacina e temos poucas linhas que atendem o bairro. Os ônibus estão demorando bastante para passar”, diz ela.
Vale destacar que a estrada que dá acesso ao bairro, a RJ-150, ainda está em mau estado de conservação e exibe as marcas da catástrofe climática de 2011. Há trechos com deslizamentos de terra e sem parte do acostamento que até hoje não foram recuperados. Os motoristas precisam de muita atenção para trafegar no local, por onde também passam muitos pedestres e ciclistas.
Completam a lista de problemas no bairro a falta de placas de identificação das ruas, de reparos na pavimentação e de manutenção dos bueiros. Muitos estão sem tampa ou quebrados, oferecendo risco a quem passa. Na Praça Lino da Fonseca há brinquedos quebrados, várias pichações e lixo nos jardins. “A Chácara está precisando de mais atenção do poder público e mais investimentos em vários setores. Estamos esquecidos e abandonados há muito tempo e a situação piorou ainda mais depois da catástrofe”, finaliza Maria das Graças.
Prefeitura informa que limpeza do córrego começa nesta segunda-feira
Em nota enviada pela Prefeitura, a Secretaria Municipal de Obras informou que a construção da galeria no bairro já está em processo da avaliação para posterior realocamento de recursos. Já a secretaria de Serviços Públicos informou que o mato e o lixo no entorno do córrego também serão devidamente limpos. Os trabalhos estão previstos para começar nesta segunda-feira, 13, com a capina do mato e desratização da área, segundo consta na nota. Contudo, o órgão pede que os moradores não joguem lixo e entulho no local, o que contribui para evitar danos ao meio ambiente e a proliferação de ratos e doenças.
Quanto aos brinquedos quebrados na Praça Lino da Fonseca, a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer vai avaliar a situação para verificar a possibilidade de repará-los o mais rápido possível, conforme informa a nota. Já o conserto das tampas de bueiro quebradas também será providenciado o mais rápido possível, de acordo com a secretaria de obras.
A nota da Prefeitura esclarece ainda que a manutenção da RJ-150 está a cargo do Departamento de Estradas e Rodagem (DER), responsável pela via, e que a segurança é uma atribuição das Polícias Civil e Militar.
Deixe o seu comentário