Usos e costumes
Antônio Vilela Pereira (*)
Diz um ditado antigo, que “o uso do cachimbo é que entorta a boca”. Os usos e costumes, antigos, modernos e atuais, dizem respeito a práticas sociais do relacionamento humano. Por vezes, práticas atuais, respeitadas como elaborações avançadas, remontam simplesmente à Antiguidade.
A língua portuguesa, que falamos, “a última flor do Lácio ...”, remonta ao latim e à Itália antiga. Lazio é uma região italiana, limitada pelo mar Tirreno a oeste, os Apeninos a leste, a Toscana e a Úmbria ao Norte e a Campânia ao Sul. A região compreende 17.203 km2 e mais de cinco milhões de habitantes, espalhados pelas províncias de Viterbo, Frosinone, Latina, Rieti e Roma.
Além da língua portuguesa, o nosso Direito, não apenas o canônico, é também herança parcial do antigo Império Romano. Resumindo, nossa civilização ocidental deve muito aos italianos e romanos, que por sua vez ficaram devendo aos gregos antigos (Grécia), por seus filósofos, guerreiros, jogos olímpicos e o ideal da democracia.
Os usos e os costumes influenciam as leis e a formação do Direito. Alguns chegaram à atualidade disfarçados de romantismo, de ternura e até mesmo de praticidade. Vejamos: o costume do nubente carregar a noiva nos braços para o leito nupcial. Na Roma antiga e outras cidades italianas, de muitos deuses e deusas (antes do catolicismo oficial), as famílias mantinham aceso o fogo sagrado de cada capela particular. Na cerimônia de casamento, quando o deus do culto da família da noiva era diferente do deus do culto da família do noivo, o noivo a transportava nos braços para o altar, evitando que ela cometesse sortilégio, por venerar deus estranho ao culto daquela capela. Hoje, casando na igreja, no cartório ou apenas juntando os trapinhos, sem nenhuma cerimônia,já tendo consumido o mel da proibição, carregar a noiva nos braços para iniciar as núpcias, pode não ser moda, mas agrada muito às noivas. Uma dificuldade aparece quando o noivo é pequeno, magro e fraco, o jeito é a noiva grande, gorda e forte, carregá-Io para o leito.
Outro costume de ordem prática: o casal anda numa calçada ou passeio público, a mulher caminha sempre de lado para as paredes, muros e grades, enquanto o homem caminha de lado para a via pública. Na Roma antiga, de ruas estreitas e movimentadas, as bigas ou carros puxados a cavalo(s), por vezes invadiam as calçadas, esparramavam barro e lama nas vestes de quem caminhava ao lado da via pública. O homem assim protegia a mulher com os seus braços e a sua capa.
Os exemplos acima, de costumes milenares, atestam o quanto os usos e os costumes influenciam a sociedade humana. No campo do Direito a sua influência é determinante, tanto que desapareceu o antigo e poderoso Império Romano, mas ficou o Direito Romano, que influenciou o Direito de todos os povos, por assim dizer, o Direito global ou universal. O nosso Direito do Trabalho, fundamentado na Consolidação das Leis do Trabalho (1943) foi copiado inicialmente da Carta Del’Lavoro, do governo fascista de Mussolini. O Direito é a codificação dos usos e dos costumes de melhor aceitação do conteúdo prático. A questão do melhor ou do pior, com o rumo que a humanidade está tomando, tal questão está ficando complexa. Conquanto seja assim, ainda assim, o Direito continua triunfando sobre a barbárie e a opressão, estimula o equilíbrio dos muitos direitos e das correspondentes obrigações, eis porque a deusa que simboliza a Justiça segura a balança numa das mãos, na outra segura a espada, tem os olhos vendados para julgar sem favorecer, sem olhar a quem.
(*) – Jornalista e escritor
Mães do Mundo
Ômicron
Um menino de 12 anos, filho único, foi condenado ao exílio definitivo, em outras terras, por um rei que permitiu apenas que sua mãe se despedisse dele nas seguintes condições: num belo jardim estariam sentados num banco três meninos, todos com roupas iguais, com mesmo porte físico, luvas e capuzes para não serem reconhecidos e em total silêncio.
A mãe informada de que um dos meninos era seu filho ficou desesperada pois não sabia como identificar aquele que saiu de suas entranhas. Foi quando por inspiração divina, durante o seu choro copioso, tomou uma decisão a princípio não cogitada, mas tão simples e resolutiva. Dirigiu-se a cada um dos três meninos, abraçou-os e beijou-os efusivamente e afastou-se resignada porque estava ciente de que um deles era seu filho carnal.
Logo após os três meninos tiraram os capuzes e os dois que não eram seus filhos agradeceram àquela mãe pelo carinho recebido, pois eram órfãos e nunca viveram tal emoção antes.
Jesus alertado, quando pregava, da chegada de sua mãe Maria e de seus irmãos disse: quem é minha mãe, quem são meus irmãos; vocês que me seguem e cumprem a vontade do Senhor são minha mãe e meus irmãos (sinalizando a abrangência necessária do amor).
Se as mães que fazem tudo pelos seus filhos consanguíneos canalizassem um pouco que seja do seu amor maternal para os filhos dos ‘outros’ (órfãos, abandonados, carentes e ávidos de cuidados e afeto), dar-se-iam no rol das mães do mundo.
Bênçãos, Nova Friburgo - RJ
Deixe o seu comentário