Meu Natal inesquecível

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra

Dalva Ventura 
Pedimos a várias pessoas que nos enviassem um depoimento sobre um Natal especial que ficou guardado entre suas melhores lembranças. São lindas e emocionantes memórias que certamente envolverão também nossos leitores.       


Layse Ventura Coutinho, professora aposentada

“Falar de Natal é falar de pai, de mãe, da tia que morava conosco, é falar de cheiros, cores e sabores. É falar também de um tempo mágico, repleto de sonhos, encanto e poesia.
É olhar para trás e sentir novamente as mudanças que iam acontecendo em nossa casa, ainda antes do dia de Natal. Muito movimento, minha mãe e minha tia saindo e voltando várias vezes das compras. E o cheiro dos doces de figo, pêssego, abacaxi, entre outros, impregnando nossos sentidos. Embrulhos e caixas em cima dos guarda-roupas. Idas mais frequentes à igreja para ensaiar as poesias, as dramatizações e as músicas que apresentaríamos no culto de Natal. 
Aí chegava o dia 24. A movimentação aumentava. A casa tinha que estar muito bem arrumada. E agora, aos poucos, aos cheiros dos doces, juntava-se o cheiro das comidas.
À noite, depois do culto na Igreja Metodista, nós, as crianças, tínhamos que dormir cedo, porque o Papai Noel ia passar. Os adultos ficavam acordados, nos últimos preparativos. E eram eles que ornamentavam a grande árvore de Natal, que nos extasiava quando acordávamos de manhã. Vinham as crianças, uma após outra, ainda sonolentas e aí era pura emoção. Todos se abraçavam, desejando Feliz Natal. E nós, crianças, corríamos para abrir nossos presentes. Era tudo encantamento e surpresa.    
Depois do café, todos se aprontavam e íamos para a casa do vovô e da vovó, onde também estavam os tios e primos, para o tradicional abraço de Natal. O almoço era em nossa casa e enquanto os adultos ultimavam os preparativos, nós, as crianças, brincávamos com nossos novos presentes.
Assim era o nosso Natal. Mas houve uma vez em que tudo aconteceu diferente e a tradição foi quebrada, apesar de haver muito movimento em nossa casa. As crianças já não eram crianças e íamos ganhar um irmãozinho ou uma irmãzinha. Naquela véspera de Natal havia um médico em casa e os adultos estavam nervosos, muito nervosos. O que estaria acontecendo? Eu e minha irmã chorávamos pelos cantos. Então, já na madrugada do dia 25 de dezembro de 1950, recebíamos um valioso presente. Não era do Papai Noel e sim do Papai do Céu. Era a nossa irmã Dalvinha que chegava, benção de Deus em nosso lar. E aí começava nossa outra história de Natal”.


Liliane Souzella, jornalista

“O Natal, durante muito tempo, foi sinônimo de festa e alegria. Mas à medida que crescemos e perdemos pessoas que nos são muito caras é impossível não sentir uma certa nostalgia e melancolia nesta data. Foram muitas comemorações inesquecíveis, alegres, marcantes... Mas prefiro os momentos inusitados, engraçados, sempre em família.
Depois de anos e anos trocando presentes já “manjados”, no melhor estilo “o básico sempre agrada”, resolvi inovar e comprei livros para toda a família - três adolescentes na faixa de 14 a 16 anos ganharam clássicos como “Pollyana”, “Peter Pan”, “O menino do dedo verde”. Mãe, irmã, cunhado, também agraciados. Uma festa... de “caras de paisagem”, como costumo dizer. O constrangimento e a tentativa de alguns em disfarçar me deixaram sem saber se ria ou chorava. Mas, anos depois, recebi de uma das “vítimas” uma mensagem de agradecimento, porque finalmente havia acabado de ler o presente e tinha “amado”. Valeu a pena a insistência.
O mesmo grupo que foi alvo de meus “presentes-livros” ficou a ver navios no ano seguinte. Ao chegar na casa de minha irmã para a ceia de Natal, coloquei as sacolas de presentes no teto do carro para descarregar o restante das coisas - rabanadas, tortas e outras guloseimas tradicionais. Subimos e, claro, esqueci todos os presentes. Voltei correndo, cerca de dez minutos depois, mas alguém já tinha se encarregado de tomar posse das sacolas. Preferi pensar como Pollyana e acreditar que, em alguma casa muito humilde, o Natal naquele ano seria bem melhor. Afinal, este é o espírito... Feliz Natal!”


