Matérias - 20 de fevereiro.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Geriatria Preventiva I

Thereza Freire Vieira (*)

Quando se fala em geriatria preventiva, algumas pessoas perguntam: é para não envelhecer? Nada nos impede de envelhecer. A cada dia que passa estamos mais velhos, queiramos ou não. Hoje estamos mais velhos que ontem e amanhã estaremos mais velhos que hoje. O importante é chegar à velhice sem os problemas que podem ser prevenidos anteriormente.

Quanta coisa se pode fazer nessa geriatria preventiva? Muita coisa se aprendeu com a medicina preventiva. Os pais estão cansados de saber que devem levar seus filhos para serem vacinados e com isso evitar doenças como o sarampo, a coqueluche, a rubéola, a paralisia infantil, o tétano, a tuberculose, a meningite, a febre amarela e novas vacinas que haverão de surgir contra outras doenças.

Na velhice, além das vacinas que se podem tomar, inclusive contra a gripe e a pneumonia, há muitas coisas mais que seriam feitas se as pessoas se habituassem a frequentar um ambulatório de clínica médica. Por que não começar a prevenção da velhice doentia, fazendo o papanicolau todos os anos? Se houvesse uma ruptura de períneo, fazer uma plástica, evitando mais tarde a incontinência urinária e, com um diagnóstico precoce de câncer de colo uterino e com o exame preventivo do câncer, poderiam também ser evitados problemas malignos e muitas vezes fatais.

Outros meios de prevenção seriam o acompanhamento de doenças pulmonares, com a orientação sobre o papel do fumo, e os exames de laboratório, que orientariam sobre a gordura no sangue como componente importante nas coronariopatias. A falta de controle frequente da glicemia pode trazer sérias consequências vasculares periféricas no aparelho visual, podendo ser evitadas cegueira e gangrena das extremidades. Uma simples verificação periódica da pressão arterial poderia evitar um acidente vascular cerebral, que traria como consequências paralisia dos membros superiores, inferiores, perda da fala, da visão, dependendo da localização do processo obstrutivo que trará para o idoso grandes prejuízos para o seu bem-estar.

(*) Médica Geriatra e escritora,

colaboradora de jornais e revistas

ONG usa matéria-prima e mão de obra diferenciadas para produzir bolsas

A partir de materiais que são vistos como lixo de eventos, como lonas de vinil, fundos de palco e até mesmo banners publicitários, a ONG Tem Quem Queira, em parceria com a grife de cama, mesa e banho Alfaias, produz diversos modelos de bolsas ecológicas. Além de contribuir para a redução da emissão das tradicionais sacolas plásticas, que poluem o meio ambiente, a ação tem também um caráter social.

A mão de obra utilizada no processo produtivo é de presidiários de um núcleo prisional de Niterói. Atualmente seis detentos confeccionam mais de mil ecobags por mês. Em troca recebem um salário e, a cada três dias de trabalho, ganham um dia de redução da pena.

Misto de criatividade e conscientização, o projeto ganhou o Prêmio Rio Sociocultural de 2009. Para mais informações sobre os produtos e como fazer para adquiri-los acesse os sites www.temquemqueira.com.br, www. alfaias.com.br ou ainda www.wix.com/atendimentotqq/temquemqueira, onde é possível assistir a um vídeo sobre a iniciativa.

Um código de moralidade

Valfredo Melo e Souza (*)

Vez por outra encontro amigos fazendo busca nos peripatéticos para uma conversa com Aristóteles (384-323 a.C.) a fim de revitalizar conceitos de moralidade, ética e cidadania. Viagem necessária quando se quer preencher um vazio existencial, calar uma angústia ou mesmo aliviar uma inadequação social aparente. É a consolação da filosofia no pensar de Boécio (480-524 d.e.) em sua clássica obra.

De início relembro a frase que sintetiza o estagirita: “Amo Platão, mas amo ainda mais a verdade.” Tamanha é a coerência desse pensamento que o filósofo chegou a ouvir de um dos de seus mais famosos discípulos, Alexandre, filho de Felipe da Macedônia, que o amava tanto quanto ao seu pai, porque do pai recebera a vida e de Aristóteles ensinamentos de como vivê-la bem.

No livro Ética a Nicômaco Aristóteles discorre sobre seu clássico caminho do meio. Assim como a saúde do corpo é determinada pelo equilíbrio fisiológico dos seus componentes, a virtude consiste na disposição em escolher o justo meio, por deliberação ou por escolha. Evitar-se o excesso e a falta para alcançar o justo meio (sem ir além ou aquém). Uma perfeição rara. Assim a coragem é um ponto de perfeição equidistante da covardia e da temeridade. A temperança está tão afastada da ironia quanto da insensibilidade. A altivez evita não só a insolência quanto a baixeza. A veracidade se afasta tanto da indiscrição quanto da dissimulação. Só a perseverança edifica a virtude. É o aprender fazendo. A virtude é fixada pelo hábito de praticá-la. Escreveu Aristóteles:

“Nós somos aquilo que fazemos repetidas vezes. A virtude, então, não é um ato, mas um hábito”. E segue ele a conceituar dentro do sentimento, o excesso e a escassez para situar o justo meio, a virtude. Fama – nem vaidade, nem humildade e sim magnificência. Honra – nem vulgaridade, nem vileza e sim respeito próprio. Convívio – nem zombaria, nem grosseria e sim agudeza de espírito. Cólera – nem irrascibilidade, nem indiferença e sim, gentileza.

Do homem sábio, enumero de Aristóteles, alguns tópicos dos quais ele precisa exercitar para viver de acordo com o que de mais excelente há em nós mesmos:

– está pronto a servir aos homens, mas se envergonha quando o servem. Fazer um favor é sinal de superioridade; receber um favor é sinal de subordinação;

– é franco quanto as suas antipatias e preferências: fala e age com franqueza;

– não se deixa tomar de admiração, porque nada entre homens a merece;

– nunca tem maldade e sempre esquece as injustiças de que é vítima;

– não se importa nem com os elogio,s e nem com as censuras dos outros;

– não fala mal dos outros, nem dos inimigos, a menos que seja com eles mesmos;

– não é apressado, pois só se preocupa com poucas coisas; e nem veemente, pois não acha nada muito importante;

– suporta os acidentes da vida com dignidade e graça.

São estas algumas das profundas influências deixadas por Aristóteles visando alcançar o desenvolvimento de uma consciência cívica. Textos de ressonância universal. Palavras estimulantes que nos remete a propósitos definidos.

(*) – Escritor e acadêmico,

reside em Brasília.

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