O Ministério da Saúde recebeu o primeiro lote da vacina contra o papiloma vírus (HPV), com quatro milhões de doses, que serão distribuídas gratuitamente na Campanha de Vacinação deste ano, promovida a partir de março, no Sistema Único de Saúde (SUS). O insumo, que previne contra o câncer de colo de útero, será aplicado gratuitamente em meninas de 11 a 13 anos e, a partir de 2015, será oferecido também para meninas de 9 e 10 anos. Foram investidos R$ 465 milhões na compra de 15 milhões de doses da vacina para este ano, o que garante a imunização de cinco milhões de pré-adolescentes. É a primeira vez que a população terá acesso gratuito, em nível nacional, à vacina contra o HPV.
A produção da vacina contra o HPV é fruto de uma parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório estrangeiro Merck Sharp & Dohme (MSD), com transferência de tecnologia para produção nacional. A iniciativa faz parte de um conjunto de ações que o Ministério da Saúde tem estabelecido com o Butantan para ampliar a produção brasileira de insumos e medicamentos.
Vale destacar que o Ministério da Saúde vai investir R$ 1,1 bilhão na compra de 36 milhões de doses da vacina durante cinco anos – período necessário para a total transferência de tecnologia para o laboratório brasileiro. A Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) entre o Butantan e a Merck possibilitou uma economia estimada de R$ 78 milhões na compra da vacina em 2014. O Ministério da Saúde pagará cerca de R$ 30 por dose, o menor preço já praticado no mercado – 15% abaixo do valor do Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
HPV E CÂNCER – A vacina contra HPV que será distribuída no SUS é a quadrivalente, ou seja, previne contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18). Dois deles (16 e 18) respondem por 70% dos casos de câncer de colo de útero, responsável atualmente por 95% dos casos no País. É o segundo tipo de tumor que mais atinge as mulheres, atrás apenas do câncer de mama.
A cada ano, 270.000 mulheres no mundo morrem por conta da doença. No Brasil, 5.160 mulheres morreram em 2011 em decorrência da doença. Para 201, o Instituto Nacional do Câncer estima o surgimento de 15.590 novos casos.
Segundo o Ministério da Saúde, cada menina deve receber três doses da vacina para estar imunizada contra o HPV. Após a primeira dose, a segunda deverá ocorrer em dois meses. E a terceira, em seis. A vacina deve ser aplicada com autorização dos pais ou responsáveis. Ela tem eficácia comprovada para mulheres que ainda não iniciaram a vida sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o vírus.
O Ministério da Saúde orienta ainda que as mulheres dos 25 aos 64 anos façam anualmente o exame preventivo para verificar se há indício de HPV. Em 2012, 11 milhões de exames foram realizados no SUS, o que representou investimento de R$ 72,6 milhões. Do total, 78% na faixa etária prioritária.
O HPV é capaz de infectar a pele ou as mucosas e possui mais de 100 tipos. Do total, pelo menos 13 têm potencial para causar câncer. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos. No Brasil, a cada ano, 4 mil pessoas são infectadas por algum tipo do vírus.
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