Comunicação visual:item fundamental
Passo sempre pela Estrada Friburgo-Teresópolis quando vou ao Rio. Gosto mais do que da Ponte Rio-Niterói, sempre muito cheia de veículos em alta velocidade. Meu carro já corre muito, me assusta, dá até 80km por hora. É muito, né ? Mas, olhem só a foto que fiz na estrada passando por Teresópolis, em dia chuvoso, comum nesta época do ano: se falo de sinalização urbana eficiente para o Rio (e para o Brasil todo), com ou sem Olimpíadas, devo lembrar que, além da orientação visual, comum para quem dirige, serve também para evitar tragédias, como a que aconteceu noutro dia, nesta mesma estrada, em Teresópolis. Caíram pedras e terra sobre a estrada, soterrando e matando os passageiros de um carro. Em nenhum trecho da rodovia há qualquer sinalização de advertência para tal perigo: atenção para possíveis quedas de barreiras...
JOÃO CARLOS MOURA
Um item fundamental em todas as Olimpíadas é a programação visual. Lembro-me bem de Munich em 72, por sua alta qualidade. Foi criada e dirigida por Otl Aicher, um dos maiores designers gráficos de todos os tempos. Foi um show de grafismo e riqueza visual que mostrou a eficiência na comunicação interna e externa, como, por exemplo, símbolos e grifos na indicação para os esportes praticados, trânsito, orientação e locomoção para os participantes, tanto para atletas como para visitantes etc. Os cartazes para cada esporte ficaram depois como obras de arte para colecionadores, criados com efeitos fotográficos (posterização, trittons...) e estavam em sintonia com o que também fazia Andy Warhol . Na vanguarda àquela época, Warhol fazia efeitos nas fotos prontas ou que ele mesmo produzia, que eram depois impressas em serigrafia. Recentemente uma dessas serigrafias foi vendida por $ 43 milhões. Repito: uma serigrafia em papel de A. Warhol vendida por $ 43 milhões!
É bom que se diga agora, como crítica construtiva, que o símbolo do Rio mostrado para as Olimpíadas de 2016 é muito confuso na mistura entre letras, sinais e cores. A cidade do Rio terá que ser repaginada graficamente, desde as placas de trânsito até a indicação de pontos turísticos, paradas de ônibus etc. O Rio (e o Brasil) não podem ficar para trás nisso, pois uma boa comunicação visual deve ser entendida universalmente e ajuda a fixar a boa (ou má) imagem de qualquer evento. Temos excelentes designers e arquitetos que podem mostrar o que o Brasil tem de melhor – também nisso. Por que não se faz agora um concurso nacional do novo símbolo e a programação visual, para que as Olimpíadas sejam exemplo da cultura visual de nosso povo para o mundo? A Olimpíada não é só do Rio, é do Brasil, no Rio!
Melancolia Crônica
Thereza Freire Vieira (*)
Melancolia crônica é doença, deve ser determinada a causa e tratada.
Vários motivos podem desencadear uma crise de tristeza e, na maioria das vezes, uma conversa com os familiares pode orientar na determinação da causa.
Tristeza não é consequência da velhice. O idoso que apresenta um quadro persistente de apatia em relação à vida está doente. Ele pode estar com distimia ou depressão, doenças que têm cura.
Com a perda de autoridade para se impor diante de seus familiares, o idoso vai ficando deprimido e vai deixando de participar na decisão da família, no convívio com os seus elementos, vai se afastando e se fechando em si mesmo. Esses casos podem ser resolvidos apenas com a ajuda de um profissional da saúde.
Tristeza nada tem a ver com a velhice em si. O idoso que apresenta um quadro de apatia persistente em relação à vida está doente, talvez por carência afetiva.
Distimia é uma tristeza prolongada. Os sintomas são semelhantes aos de depressão: o paciente está sempre melancólico, sem interesse por nada, não tem prazer em comer, passear ou divertir-se. As atividades rotineiras passam a ser um estorvo.
Perda ou excesso de sono, mudança na alimentação, redução da capacidade de raciocinar e ideias suicidas são situações recorrentes. Se surgem ideias de suicídio é bom manter uma observação constante e orientação médica permanente, realmente os familiares devem ficar preocupados.
De um modo geral os deprimidos o que realmente desejam é chamar a atenção sobre si mesmo e na maioria das vezes preferem ficar a um canto dizendo a si mesmo e aos que se aproximam que é infeliz, que não tem direito a nada na vida, que tudo tem sido cruel para ele.
A melancolia aguda só é aceitável quando da perda de uma pessoa querida, ou quando surge um problema realmente grave, mas tornando-se crônica está na hora dos familiares tentarem arrastá-lo para atividades que possam trazê-Io de volta para a vida, se não for possível procurar um psiquiatra, psicanalista ou psicólogo.
(*) • Médica Geriatra e escritora, colaboradora de jornais e revistas do país.
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