Ministério da Saúde estende tratamento para todos com HIV

segunda-feira, 02 de dezembro de 2013
por Jornal A Voz da Serra

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou na manhã de domingo, 1º, no Rio de Janeiro, que todos os adultos com testes positivos de HIV, mesmo que não apresentem comprometimento do sistema imunológico, terão acesso aos medicamentos antirretrovirais contra a aids pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A medida integra o novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e Aids e é uma das ações do Ministério da Saúde que marca o Mundial de Luta contra a Aids, celebrado dia 1º de dezembro. A portaria foi publicada ontem, 2, no Diário Oficial da União. Atualmente, além do Brasil, apenas França e Estados Unidos oferecem medicamento antirretroviral aos pacientes soropositivos, independente do estágio da doença.

A oferta com antirretrovirais é uma medida inovadora, com impacto na saúde individual, porque garante a melhoria da qualidade de vida das pessoas infectadas pelo HIV e reduz a transmissão do vírus. Isto porque, a pessoa em tratamento com antirretrovirais, ao diminuir a carga viral, reduz a propagação do HIV. "Com as novas medidas o Brasil se torna o primeiro país no mundo a implantar o tratamento como prevenção em um sistema de saúde pública”, afirmou Padilha. 

O ministro anunciou também a oferta pelo SUS aos pacientes com HIV da dose tripla combinada, o chamado três em um. "Este medicamento será disponibilizado como tratamento inicial para as pessoas com o HIV. Nossa meta é ofertar, em um primeiro momento, para dois estados: Rio Grande do Sul, por ter uma das maiores taxas de detecção do país, e para o Amazonas, que tem uma das maiores taxas de mortes por aids em relação aos casos registrados no estado”, justificou o ministro, ressaltando que posteriormente será disponibilizado aos demais estados do país. 

Com a assinatura e publicação da portaria no Diário Oficial ontem, o novo tratamento para adultos com HIV positivo passa a valer em todo o território nacional. O paciente poderá iniciar o tratamento logo após a confirmação da presença do vírus no organismo. A medida amplia a qualidade de vida da pessoa em tratamento e reduz a possibilidade de transmissão do vírus. Dados de estudos internacionais evidenciam que o uso precoce de antirretrovirais diminui em 96% a taxa de transmissão do HIV.

CAMPANHA - Com o slogan "Para viver melhor é preciso saber”, a campanha nacional incentiva o diagnóstico rápido. É composta por vídeos para TV e web e peças gráficas dirigidas, especificamente, a determinadas populações prioritárias, como gays, travestis, gestantes e profissionais do sexo. O objetivo é incentivar o diagnóstico de HIV, como primeiro passo para tratamento e prevenção.

Pela primeira vez, o Ministério da Saúde lança um vídeo interativo, exclusivo para as redes sociais. O tema do filme é ajudar as pessoas a decidirem pela realização do teste. A campanha tem o desafio de desmistificar o teste de aids e incluí-lo na rotina do atendimento de todas as pessoas que têm vida sexual ativa. 

RIO DE JANEIRO - O ministro da Saúde entregou ao Estado do Rio de Janeiro a primeira Unidade de Testagem Móvel (UTM) do país, com capacidade para realizar cerca de 1.700 testes rápidos por mês. Todos os estados da federação receberão unidades móveis para diagnósticos de HIV. O caminhão possibilitará a realização de testagem móvel em locais de difícil acesso e grandes mobilizações populares.

"Este tipo de unidade móvel é muito importante por facilitar a busca dos grupos vulneráveis. Com estes veículos estaremos nos locais onde se encontram as populações prioritárias para oferecer não apenas o diagnóstico, como outras medidas de prevenção”, observou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa. 

TESTE RÁPIDO - Nos últimos anos o Ministério da Saúde tem incentivado o diagnóstico, principalmente pelo uso do teste rápido. Iniciado em larga escala em 2005, com cerca de 500 mil testes distribuídos, o Ministério elevou esse número em mais de 600%, com a distribuição de 3,2 milhões de testes, até outubro deste ano.

Com a mesma confiabilidade do tradicional, o teste rápido exige apenas uma gota de sangue do paciente e fica pronto em cerca de 30 minutos. O exame é 100% nacional desde 2008, produzido pela Biomanguinhos/Fiocruz e pela Universidade Federal do Espírito Santo. 

Atualmente 518 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) no país disponibilizam o teste rápido anti-HIV, além de oferecer aconselhamento sobre prevenção, diagnóstico, tratamento e qualidade de vida. O teste rápido também é oferecido nas maternidades públicas, nos serviços especializados em mais 60% das Unidades Básicas de Saúde (UBS). 

Boletim Epidemiológico - A epidemia de aids no Brasil é considerada como concentrada porque, apesar de uma prevalência do HIV baixa, na população em geral (0,4%), em alguns grupos prioritários — homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, travestis, transexuais, pessoas que usam drogas — ela pode ser maior que 10%. A taxa de detecção tem se apresentado estável, nos últimos anos, em torno de 20 casos de aids a cada cem mil habitantes, o que representa cerca de 39 mil casos novos da doença ao ano. 

O coeficiente de mortalidade por aids vem reduzindo no Brasil nos últimos dez anos. Em 2003 era de 6,4 casos por cada 100 mil habitantes, caindo 5,5 por cem mil habitantes em 2012. Entretanto, esta tendência não é observada nas regiões Norte e Nordeste, que apresentam aumento ao longo deste período. Do total de óbitos por aids no Brasil até o ano passado, 190.215 (71,6%) ocorreram entre homens e 75.371 (28,4%) entre mulheres. 

"A aids continua como um problema de saúde no Brasil. Embora em termos nacionais a epidemia esteja estabilizada, existem diferenças regionais. Diante desta situação, estamos cada vez mais empenhado na adoção de medidas que contribuam para a reverter este quadro”, afirmou o diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita.

Estimativas indicam que atualmente cerca de700 mil pessoas podem estar infectadas com o HIV, sendo que cerca de 150 mil desconhecem esta situação. O não conhecimento da sorologia é hoje um dos desafios a serem enfrentados no combate à doença no país.

Entre as cinco regiões do país nos últimos dez anos observa-se uma diminuição de 18,6% na taxa de detecção na Região Sudeste (de 24,7, em 2003, para 20,1, em 2012) e de 0,3% na Sul (de 31,0 para 30,9). Todas as outras regiões apresentaram aumento, sendo 92,7% na Região Norte, 62,6% na Nordeste, 6,0% na Centro-Oeste. Este cenário sinaliza uma estabilização dos casos de aids no país. O Rio Grande do Sul é o estado que apresenta a maior taxa de detecção, desde 2005. O estado de Santa Catarina ocupou a segunda posição nos últimos dois anos. Em 2012, a taxa de detecção do Rio Grande do Sul foi de 41,4 e de Santa Catarina 33,5 para cada cem mil habitantes.

Entre as capitais brasileiras, Porto Alegre e Florianópolis continuam liderando a classificação por taxa de detecção de casos de aids, ocupando os dois primeiros lugares, desde 2006, com 93,7 e 57 casos de aids a cada cem mil habitantes respectivamente para 2012.


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