Henrique Amorim
O movimento multicultural de Nova Friburgo Grupo de Arte, Movimento e Ação (Gama) e parceiros inauguraram nesta sexta-feira, 3, no Largo Messias de Moraes Teixeira, no Suspiro, o Memorial 12 de Janeiro, um tributo à memória das 426 vidas perdidas da tragédia de 2011 e símbolo da garra da população na busca pelo resgate da autoestima e luta em prol da volta por cima do município. O monumento tem 11 metros de comprimento e 40 toneladas de concreto.
A criação, com estruturas em ferro que estilizam um friburguense anônimo libertando uma fênix ao universo, é do artista plástico e diretor de artes visuais do Gama, João Baptista Felga de Moraes. Ele fez agradecimentos especiais aos irmãos Joilson, Joel e Jairo Wermelinger, das empresas Gemini, Pedrinco e Wermar, que custearam a obra, ao prefeito Sérgio Xavier e aos secretários Geral de Governo e de Turismo, André Guedes e Bianca Tempone, que foram sensíveis e acreditaram na iniciativa.
Já o fundador do Gama e idealizador do memorial, Jaburu, destacou a capacidade de “reconhecer para aprender, admirar e agradecer para poder melhorar sempre”. As emoções da solenidade ficaram por conta das homenagens solitárias aos mortos da tragédia prestadas pelos familiares enlutados que depositaram rosas vermelhas junto à placa, com a relação oficial dos falecidos durante a catástrofe.
Os pais de Gustavo Correia Charret, 26 anos, que morreu soterrado na farmácia do Hospital São Lucas, Maria Fânia Charret e Santos Gilberto Correia, eram alguns dos que se emocionaram no evento. “O tempo passa e a saudade só aumenta. Esse monumento é um símbolo da lembrança de todos nós que perdemos nossos entes queridos, mas tomara que ele sirva também para alertar as autoridades para a necessidade de fazer algo para melhorar a cidade”, disse Maria Fânia.
Muitos presentes à solenidade, que reuniu autoridades civis e militares, políticos e membros da sociedade, também se emocionaram com a apresentação especial da banda sinfônica Euterpe Friburguense, que entoou, além dos hinos Nacional e de Nova Friburgo, o toque de silêncio, em reverência aos mortos na tragédia, e a “Ave Maria”. O ator e membro do Gama, Rodrigo Guadagnini, recorreu ao escritor Fernando Pessoa para expressar seu sentimento pelo significado do Memorial 12 de Janeiro: “A morte pode surgir como uma nova etapa. Sou do tamanho do que vejo, e não do tamanho da minha altura”.
O presidente do Gama, Chico Figueiredo, atraiu a curiosidade dos presentes com a leitura de dois e-mails publicados na seção “Leitores On-Line”, de A VOZ DA SERRA, um criticando e outro elogiando o empreendimento. E lembrou: “A vida é uma democracia e uma arte. Arte de nascer, de viver e até de morrer. Muitas vezes aprendemos mais pela dor que pelo amor. Esse memorial retrata todos aqueles que deram um pouco de si por Nova Friburgo. Alguns até a própria vida, outros seu trabalho”, disse, homenageando o prefeito Sérgio Xavier com o título de “Pleno Cidadão Friburguense”, ofertado pelo Gama.
Prefeito convoca a população a se unir em defesa de Nova Friburgo
Utilizando a camisa do Gama com o símbolo do memorial, o prefeito Sérgio Xavier elogiou os irmãos Wermelinger por acreditarem no projeto e devolverem à população friburguense um pouco de tudo aquilo que obtiveram com o êxito dos seus empreendimentos no município. “A partir desse exemplo, tomara que surjam mais parcerias da iniciativa privada com a Prefeitura. Hoje é um dia de lembranças e emoções sim, porque as cicatrizes ainda estão à flor da pele. Nós, sobreviventes desse triste episódio, devemos demonstrar a nossa fé. Somos guerreiros e juntos vamos reerguer nossa cidade”, enfatizou.
O prefeito destacou ainda que ao mesmo que o memorial representa a saudade, figura como um marco do amor de todos por Nova Friburgo. Seu discurso precedeu a solenidade de descerramento das placas inaugurais do monumento.
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