Soja: pesquisas consideram que seu uso faz bem à saúde
Ronnie Rogers Fialho
A soja é uma espécie de leguminosa proveniente do Sudoeste asiático, mas hoje a que se cultiva é muito diferente das utilizadas pelos ancestrais. Eram plantas rasteiras que se desenvolviam na costa leste da Ásia, ao longo do Rio Yangtsé, na China. A evolução se deu através do cruzamento natural entre duas espécies selvagens que foram domesticadas e melhoradas cientificamente. Hoje a soja vai do céu ao inferno, isto porque alguns enaltecem seu uso e outros torcem o nariz.
Uma pesquisa recente da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, condena o uso da soja pelos homens. Este receio do uso da leguminosa deve-se ao fato da substância nela encontrada, a isoflavona. Segundo a pesquisa, tal substância pode provocar a diminuição de espermatozoides e no organismo humano consegue imitar o estrógeno, hormônio feminino.
Segundo o médico ortomolecular José Augusto da Silva, realmente diminui mesmo a quantidade de espermatozoides. E homens com uma alimentação à base de soja em dias alternados podem ter o número de espermatozoides reduzido. “Embora não exista um estudo no município sobre isso, não está confirmada a alteração na velocidade ou na qualidade dos espermatozoides. Isso foi objeto de uma pesquisa realizada com um grupo de 99 homens, recrutados em uma clínica de reprodução. Mas uma ressalva é que no Japão e na China, que são os maiores consumidores de soja do mundo, não foram registrados índices de fertilidade menor que o do Ocidente”, declarou o médico.
Ele garante que outros fatores podem afetar a infertilidade. “O fator emocional, o estresse, o fator nutricional, o hormônio sexual masculino (a testosterona), a manipulação hormonal também podem interferir na fertilidade. A finasterida, que é usada para combater a queda de cabelo, no entanto, em um indivíduo normal é muito pequena. Para se ter uma ação a dose tem que ser acima de cinco miligramas por dia”, esclareceu José Augusto da Silva. E também outros fatores também podem provocar a infertilidade, como medicamentos usados para a próstata (alfa-bloqueadores), ejaculação retrógrada, antidepressivos, varicocel, causas hormonais, tumores de hipófise, doenças genéticas e tumores de testículos. “Entre os casais 10% são inférteis, 40% é de responsabilidade do lado masculino, 40% é de responsabilidade do lado feminino; os outros 20% são de ambos os sexos”, concluiu o médico.
Especialistas divergem sobre o uso da soja e alegam que terão que ser feitas novas pesquisas para comprovar se realmente ela provoca a redução de espermatozoides, porque existem vários fatores que podem afetar o organismo e provocar a baixa produção de espermatozoide, como, e principalmente, a obesidade. No entanto, para as mulheres a soja é vista com bons olhos. Numa pesquisa realizada nos Estados Unidos, coordenada pela cardiologista Francine Welty, o resultado do estudo foi satisfatório. Contudo, há um alerta de que para se comprovar uma boa eficiência da leguminosa no organismo feminino deve haver mais pesquisas.
Hoje no mercado existem vários produtos derivados da soja, como leite, adequado a quem tem alergia à lactose; tofu, um tipo de queijo; sucos industrializados, entre outros produtos à base da leguminosa. No entanto, o produto mais conhecido é o óleo refinado, obtido a partir do óleo bruto.
Uma ressalva é o uso da soja para crianças menores de seis meses, porque pode comprometer a formação hormonal. Por este motivo as academias europeias e americanas de pediatria recomendam que crianças com esta faixa etária não consumam a leguminosa. Isto se deve a um estudo realizado em animais e o excesso de isoflavonas pode provocar interferências na produção hormonal e no funcionamento da tireoide. No entanto, não há evidências semelhantes em seres humanos. Outro fato diz respeito ao aparecimento de mamas em garotos com alto consumo da substância.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem pesquisando sobre a soja há 30 anos e muitos estudos comprovam o bem que o grão faz, ressaltando sua riqueza em proteínas. De acordo com o médico, é muito importante o uso da soja, porque há possibilidade de se retirar da soja os 20 aminoácidos que o o organismo necessita para integrar suas proteínas, neurotransmissores e hormônios. “Eu uso e considero que todos devem usar a soja indiscriminadamente. Uso soja sempre que posso, porque deve-se repensar o uso do leite por algumas pessoas, porque há muitos adultos intolerantes ao leite de vaca, então, o aconselhado é passar a utilizar o dito leite de soja”, declarou o médico José Augusto da Silva.
