Mobilidade perigosa

terça-feira, 29 de novembro de 2016
por Jornal A Voz da Serra

O REGISTRO de acidentes e colisões de veículo em Nova Friburgo no último fim de semana, conforme divulgado por A VOZ DA SERRA em sua edição de ontem, 29, é uma pequena parcela do que ocorre pelo país com o aumento do número de automóveis nas ruas e a persistente imprudência de motoristas e também de pedestres. Vivemos a era do automóvel e é preciso cuidar do problema antes que a crise insolúvel se instaure.

DESDE 2012 e até o ano 2022, com a chancela da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), está sendo realizada a promoção “Década de ações para a segurança no trânsito”. O trabalho a nível mundial envolve 150 países e pretende reduzir o número vertiginoso de acidentes de trânsito no planeta. 

O NÚMERO DE mortos e feridos em acidentes com motos mais que triplicou no país entre 2002 e 2013. Os dados são do estudo “Retrato da segurança viária no Brasil”. Das 43.075 mortes no trânsito ocorridas no Brasil em 2013, pelo menos 12.040 foram de motociclistas ou passageiros de motos — mais de três vezes a quantidade de vítimas em 2002, quando 3.773 perderam a vida. Já o número de feridos em acidentes com moto quadruplicou no período: de 21.692 para 88.682. Para feridos, considerou-se aqueles que necessitaram de mais de 24 horas de internação. 

OS RESULTADOS do estudo se baseiam apenas nos acidentes cujo meio de transporte envolvido foi identificado, descartando as categorias “outros” e “sem informação”. Portanto, os números não se baseiam no total absoluto registrado no país e apontam que os motociclistas representaram 37% das mortes e 56% dos feridos nos acidentes em 2013 — motos constituem 26% da frota nacional de veículos automotores. Os números são apenas a constatação estatística de uma tragédia que comprovamos diariamente. Para o governo, o país enfrenta “verdadeira epidemia de lesões e mortes no trânsito”. 

ANUALMENTE o sistema público de saúde registra milhares de feridos nestes acidentes, causando uma significativa perda do orçamento e aumentando consideravelmente o número de hospitalizações. O sistema é sem dúvida um dos mais afetados pelas consequências desse quadro de tragédia, mas a vítima do trânsito enfrenta problemas maiores que interferem diretamente em toda a estrutura familiar.

SOMOS O quarto país colocado no ranking de mortes no trânsito. As causas, quase sempre estão ligadas a fatores humanos, como a alta velocidade e o consumo de bebida alcoólica, o que é inaceitável e revela o quanto será preciso evoluir em respeito ao próximo. O problema também é verificado em Nova Friburgo e só pode ser minimizado com uma ampla campanha de conscientização, com uma ação fiscalizatória das autoridades e com mais investimentos em mobilidade urbana. A crise está batendo à nossa porta.

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