Célio Junger Vidaurre
Nesse julgamento dos 38 réus do mensalão começado nesta semana, veremos o grau da evolução política que se adotará a partir de agora no Brasil. Os fatos que comporão essa parte da história do País e de seu povo serão mostrados no triste episódio deste mensalão que o Supremo Tribunal Federal-STF tem total responsabilidade para não decepcionar toda a nossa gente. Houve gigantesco acerto financeiro, partidário e empresarial em que as elites que governaram o país no primeiro mandato de Lula, ilegitimamente, para manter parlamentares acoplados ao Palácio do Planalto como autênticos mercenários.
No entre e sai das agências bancárias para receber dinheiro vivo viu-se de tudo: os mais audaciosos assinando recibos ou pedindo as próprias mulheres para fazê-lo; os descontrolados de nervos que inventavam despesas falsas de consultorias e agências de propaganda; outros sem as iniciativas corajosas, simplesmente, contavam com os serviços articulados pelo próprio esquema petista de então. A situação chegou a tal ponto que o ex-deputado Roberto Jefferson resolveu desmantelar tudo. Brasília foi tomada por uma denúncia alarmante do parlamentar fluminense que descreveu toda a farsa, usando os seus “nervos de aço”, mesmo sabendo que seu mandato estava prestes a ser cassado, como de fato foi.
O início foi com a divulgação de um vídeo em que o diretor dos Correios, Mauricio Marinho, embolsava um pacote de cédulas como propina. O cara era ligado ao presidente do PTB que, para não ficar mal na jogada que seu subordinado articulou, botou a “boca no trombone” sobre o que sabia dos crimes de repasses de verbas a parlamentares que estão há 7 anos pensando o que argumentarão perante os Ministros do Supremo Tribunal Federal.
O alvo principal do julgamento, José Dirceu, terá seu destino amarrado aos demais mensaleiros, ao futuro dos petistas nesse próximo pleito eleitoral e, lógico, ficará na imagem de Lula daqui por diante. O que está mais do que provado é que, realmente, José Dirceu, era o “chefe da quadrilha” deste nefasto mensalão que tem marcado uma fase negra na política do Brasil.
Outros como José Genoino, Delúbio Soares e o marqueteiro Duda Mendonça que confessou ao vivo e a cores pela televisão que recebeu 10.5 milhões de reais do PT, via caixa 2, no exterior, confessando, assim, crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Esse trio e mais Dirceu, claro, os Ministros do Supremo Tribunal Federal já devem ter os seus veredictos na cabeça, pois, caso não sejam penalizados exemplarmente, não tenham dúvidas, será uma decepção geral.
Por fim, será que Marcos Valério entregará Lula? Jefferson ou seu advogado farão o mesmo? Genoino ficou ou não com os dólares que estavam na cueca do assessor que seu irmão cearense enviou? Será o fim do pesadelo de sentimento de impunidade que domina todas as classes sociais, acostumadas a ver vergonhosamente protegidos os mais poderosos? A verdade é que o jogo está chegando ao fim e esta página negra de nossa história pode nos envergonhar de vez ou, então, vamos nos orgulhar com a decisão que o STF tenha a nos mostrar. Segundo o ex-procurador Antonio Fernando de Souza: “Muitas coisas eram provas, não apenas indícios, corroboradas depois por laudos”.
Acontece que o poder acabou, mas, a grana ficou!
Célio Junger Vidaurre é advogado e cronista político e-mail: celiovidaurre@yahoo.com.br
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