Segundo a nutricionista Maria Jusania Thuler, há muita controvérsia sobre o consumo da soja. Ela cita o Green Peace, que combate a soja transgênica, que hoje no mundo é a mais consumida, mas que, a longo prazo, não se sabe o que isso pode provocar no organismo. Ela recomenda que as pessoas não comam alimentação rica apenas em soja, porque uma refeição balanceada é a mais indicada. Então, o consumo exagerado da soja também pode provocar algo inesperado no organismo. “A soja é uma leguminosa, é da família do feijão, é um vegetal. Num estudo mais aprofundado sempre haverá controvérsia do consumo ou não da soja”, diz a nutricionista.
O médico José Augusto considera que o transgênico é uma novidade para os consumidores, no entanto, há algum tempo já se consomem produtos transgênicos. Mas ele ressalta que isso é algo para se ter cautela, porque ainda não se sabe como o organismo humano reage em relação a essas proteínas geneticamente modificadas.
Segundo o chefe do setor de Nutrologia do Hospital do Coração e do Instituto Dante Pazzanese, Daniel Magnoni, a soja é um alimento com alto valor nutritivo e os grãos contêm fibras, óleo, proteínas e isoflavona, um fito-hormônio muito parecido com o estrógeno, que diminui o colesterol total, ou melhor, o LDL, e aumenta o HDL, o bom colesterol.
A doença do beijo
Mononucleose atinge principalmente os jovens e tem sintomas parecidos com os de um resfriado
Parece gripe, mas não é. A mononucleose tem sintomas similares aos de um resfriado, mas que podem ter intensidade e duração bem maiores e com complicações. Causada pelos herpevírus humanos 4 e 5, da família do herpes, a doença tem como principal meio de contágio a saliva. Daí ser popularmente conhecida como a doença do beijo, atingindo principalmente quem tem entre 10 e 30 anos. A transmissão também pode ocorrer através de objetos compartilhados contaminados, como chupetas (no caso dos bebês), copos e talheres.
Uma vez no organismo, os herpevírus humanos 4 e 5 multiplicam-se nos linfócitos, glóbulos brancos constituídos de um só núcleo, que os especialistas chamam de mononucleares, o que explica o nome da doença. Os vírus agem diretamente nos gânglios, baço e fígado – em alguns casos provocando o inchaço desses órgãos.
Apesar de se manifestar em qualquer idade, os casos graves da doença ocorrem com mais frequência entre os jovens. Quando há contágio na faixa etária de 10 a 30 anos, a doença costuma surgir entre duas a sete semanas, com sintomas como mal-estar, arrepios, dor de cabeça, pálpebras inchadas e falta de apetite, acompanhados por fadiga, febre, dor de garganta e gânglios inchados. A febre costuma ocorrer entre o fim da tarde e o início da noite, atingindo até 40,5º C. As dores de garganta podem ser muito fortes, não sendo raros os casos em que as amídalas incham e provocam até dificuldade de deglutição.
Exame de angue é o primeiro passo para diagnóstico correto
Para saber se está com mononucleose, a primeira providência é procurar um médico que, com certeza, pedirá um hemograma. O exame é o principal método para diagnosticar a doença, que também provoca o aumento de tamanho do baço, em metade dos casos, e do fígado, em cerca de 20%. Quando o diagnóstico não é conclusivo com o exame de sangue, podem ser necessários exames de pesquisa do vírus em secreções.
Vale destacar que nem sempre todos os sintomas da mononucleose se apresentam. Sua gravidade varia muito de acordo com a resposta do sistema imunológico de cada indivíduo. Alguns apenas sentem dores de garganta por poucos dias; outros, pelo contrário, precisam ser hospitalizados por não conseguir engolir.
