Ministério Público recomenda suspensão de cirurgias no Raul Sertã

Posicionamento baseou-se em denúncias apresentadas por cirurgiões da unidade
sexta-feira, 09 de junho de 2017
por Márcio Madeira
O Hospital municipal Raul Sertã (Foto: Arquivo AVS)
O Hospital municipal Raul Sertã (Foto: Arquivo AVS)

O Ministério Público do Estado do Rio recomendou nesta quinta-feira, 8, a suspensão imediata da realização de cirurgias eletivas (sem caráter de urgência) no Hospital Municipal Raul Sertã. A recomendação foi direcionada à Prefeitura de Nova Friburgo, à Secretaria municipal de Saúde e também à direção-geral da unidade.

Paralelamente, a 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Nova Friburgo instaurou inquérito civil para investigar as condições de funcionamento da Central de Materiais e Esterilização (CME), a partir de representação apresentada por médicos do Raul Sertã. De acordo com a denúncia, possíveis irregularidades no funcionamento da CME estariam elevando a incidência de complicações operatórias infecciosas.

Por fim, o MP  determinou ainda, em caráter de urgência, a realização de vistoria na CME por parte da Vigilância Sanitária estadual, e esta já confirmou que irá realizar o procedimento. A fim de não suspender os procedimentos já agendados ou emergenciais, o MP sugere, provisoriamente, o encaminhamento dos instrumentos cirúrgicos para outras centrais de esterilização, localizadas na cidade.

O município de Nova Friburgo, a Secretaria municipal de Saúde e a direção-geral do Hospital Municipal Raul Sertã têm três dias para esclarecimentos sobre a adoção da recomendação.

Vereadores registram boletim de ocorrência

Também nesta quinta-feira, 8, uma comitiva formada pelos vereadores Wellington Moreira, Marcinho, Johnny Maycon e Zezinho do Caminhão registrou Boletim de Ocorrência na 151ª Delegacia Policial contra a direção do HMRS, alegando que lhes foi negado acesso a documento do hospital. A postura foi compreendida como um ato de obstrução à função fiscalizatória.

De acordo com o presidente da Comissão de Saúde, vereador Wellington Moreira, foram solicitadas vistas de documentos como registros das manutenções dos equipamentos de autoclave com o certificado de calibração (que deve ser feito uma vez ao ano); fichas de entradas e saídas dos integradores químicos; relação dos respiradores e monitores que estão em funcionamento e quantos estão em manutenção; e o também livro de anotações sobre as ocorrências no centro cirúrgico.

“Registramos o B.O. porque fomos impedidos de exercer a nossa função fiscalizadora”, argumentou Wellington. “Nossa ida ao hospital se justifica, pois fomos informados por médicos de que as condições de trabalho dentro do hospital estão precárias”, acrescentou.

Jornalismo sério

Os acontecimentos recentes dão respaldo a informações que vêm sendo publicadas sistematicamente e com exclusividade por A VOZ DA SERRA nos últimos dias. E os desdobramentos não devem parar por aí. É esperado, por exemplo, um posicionamento do Conselho Regional de Medicina (CRM) nos próximos dias, uma vez que a entidade também foi acionada por cirurgiões do Raul Sertã, quando estes se sentiram pressionados a realizar procedimentos cirúrgicos sob circunstâncias que não consideravam suficientemente seguras. O próprio encaminhamento do caso ao Ministério Público, inclusive, foi descrito por um dos cirurgiões como uma forma encontrada para que os médicos pudessem se resguardar juridicamente.

A reportagem de AVS conversou com o prefeito Renato Bravo na manhã de quinta-feira, 8, e ouviu do chefe do Executivo municipal o compromisso de realizar os procedimentos que se revelem necessários ao perfeito funcionamento do Centro de Materiais e Esterilização. O prefeito, inclusive, chegou a determinar que a cúpula da Secretaria de Saúde se reunisse nesta sexta-feira, 9, com representantes da equipe de cirurgiões do Hospital Raul Sertã, mas os médicos optaram por aguardar pelo retorno do prefeito, para que possam contar com sua presença no encontro.

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