Ocupado por estudantes desde o último dia 18 de abril, o Colégio Estadual Jamil El-Jaick (Ceje) entrou em recesso na segunda-feira, 2. É o que informa a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc), que decidiu antecipar as férias escolares para o dia 2 de maio nos colégios da rede pública ocupados por estudantes.
Nas outras unidades, o recesso ocorrerá no período de 1º a 27 de agosto, seguindo o calendário escolar. Alguns professores da rede estadual, no entanto, continuam em greve há mais de dois meses e alunos não sabem quando as aulas serão repostas.
Apesar do anúncio da antecipação de férias, o Ceje permanece ocupado por um grupo de alunos em busca de melhorias para a educação pública. A unidade foi a primeira da região Centro-Norte do estado a ser ocupada, a exemplo da capital e outros municípios do interior. “A escola só não está mais cheia porque não estão liberando o Riocard para os alunos. Essas férias escolares também são absurdas e uma tentativa de esvaziar o nosso movimento”, disse uma das alunas ouvidas pela reportagem de A VOZ DA SERRA na manhã de quarta-feira, 4.
Para o assessor do Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (Sepe), Rodrigo Inácio, o recesso implantado neste mês de maio indica que o estado não quer negociar com os estudantes e professores. “É uma medida que não irá abrir um canal de negociação, mas empurrar para frente uma situação que se arrasta há muito tempo. Em recente inspeção feita na escola, os alunos encontraram pilhas de livros didáticos lacrados, carteiras amontoadas e ainda embaladas, além de vestiários fechados. Isso demonstra a falência do modelo de educação que o estado desenvolve”, disse ele.
Aulas serão repostas em agosto
Segundo a Secretaria de Educação do estado, as 67 unidades ocupadas deixam de receber, neste mês de maio, verba de merenda e manutenção e o cartão de estudante que dá direito a passagens gratuitas nos ônibus vai ser suspenso. Além do anúncio das férias antecipadas, a secretaria divulgou que cedeu em algumas demandas dos ocupantes como a escolha direta para diretor.
Em nota encaminhada à redação do jornal, a secretaria se comprometeu a adotar algumas medidas caso as escolas sejam liberadas. Entre as mudanças está a garantia de maior participação dos estudantes nas decisões escolares, com a organização de grêmios e o fortalecimento dos conselhos escolares.
Ainda de acordo com a secretaria, as aulas nos colégios ocupados vão ser repostas nos meses de agosto de 2016 e janeiro de 2017, além dos sábados do segundo semestre deste ano.
A secretaria informou também que busca novos espaços para montar escolas provisórias para alunos contrários às ocupações. Outra medida adotada para esses estudantes é a transferência para escolas estaduais não ocupadas.
Deixe o seu comentário