Matérias 28 de fevereiro

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Bactérias que habitam a flora intestinal são essenciais para o bom funcionamento do órgão

Ronnie Rogers Fialho

No intestino grosso e no delgado do ser humano há mais bactérias do que células. Muitas destas bactérias são responsáveis pelo metabolismo dos alimentos, pela produção de vitaminas e pela absorção de muitas outras coisas. Elas são responsáveis pelo bom funcionamento do organismo humano. Na criança, antes de nascer, o tubo digestivo é estéril e logo após o nascimento é contaminado por bactérias do ambiente, que entram pela boca e nariz. A partir da primeira semana de vida a flora intestinal já se torna praticamente estável e representativa para toda a vida. Ela varia de acordo com as condições do nascimento, do tipo de alimentação e também pelo uso de antibióticos.

A composição da flora intestinal é de micro-organismos benéficos, patológicos e neutros. As bactérias que habitam os intestinos são organismos unicelulares, que funcionam quase como um órgão metabolizador, desta maneira tem a capacidade de influir no bem-estar do corpo e na saúde do ser humano. Há de se ressaltar que a grande parte do bolo fecal é composta por bactérias, mas é recomendado ingerir oito copos de água por dia para facilitar a formação do bolo.

As bactérias que vivem no intestino grosso, chamadas de bifidobactérias, são semelhantes aos lactobacilos e crescem a uma temperatura de aproximadamente 37 graus centígrados e num ph entre 6,5 a 7. Elas fermentam os açúcares, entre eles os carboidratos, para formar o ácido lático e acético. Esses micro-organismos são benéficos para a saúde e capazes de absorver a lactose. As bifidobactérias produzem as vitaminas B1, B2, B6, B12, ácido nicotínico, ácido fólico e biotina.

Segundo o médico ortomolecular de Nova Friburgo, José Augusto da Silva, a flora intestinal é importantíssima para o ser humano. “Muitas bactérias que estão no nosso intestino são responsáveis pela metabolização de muita coisa que nós comemos, pela produção de vitaminas e pela absorção de inúmeras outras substâncias”, declarou.

Ainda de acordo com o médico, se a pessoa tem uma flora intestinal normal, bem equilibrada, tem uma saúde boa, mas isso é difícil hoje em dia, porque se come muito mal. “Os alimentos que comemos hoje, que estão nas prateleiras, estão intoxicando nosso organismo e mudando a nossa flora. A pessoa que começa a tomar muito antibiótico de forma indiscriminada e anti-inflamatórios está alterando a flora, e as mulheres que usam anticoncepcional por muitos anos também têm a flora modificada. Então, se a flora está alterada, a permeabilidade do intestino vai também ser alterada, porque o intestino tem que funcionar bem. A nossa saúde está no intestino”, explicou.

É bom salientar que existem dois tipos de flora intestinal, sendo uma permanente e outra transitória. A permanente é aderida às células da mucosa do intestino e composta de micro-organismos estáveis, que se multiplicam com rapidez e estão bem adaptados ao organismo. Já a transitória não se fixa na mucosa. É proveniente da parte superior do trato digestivo e varia conforme a alimentação e o meio ambiente.

O intestino delgado é responsável tanto pela absorção quanto pela digestão dos nutrientes alimentares e também funciona como uma barreira contra macromoléculas e toxinas. Isso porque qualquer anormalidade na barreira intestinal pode acarretar a passagem de macromoléculas e de bactérias patogênicas, que levam a uma sobrecarga no sistema imunológico de algumas pessoas. Vários estudos já relacionam o aumento da permeabilidade intestinal com certas doenças, como inflamação das articulações, atopias (conjunto de infecções), asma, urticária, artrite reumatoide e muitas outras.

Com o envelhecimento do ser humano há também o envelhecimento das paredes intestinais, que se tornam mais finas e, assim, a propulsão do alimento diminui, acarretando prisões de ventre. Estudos em ratos velhos demonstraram uma menor capacidade de prevenir a absorção da mucosa intestinal de macromoléculas. Com isso, a barreira intestinal fica prejudicada e é mais fácil haver absorção de substâncias tóxicas do ambiente. Há também algumas propriedades, como a capacidade de aderência das bifidobactérias na mucosa intestinal, que se modificam. Geralmente o número de bifidobactérias diminui, ocasionando o aumento das bactérias putrefativas. O processo desencadeia a produção de ácido clorídrido no estômago, aumentando o aparecimento de infecções intestinais.

Sonambulismo em estudo

Mario de Moraes

Muita gente crê que o sonambulismo é apenas um mal sem maiores consequências, que atinge algumas pessoas, mas não é perigoso. Talvez sim, na maior parte das vezes, mas existem alguns que sofrem desse fenômeno do sono e podem causar sérios problemas. O sonâmbulo, em geral, é vítima de comportamentos complexos automáticos. Enquanto está dormindo, ele pode tomar uma série de atitudes, como andar sem destino por toda a casa; modificar o lugar da mobília, mudar a localização de alguns objetos; alimentar-se de forma inapropriada; urinar em qualquer lugar da casa; sair dormindo de sua residência e, por vezes, até dirigir um veículo. O curioso é que o sonâmbulo tem os olhos fixos e bem abertos e não raramente balbucia algumas palavras.