Maria Helena Guinle, professora da Aliança Francesa de Nova Friburgo

“Aos olhos da menina entre 3 e 5 anos, o pinheiro de Natal era enorme e vindo de bosques próximos, guardava por mais tempo seu cheiro. Era enfeitado com bolas de cores reluzentes e com alguns personagens e guloseimas que associávamos aos natais onde neva, onde o Papai Noel chega de trenó e entra pela chaminé. 
O presépio, por sua vez, se aclimatava a nossas temperaturas tropicais, pois era montado sobre terra, com pastagens de capim, um espelho d’água fazendo as vezes de lago, e uma grama em forma de palmeira dando um ar de oásis.
Assim, em um canto da sala despontava o bosque escandinavo onde Papai Noel colocaria os presentes. E sobre uma mesa, do outro lado, surgia a paisagem meio árida de Bethlem, onde nasceu o Menino Jesus.
Esses dois cenários conviviam muito bem e ficavam expostos à família e eventuais visitas até o dia de Reis, quando tudo seria desmontado impreterivelmente.
Dia 6 de janeiro então, pinheiro, capim, grama, água, voltavam à natureza, e enfeites, figuras de presépio retomavam a seus lugares envoltos em papel de seda, em grandes caixas. Tudo retornava aos seus nichos até o ano seguinte, quando despontariam novamente, para o deleite de meus pais e irmãos.” 


Silvia Deslandes, psicóloga

"Eu sempre adorei festejar o Natal. É uma data que significa para mim a celebração da vida e me remete às mais bonitas lembranças da infância. Preparo com muito amor esta noite, que passo entre familiares e pessoas queridas. Mas o Natal de 2007 foi, para mim, especialmente inesquecível. O Natal em que tivemos entre nós, pela primeira vez, nossa amada Bruninha, que veio para arrebatar completamente meu coração de vó coruja".


Francisco Figueiredo, presidente do Grupo de Arte, Movimento e Ação (Gama)

“Gosto muito do Natal, desde pequeno. Nós nos reuníamos-nos no bar do meu avô, seu Leão, na Rua General Osório, recebíamos as Folias de Reis e eu morria de medo dos palhaços. Vinham todos os meus tios e primos de fora e era uma grande festa. Mas o Natal do ano passado foi muito especial para mim. Pela primeira vez recebi minha família e alguns amigos e foi uma bela festa, com a casa toda decorada. Este ano mais uma vez vou fazer o Natal em casa, desta vez com a família completa e certamente cercado de bons amigos. Não me lembro de passar um único Natal ruim... É tradição na minha família e todos sempre estão bastante animados. Feliz Natal para todos os friburguenses!” 


Luhê de Carvalho, decoradora

“O Natal em nossa família - eu e minhas quatro filhas – sempre foi muito animado. Depois da ceia e da troca de presentes, colocamos músicas dançantes, os amigos já sabem e acabam indo para lá também. Em 2009 convidamos um deles para a nossa ceia e ele sugeriu que no dia 25 a gente fosse jantar com a vista esplendorosa da árvore da Lagoa, comemorando os  aniversários das minhas filhas menores, Vitória e Beatriz. Este amigo acabou se tornando meu marido e nos anos seguintes o programa tornou-se um ritual natalino. O Natal de 2009 foi inesquecível, porque além do passeio, nossa família aumentou e ficou ainda mais animada!


Fernando Bonan, locutor esportivo 

“O Natal é sempre uma data especial em nossas vidas. Todos eles são marcantes, não só pela crença em Deus, nas reflexões, na renovação espiritual através das orações, e por que não, nos presentes divinos que ganhamos. Tenho ótimas lembranças dos natais em que meu pai ainda era vivo e ajudava mamãe a preparar a ceia da família. O Natal mais importante de minha, porém, foi o do ano passado, já que eu e Flávia estávamos comemorando o primeiro de muitos Natais que virão, ao lado do anjinho que papai do céu nos enviou, o nosso Lucas. Somos muito felizes e gratos ao nosso criador pela benção recebida e tão desejada. Um Feliz Natal a todos e que Deus abençoe a todos os lares”.


