Girlan Guilland (*)
Neste sábado, 30 de julho, se completariam 89 anos do surgimento de um grande friburguense. Nascido Caetano Antonio Mielli — Taninho para a família — naquele significativo ano de 1922, da revolucionária Semana de Arte Moderna e do Centenário da Independência brasileira, o rapaz originário de família descendente de italianos, que logo cedo despertou para as vocações sacerdotais, acabaria por escrever seu nome na história de Nova Friburgo como Monsenhor Mielli, personagem carismático da Igreja Católica, na qual sua atuação representou, a seu tempo e época (por volta das décadas de 1940 a 1970), um momento bastante específico e expressivo, sobretudo para a comunidade de Olaria, que ele também ajudou a desenvolver, então bairro operário com base na pujante indústria têxtil que se formava.
Muito mais do que um líder espiritual cristão, Monsenhor Mielli se tornou artífice de uma grande obra, que legou às gerações futuras até hoje, passados mais de meio século daquela sua iniciativa. Além, ainda, da imponente e importante obra física, seu legado se completa e se impõe como um patrimônio dos mais importantes na paisagem e na vida de milhares de pessoas: quem passa pela pequena praça que hoje leva o seu nome e, inclusive, tem um monumento em sua homenagem, vê perfeitamente a matriz de Nossa Senhora das Graças como uma das mais bonitas edificações do bairro Olaria e até de toda a cidade, mas provavelmente não consegue enxergar o conjunto de sua obra, posto que ela se expande muito além dos limites daquele terreno que domina boa parte do quarteirão.
Além do templo em linhas de arquitetura moderna — que teve como seus primeiros arquitetos Lúcio Costa, Alcides Rocha Miranda, Elvin Mackay Dubugras e Fernando Cabral Pinto, substituídos na década de 1960 por Pedro Peixoto Vieira, porque a equipe anterior fora transferida para a construção de Brasília — o conjunto da obra contempla ainda o Centro Social e o Colégio Nossa Senhora das Graças, até hoje responsável pela formação educacional de várias gerações de friburguenses.
Assim, um visionário pela educação e também no serviço de assistência social, padre Mielli lançou as bases de uma obra monumental, não só por seu relativo tamanho, mas sobretudo por sua importância e alcance ao longo de tantos anos. Num dado momento em Olaria, ele e seu centro social eram a presença do Estado como ente de atendimento a uma população carente.
Desta forma, defendo que, num mundo de profundas reversões de valores, o exemplo do Monsenhor Mielli deve ser preservado, resgatado e cada vez mais evidenciado para as atuais e futuras gerações. Nossos jovens precisam deste tipo de referencial. Crianças e adolescentes de nossos dias precisam saber e conhecer quem foi e o que representou o padre Mielli, sua atuação e o seu legado. Estamos a pouco mais de uma década de seu centenário: deveremos aproveitar esse tempo como oportunidade para destacar e revelar a personalidade em que ele se constituiu.
Neste sentido, em boa hora o padre Gelcimar Petinati, atual pároco da igreja Matriz de Nossa Senhora das Graças e Presidente do Centro Social de mesmo nome, se mostra totalmente em concordância com um trabalho integrado de amigos, pais, alunos e ex-alunos, professores e funcionários do GRAÇAS, a única instituição de ensino católico genuinamente friburguense, por esforço e determinação de um grupo de abnegados, à época sob a liderança e a condução do então padre Mielli, um friburguense de primeira linha, que faleceu prematuramente aos 56 anos, em 13 de março de 1979, vitima de um infarto fulminante.
(*) jornalista, morador de Olaria
e pai de estudantes do Graças.
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