Geralmente, no entanto, é quase impossível manter comunicação com um sonâmbulo. Há casos mais graves de sonambulismo, como comportamento agressivo e manejo de armas. Livros especializados em sonambulismo revelam fatos de sonâmbulos homicidas. O sonâmbulo passa a viver o fenômeno em geral 15 minutos a 2 horas depois do início do sono, embora nos adultos ele possa acontecer a qualquer momento. A duração do sonambulismo varia bastante.

Esse fenômeno do sono caracteriza-se por gritos intensos e aterrorizados e ativação proeminente do sistema nervoso autônomo (taquicardia, taquipneia, diaforese e midríase). Essas atitudes geralmente começam no início do sono, embora tenham sido registradas em vários períodos nos adultos. Não raramente as pessoas afetadas pelo sonambulismo podem sentar-se subitamente na cama, gritar e até machucar-se devido a gestos frenéticos. As crianças afetadas por sonambulismo geralmente têm amnésia completa do que aconteceu. Os adultos, por vezes, lembram-se dos episódios comportamentais e também de ideias oníricas que em geral envolvem sensações ameaçadoras de perigo iminente.

A diferença entre terrores do sono e sonambulismo agitado nos adultos é de difícil distinção porque os gritos aterrorizados podem ser entremeados por exclamações zangadas de uma pessoa que esteja alternativamente buscando segurança e lutando contra um ataque percebido durante um episódio de parassonia. Há um caso bem interessante de um homem norte-americano que, em estado de sonambulismo, pegou seu carro e o dirigiu até a residência do pai.

Depois do inusitado feito, ele contou: “Estou sempre correndo em volta da casa, procurando algo, pegando facas, verificando pessoas, balançando tacos de golfe... Sempre costumava atirar longe meu colchão e bloquear a entrada da porta do quarto: estava sonhando que alguém estava vindo atrás de mim... Tomava dois ou três banhos por noite... Minha mulher me via passando sobre ela, quero dizer, eu quase voava por sobre ela... Já tentei me amarrar à minha mulher com uma corda por algumas semanas para não saltar da cama”.

Segundo abalizados pesquisadores, o sonambulismo afeta cerca de 17% das crianças (dos 4 aos 8 anos) e 4% a 10% dos adultos. Ficou comprovada uma base genética para o sonambulismo e os terrores do sono. O sonambulismo sem traumatismos ocorre com igual frequência em ambos os sexos, mas o que envolve traumatismo é mais comum nos homens. Despertar confuso é um tipo de transtorno que representa uma manifestação parcial do sonambulismo e dos terrores do sono.

Este que vos escreve teve um irmão mais velho, infelizmente já falecido, que era sonâmbulo. Ele levantava-se durante a noite, ia até a sala, abria a janela e ficava durante algum tempo sentado em seu parapeito. Depois voltava para a cama e, no dia seguinte, não se lembrava do que acontecera. Nós nunca o acordávamos do inusitado sono porque havia a crença de que, se o fizéssemos, ele morreria.

Os episódios de sonambulismo e os terrores noturnos acontecem de repente durante o despertar do sono não-REM nas fases 3 e 4 (Rem designa a etapa do sono em que se verificam ondas cerebrais rápidas e de baixa voltagem, registrando-se irregularidade das funções autônomas, como frequência de batimentos cardíacos; nesta etapa ocorrem sonhos e movimentos oculares rápidos). Um eletroencefalograma pós-despertar pode mostrar a persistência de sono, a mistura de sono e vigília ou a vigília completa.

O sonambulismo e os terrores do sono podem ser distúrbios médicos gerais, psiquiátricos e neurológicos, como apneia do sono obstrutiva, movimentos periódicos das extremidades, crises noturnas, doença febril e uso ou abuso de álcool. Existem outros fatores para a existência do sonambulismo, como privação do sono, gravidez, menstruação e medicamentos específicos, incluindo psicotrópicos (carbonato de lítio e agentes com efeitos anticolinérgicos). Estudos efetuados por especialistas em adultos indicam que a maioria dos casos não é relacionada casualmente a um distúrbio psiquiátrico, embora o estresse possa contribuir para o resultado.

Nas crianças geralmente o sonambulismo e os terrores do sono não precisam ser tratados, a não ser pela identificação e minimização dos fatores de risco. Existem casos, no entanto, que envolvem traumatismos relacionados ao sono (geralmente em adultos) em que se faz necessário o uso de medicamentos, que por vezes pode até salvar a vida do sonâmbulo.