Em certos casos fica-se restabelecido ao fim de poucos dias; outros precisam de meses até se sentirem em forma, devido à fadiga extrema que demora para diminuir. A virose geralmente não é fatal, mas pode apresentar complicações, como meningite, encefalite, anemia e rompimento do baço.
Tratamento requer bastante repouso
Como acontece com uma gripe, é preciso ter paciência e deixar a natureza agir. Isso porque não existem remédios ou outros tratamentos capazes de acelerar a recuperação, que requer muito repouso. Outra recomendação importante é, durante pelo menos dois meses após o início da doença, não fazer grandes esforços físicos nem praticar esportes em que haja contato físico violento, para evitar uma ruptura de baço.
Durante a fase aguda da doença, algumas medidas ajudam a aliviar os sintomas. Chupar pastilhas anestésicas ou gargarejar com água quente e sal (uma colher de café de sal diluída numa xícara) pode ajudar a aliviar a dor de garganta. Se houver febre prolongada, a dica é beber muita água para não se desidratar.
O importante é que quem tem mononucleose nunca deve se automedicar, principalmente com antibióticos dos grupos da amplicilina e da amoxilina. Tomar antibióticos pode agravar o quadro e prolongar os sintomas da doença. A aspirina também é desaconselhável em caso de viroses. O paracetamol, a dipirona ou o ibuprofeno, por sua vez, podem ser utilizados para combater a febre ou a dor em geral.
Criatividade para sair da crise
Viva a crise, viva a vida, pois ela é estado permanente de atenção diante do novo, do inusitado, do desconhecido que vai nos revelar outras
* João Carlos Moura
A crise é a mãe do mundo. Engendra em seu grandioso, fascinante e desconhecido útero as grandes invenções da humanidade, desde sempre.
O mundo melhorou, caminha desde que saímos das cavernas – do nada para todo o possível –, é mudança todo dia, a toda hora, todo o tempo.
Assim é com pessoas, países, indústria e comércio, arte e ciência, e todo o produto do homem na face da Terra.
A “crise” é a mãe de todos, mãe de tudo. Ela é a razão – ainda – de podermos estar neste planeta que gira solto no espaço, pois sem crises permanentes já teríamos sido enxotados desta existência há muito tempo.
Por quê? Simples: a crise faz com que saiamos do estado de contemplação narcísica e nos empurra a ganhar o pão e o vinho nosso de cada dia, queiramos ou não.
Sem recuar nem detalhar a história e seus avanços poderíamos ver o quanto se descobriu após cada crise: a invenção da lente, o avião, a internet, a escrita, a penicilina, o Fusca (o carro do povo, criado na guerra).
Tomaria todo o espaço se enumerasse tantas descobertas após crises sucessivas e a necessidade e a urgência em resolvê-las.
Fala-se no bar: o casal está em crise, a bolsa de valores idem, o futebol brasileiro e o mundo também. Que bom.
Boa chance para se reinventar outros usos para a roda redonda (a quadrada reaparece sempre), cada casamento ou qualquer associação – pública ou privada. Ou privada pública.
Por que crise assusta? Essa palavra feia que vem com a crise se chama misoneísmo, que quer dizer medo de mudança. Medo do novo. Daquilo que não se conhece. Uma neofobia.
O que temer? Que segurança temos diante de tal ou qual situação? Pensem.
Já dei cursos de criatividade na IBM e Petrobras, e o problema era esse: como sair de crises. Em resumo, criei, faz anos, um curso: Criatividade para sair da crise.
Misturo técnicas que os publicitários conhecem bem, desde a psicanálise (associação livre) e a psicologia após Maslow.
Abordo o funcionamento mental diante da crise (problema) e a consequente resolução de um ou mais problemas, advindos das crises. É um passo a passo que treinamos.
Parece simples, não é? Mas é assim que funciona, porque na outra face das crises podemos descobrir a solução dos problemas, saber de onde nasceram. E assim o mundo segue, com as crises.
Viva a crise, viva a vida, pois ela é estado permanente de atenção diante do novo, do inusitado, do desconhecido que vai nos revelar outras faces de um conhecido problema.
O clipe de papel (um arame dobrado) já tem mais de vinte mil usos. Invente outro. Crie. Saia da crise.
*Psicanalista e artista plástico faces de um conhecido problema
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