Bruno Pedretti, jornalista

“Relembrar todos os Natais de minha vida certamente seria bem difícil. No entanto, independentemente de fases mais difíceis ou mais fartas, o Natal sempre foi referência como aquele dia em que toda a família se reúne para ficarmos juntos. Não só fisicamente, mas também compartilhando de um afeto especial e verdadeiro.
Como minha família é grande, nem sempre temos condições de dar presentes legais uns aos outros. Então, para facilitar a vida de todos, realizamos um amigo secreto e nos dedicamos a escolher algo que tenha mais a ver com o sorteado. Lembro especialmente de um Natal em que vovô me tirou no amigo secreto e me presenteou com um carrinho de controle remoto que era o meu sonho de consumo na época. Fiquei muito feliz com aquele presente, porém, muito mais feliz de saber que foi dado pelo meu avô, porque ele fez questão de dizer na frente de todos o quanto eu era especial para ele e para toda a família. Esse dia reforçou em mim sentimentos que cultivo, de ternura, de valorização da minha família, do quanto é bom se sentir amado e amar as pessoas que nos veem crescer em todos os sentidos”.


Noberto Rocha, médico 

“O espírito do Natal atravessa oceanos e continentes. Na nossa família sempre festejamos o Natal com muita alegria. Mas um dos natais que muito nos alegrou foi o do ano passado, quando pudemos receber em nossa casa minhas duas netas nascidas na Noruega,minha filha Flávia e meu genro Trond, que moram naquele país”.


Antônio Baptista, presidente do Nova Friburgo Country Club

“Graças a Deus todos os meus natais são inesquecíveis, em razão das presenças de minha esposa, de meus três filhos com os respectivos cônjuges e meus seis netos. Inesquecíveis, inclusive, pela montagem com eles do presépio do menino Jesus. Este ritual é tão importante para mim que faço questão de anotar os comentários deles a cada ano.
Nossos natais são inesquecíveis pela alegria de todos em face dos presentes trocados. Entretanto, há um Natal que nunca esqueci. Tinha eu uns sete ou oito anos de idade - estou hoje com 75 - meu pai e minha mãe, ele um servente de pedreiro no início da vida, empresário e construtor no final; ela, uma educadora formada na universidade da vida, a quem, a ambos, tudo devo. Eles me deram de Natal um pequeno caminhão de madeira, com um saquinho de balas na diminuta caçamba. Fecho os olhos e até hoje me vejo no chão da casa em que morávamos, no modesto bairro de Olaria, no Rio de Janeiro, me divertindo enormemente ao rodar o brinquedinho. Não me lembro de quanto tempo ele durou, tal sua fragilidade. Nem sempre fixamos em nossa memória as coisas grandes e pomposas”. 


Sônia Mathilde e Rudah Coutinho Amaral, estudantes

“Apresentações musicais, troféus para os melhores do ano, representações de histórias natalinas. O que parece um festival cultural é, na verdade, o melhor Natal que pode existir. Dois avós, seis filhas, quinze netos – eu sou uma delas - dois bisnetos, parentes, amigos e agregados são os ingredientes para os Natais inesquecíveis na casa do vovô Gildásio e da vovó Layse. Assim mesmo: no plural. Porque é impossível falar de um só.
Selecionar um entre tantos parece diminuir os outros. Para se ter uma ideia da grandiosidade desse evento, a data chega a ser mais importante do que nossos próprios aniversários. A troca de presentes é apenas um detalhe, visto que o Natal é a tentativa de nos desvencilharmos do consumismo e nos apegarmos ao sentido de comunhão. Nas origens da nossa festa, São Nicolau nos inspira a sermos mais solidários com o próximo, o que extrapola os limites do núcleo familiar e nos conecta verdadeiramente com o espírito natalino”. 

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