O tratamento noturno por longo tempo com benzodiazepínico comprovou ser seguro e eficaz em adultos que sofrem de sonambulismo. A incidência de efeitos colaterais são baixos. A utilização de técnicas de auto-hipnose pode ser eficaz em casos menos graves nos adultos e nas crianças.

A substância clonazepan (tomada na hora de dormir e com acompanhamento médico) costuma ser bastante eficaz no controle dos componentes comportamental e do distúrbio dos sonhos no distúrbio de comportamento do sono REM. A eficácia a longo prazo e a segurança deste esquema já foram comprovadas. Além disso, sempre se deve incentivar a maximização da segurança do ambiente do sono.

A síndrome da alimentação noturna foi apresentada em 1955 pela primeira vez, mas os especialistas no assunto deram-lhe pouca importância. Mas no início da década de 1990, quando foram estudados a fundo 19 casos de transtornos alimentares relacionados ao sono e atualizados outros 38 casos que foram publicados em órgãos especializados, o fenômeno passou a ser estudado amplamente.

Uma curiosidade: dois terços dos enfermos com transtornos alimentares noturnos relacionados ao sono são do sexo feminino.

Com unhas e dentes

por Louise Araujo / PopTevê

Nome, visual, comportamento. Nada será muito convencional em Dog, personagem que marcará o retorno de Miguel Thiré às novelas, depois de um hiato de dois anos. Em “Poder Paralelo”, próxima trama da Record assinada por Lauro César Muniz, o ator será um fotógrafo “bon vivant” e mulherengo, batizado oficialmente como Douglas mas que atende mais comumente pelo apelido. “Ele é um apaixonado pela liberdade. É aquele sujeito que a gente pode definir a partir do poema do Vinicius de Moraes: ‘Que seja infinito enquanto dure’”, compara, mencionando o famoso “Soneto de Fidelidade” escrito há exatos 70 anos.

A principal “vítima” da máxima será Luisa, vivida por Fernanda Nobre. Ex-namorados, os dois se reencontram depois de mais de um ano afastados – ele, retornando de uma viagem à África; ela, prestes a se casar com o “certinho” André, interpretado por André Bankoff. “Ele volta determinado a reconquistá-la, diz que ela não pode casar com outro. Isso causa um turbilhão dentro da cabeça da Luisa”, adianta o ator. De família tradicional, a jovem tem um perfil bastante conservador, o que não impede que seja arrebatada pelo jeito livre do fotógrafo, mesmo depois de um bom tempo separados. “Ela se apaixona porque ele simboliza uma liberdade que ela não conhece. E fica encantada por essa alegria de viver que ele tem”, acredita.

Apesar do amor entre os dois ser recíproco, Dog estará bem longe de ser um típico amante de folhetim. “Ele tem uma visão do amor diferente, não é um mocinho romântico. Enquanto ele está com a Luisa, o Dog a ama de maneira visceral. Mas se a fotografia o “chama”, ele mete o pé na estrada”, enfatiza o ator. Para Miguel, essa característica pode, sim, funcionar a favor do personagem e conquistar a simpatia do público – mesmo com a tradição de amores incondicionais que rege as novelas há tantos anos. “Acho que, cada vez mais, o mundo vem reparando o quanto as pessoas são ambíguas. Ninguém é uma coisa só. Nesse caso, não é um envolvimento que para o mundo: é um amor que para tudo enquanto está acontecendo”, defende.

Mas não é só por conta de seu espírito aventureiro que Dog vai sumir na poeira de estrada de vez em quando. Miguel explica que está no grupo de cinco personagens da trama de Lauro César que estarão envolvidos em uma aura de mistério. Como “Poder Paralelo” trata de grandes organizações criminosas – como a máfia, por exemplo –, esses papéis terão como característica uma vida cheia de segredos. “Não se sabe de onde o Dog vem nem para onde está indo. Só dá para saber que ele entra na história, mexe com as pessoas e desaparece. Ele diz que tem de fazer uma viagem e some por um tempo”, resume o ator, que jura estar entrando no trabalho sabendo tanto quanto o público. “Eu não sei de absolutamente nada. Não sei de onde esse personagem veio, nem quais são os mistérios dele”, garante, categórico.

O fato, ele admite, não deixa de ser uma barreira para o trabalho de composição. “É difícil. Para a gente ter noção do que está fazendo, é importante ter algo preparado. Mas, ao mesmo tempo, está sendo muito gostoso brincar com isso”, admite. Sem muitas referências trazidas pelo autor, ele decidiu estimular sua imaginação e construir sua própria versão para o passado de Dog – mesmo sabendo que todo esse faz-de-conta pode cair por terra caso os segredos revelados por Lauro César ao longo da novela apontem em outra direção. “Aí vira uma forma de disfarce. Ainda que ele esteja mentindo, precisa estar com tudo muito bem construído. Então não vai ter sido à toa”, brinca, bem-humorado.

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