Monitoramento climático reduz 42% do uso de agrotóxicos em lavouras na Região Serrana

quarta-feira, 31 de dezembro de 1969
por Jornal A Voz da Serra
Monitoramento climático reduz 42% do uso de agrotóxicos em lavouras na Região Serrana
Monitoramento climático reduz 42% do uso de agrotóxicos em lavouras na Região Serrana

A redução de 42% no uso de agrotóxicos em lavouras de tomate da Região Serrana, nos últimos quatro meses, é um dos resultados positivos já obtidos com o trabalho de monitoramento climático implementado em Nova Friburgo e Sumidouro. A iniciativa faz parte de um projeto de pesquisa da Pesagro-Rio (empresa vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária), financiado pela Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e em parceria com a empresa privada Olearys.
Equipamentos instalados nas lavouras colhem informações sobre a quantidade de chuva, temperatura, umidade relativa do ar e o molhamento das folhas, tempo médio em que a vegetação permanece com água na superfície. Os dados são enviados a cada 15 minutos para um servidor em São Paulo e, após processados, ficam disponíveis para os agricultores familiares na internet.
“Agora está mais fácil trabalhar. Com o acompanhamento pela internet só fazemos a aplicação de produtos realmente necessária. Quando o clima está propício para que a planta tenha uma requeima ou uma ‘pinta preta’, entramos com o defensivo na quantidade e hora certas. Assim estamos conseguindo colher um tomate mais saudável para o consumo”, contou a produtora rural Sônia Maria Veiga, que já acompanha sua lavoura há dois meses.
Inicialmente, dez 10 plataformas—que cobrem um raio de cinco quilômetros cada—foram instaladas. Outras 10 deverão entrar em funcionamento em propriedades de Paty do Alferes, Vassouras e Duas Barras a partir de abril, de acordo com o engenheiro agrônomo e presidente da Pesagro-Rio, Silvio Galvão. O projeto contará também com o apoio da Emater-Rio no gerenciamento das novas unidades. “Através do monitoramento, estamos seguindo um modelo clássico de controle de doenças, correlacionando as condições climáticas com os níveis de infecção favoráveis à sua ocorrência. A partir daí, disparamos o alarme para o produtor através de e-mail, torpedo, telefonema ou fax”, explicou o pesquisador. 
Para o secretário Christino Áureo, a sustentabilidade não pode ser apenas uma palavra da moda, tem que se traduzir em ações. “Nada melhor que a parceria com a iniciativa privada que atua no setor e produtores rurais para que possamos alcançar os resultados que estamos conquistando”, acrescentou.
Ao reduzir em 42% a utilização de defensivos agrícolas, além dos benefícios para a saúde e meio ambiente, o produtor também economiza por safra, a cada mil pés de tomate, R$ 300 com a compra dos produtos e 4.800 litros de água doce limpa, já que não precisa utilizar este recurso hídrico na diluição do agrotóxico para pulverizar a lavoura.
Segundo o agrônomo da Olearys, Lucas Baroni, o monitoramento possibilita economizar tempo e dinheiro, além de beneficiar o meio ambiente, na medida em que reduz a poluição do solo, água e ar e a saúde do produtor e consumidor.
Na propriedade do produtor Elson da Silva, em quatro meses, seguindo o ciclo da cultura, houve uma redução de até 60% no uso de agrotóxicos nas lavouras onde os equipamentos foram instalados. O custo total da produção também despencou nas plantações de tomate monitoradas pelo sistema. Houve queda de mais de 50% nos gastos em relação ao cultivo tradicional. “Vai fazer quase três meses de plantio e só fizemos seis aplicações. Se tivesse sem o equipamento aqui, já teríamos feito umas 18, mais ou menos”, disse.
Ainda segundo o presidente da Pesagro-Rio, o projeto de monitoramento, que foi apresentado a pequenos agricultores familiares, vem despertando o interesse de médios e grandes produtores que têm participado dos dias de campo nas lavouras para aprender sobre a nova tecnologia. 

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