Ministério Público investiga falta de transporte escolar na rede estadual

Alunos de áreas rurais do município estariam sem o serviço há pelo menos uma semana
terça-feira, 18 de agosto de 2015
por Karine Knust
Ministério Público investiga falta de transporte escolar na rede estadual

Os alunos da rede estadual que moram na área rural e dependem de transporte escolar estão enfrentando problemas para chegar até a escola há pelo menos uma semana. O serviço — garantido pela Constituição Federal, que afirma ser dever do Estado o atendimento ao educando em todas as etapas da educação básica, inclusive o transporte até a instituição de ensino — foi paralisado por falta de pagamento dos motoristas. De acordo com denúncias, alguns condutores chegaram a paralisar os serviços por não receberem salário há pelo menos um mês. O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público através de Inquérito Civil (n° 14/15) aberto no início desta semana. O processo foi instaurado para investigar as denúncias de falta de transporte escolar na Escola Estadual Carlos Maria Marchon, no distrito de Lumiar, e, segundo o MP, informações relativas a outras unidades de ensino que estão passando pelo mesmo transtorno também estão sendo apuradas.

Só no Colégio Estadual Agrícola Rei Alberto I, Ibelga, localizado em Salinas, distrito de Campo do Coelho, 65 alunos estão sendo prejudicados pela interrupção no serviço. Jaqueline da Silva Veiga, de 16 anos, é um deles. A adolescente, que mora na localidade de Barracão dos Mendes, conta que está sem transporte há pelo menos uma semana e, para não perder o conteúdo dado em sala de aula, é preciso tirar dinheiro do próprio bolso: “Estou pagando passagem todos os dias para vir para escola em um ônibus de linha. Não tenho alternativa a não ser me virar como posso para chegar à escola. Eu ainda tenho a possibilidade de pegar o ônibus perto de casa, mas alguns colegas moram ainda mais longe e precisam andar muito até chegar a um ponto de ônibus para aí sim embarcar”, conta ela.

Ainda segundo Jaqueline, alguns alunos que moram em localidades mais distantes estão sendo liberados mais cedo para conseguir pegar o transporte público a tempo. Os dois filhos da lavradora Eulane Oliveira Rimes, de 41 anos, também estudam no Ibelga e têm passado por dificuldades maiores. Isso porque a família mora em outro município, Sumidouro. “O motorista da Kombi nos explicou que estava sem pagamento e não teria como continuar fazendo o transporte porque já estava se endividando com o posto de gasolina onde ele abastece. Meus filhos estão perdendo aula porque não temos condições de pagar passagem todos os dias. Se eles forem de ônibus de linha é preciso fazer duas viagens até chegar à escola. A primeira da nossa casa até Conquista e de lá pegar o transporte público até o Ibelga. Acaba pesando no bolso”, revela Eulane, que ainda afirmou também já ter feito denúncias ao Ministério Público.

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que o pagamento atrasado referente ao transporte rural dependia de liberação de Cota Financeira pela Secretaria de Estado de Fazenda e foi efetuado ainda na última segunda-feira, 17. Por telefone, a assessoria da Secretaria Estadual de Fazenda afirmou que o atraso se deu devido à crise financeira pela qual passa o país. O prazo para o restabelecimento do serviço, a quantia paga e o nome da empresa responsável pelo transporte não foram informados por nenhum dos órgãos até o fechamento desta edição.

 

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TAGS: rede estadual | ensino | transporte público
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