Mesmo com mais de 50% do território formados por florestas, desmatamento assusta

“Dois vetores aumentam o índice: o crescimento da ocupação urbana e a agricultura”, diz Rafael Cariello, engenheiro florestal da Secretaria de Meio Ambiente
quarta-feira, 05 de junho de 2019
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
Mesmo com mais de 50% do território formados por florestas, desmatamento assusta

Numa cidade que conta com mais de 50% de seu território formados por florestas, a  preservação ambiental e o combate ao desmatamento está (ou deveria estar) sempre em pauta. Cercada por um cinturão verde, Nova Friburgo conta com duas grandes unidades de conservação estaduais: o Parque Estadual dos Três Picos e a Área de Proteção Ambiental (APA) de Macaé de Cima, além de quatro APA’s municipais: Rio Bonito de Lumiar, Pico do Caledônia, Macaé de Cima e Três Picos.

Mas essa forte ligação com a natureza não significa que a cidade preserve o meio ambiente da maneira que deveria. Segundo levantamento feito no ano passado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Nova Friburgo era a 9ª cidade do estado mais atingida por desmatamentos, perdendo apenas para a capital (líder do ranking), Paraty, Campos, Cachoeiras de Macacu, Silva Jardim, Rio Claro, Rio Bonito e Mendes.  

Ocupação urbana e agricultura impulsionam o desmatamento

“São dois os principais vetores que pressionam as florestas e aumentam os índices de desmatamento em Nova Friburgo: o crescimento da ocupação urbana e a agricultura”, afirmou Rafael Cariello, engenheiro florestal da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A perda de vegetação causa uma série de implicações ao meio ambiente, como a perda ou limitação das principais funções ambientais das florestas, como conter a água da chuva, as encostas, proteger os corpos hídricos e filtrar o ar que respiramos.

“O desmatamento causa graves problemas como enchentes, assoreamento dos rios e áreas com deslizamento. Isso sem contar os prejuízos para a fauna, já que o desmatamento destrói corredores ecológicos, que tem a função importantíssima de manter a fauna silvestre habitando nesses lugares. Também pode haver perda da diversidade da flora, enfim, são inúmeras as consequências negativas do desmatamento”, alertou Rafael Cariello.

Enquanto uns desmatam, outros preservam

Apesar do crescente número de desmatamentos, Nova Friburgo registra números interessantes, que vão na contramão desta realidade. Segundo dados do Mapa Bioma e da ONG S.O.S. Mata Atlântica, Nova Friburgo teve um aumento de vegetação nos últimos anos.

E isso não se deve apenas às ações em prol da preservação da natureza, mas também devido as condições topográficas e de localização do município, que tem um enorme poder de regeneração natural, que é a volta da floresta de forma espontânea muito acentuada após agressões sofridas, como as queimadas.

Nova Friburgo também é uma das primeiras colocadas no ranking nacional de cidades com o maior número de áreas de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPNs). Segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente (Inea), o município tem cerca de um terço de todas as RPPNs do estado, contabilizando um total de 21 territórios protegidos por lei.

 

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