Início de ano é sinônimo de verão, férias e, claro, gastos. O IPTU e o IPVA são algumas das responsabilidades financeiras que assombram o contribuinte. Mas quem tem filhos na escola ainda precisa preparar o bolso para outra despesa extra: as compras de volta às aulas. Em Nova Friburgo, as papelarias já começaram a registrar aumento no movimento, mas o fluxo deve ser maior na próxima semana.
“Já temos alguns pais se adiantando para garantir o material. Mas a partir de segunda-feira, 16, o movimento vai aumentar. A maioria das escolas começará o ano letivo no dia 5 de fevereiro e muitos vão deixar para comprar em cima da hora”, afirma a gerente de uma das papelarias do centro da cidade, Otelina Magliano.
Com listas de material que chegam a superar mais de 20 itens, isso sem contar os livros didáticos, e aumento de 10% a 15% nos valores, em relação ao ano passado, é preciso saber pechinchar para não entrar no vermelho. Fernanda Viana, mãe do pequeno Samuel, de 4 anos, começou a fazer um levantamento de preços da lista do filho esta semana na intenção de encontrar produtos mais baratos. “Estou anotando os valores que encontro em cada papelaria para depois comparar e, aí sim, comprar. Não dá para sair gastando sem pesquisar”.
Um dos maiores dilemas vividos por muitos pais na hora de ir às compras de material escolar é quanto à variedade de produtos e marcas. Em uma das papelarias do centro da cidade, as mochilas, por exemplo, podem custar de R$ 29,90 a mais de R$ 500. E o motivo de tamanha variação entre os preços pode estar em um detalhe que faz a maior diferença para os pequenos: os personagens. Os super-heróis e as princesas da Disney estão entre os desenhos que fazem o preço dos produtos aumentar consideravelmente.
Samuel, por exemplo, gosta de super-heróis, mas dessa vez vai ter que levar uma lancheira com estampa de carrinhos. “Não vai dar para comprar a lancheira do desenho que ele gosta. O preço está bem mais salgado. Mas ele entende e a gente vai se organizando assim, equilibrando o gosto dele com o dinheiro que temos para gastar”, conta Fernanda.
Enquanto os consumidores fazem uma verdadeira via crucis entre as papelarias, os lojistas precisam se preparar para conquistar os clientes. Investir em promoções pode ser um grande atrativo. Em alguns estabelecimentos, é possível encontrar caixas de lápis de cor a R$ 2,99. Para os que gostam de comprar marcas mais conhecidas, também há descontos. A caixa com lápis de 12 cores da Faber Castell, por exemplo, pode ser comprada por até R$ 12,99. O mesmo produto é encontrado no comércio local por R$ 19,99 em média. Quando o assunto é caderno, é possível encontrar opções de dez matérias a R$ 9,99 e de 20 matérias a R$ 19,99. Para ganhar a disputa há até quem promete cobrir o preço da concorrência.
Para o responsável por outra papelaria do centro da cidade, Rafael Guimarães, o conjunto da obra é que faz toda a diferença. “Nos preocupamos com vários detalhes: atendimento, variedade, parcerias, preço bom e facilidade no pagamento. Claro que o preço chama a atenção, mas acredito que o que faz o cliente voltar e se tornar fiel é o atendimento. Temos cinco funcionários ao longo do ano e contratamos mais dez para o período de volta às aulas. Uma equipe treinada e que tem um atendimento de qualidade faz a diferença, com certeza”.
De olho aberto
Na hora de ir às compras, além de pesquisar preços, os pais precisam ficar de olho bem aberto com as listas de material escolar. Isso porque, apesar de serem proibidos, materiais de uso coletivo, como papel higiênico e outros itens de higiene pessoal, por vezes são encontrados entre os itens solicitados pelas escolas e passam despercebidos pelos consumidores. Segundo o Procon, produtos como esses devem ser fornecidos pelo próprio estabelecimento, já que os custos são incluídos nas mensalidades.
Outra questão ilegal quando o assunto é material escolar é a exigência de que os produtos, ou certos itens, sejam comprados no próprio estabelecimento de ensino. De acordo com o Procon, a solicitação só é aceitável se este seja produzido pela escola. A compra de um produto de uma marca específica e apenas num determinado local, quando este mesmo item pode ser encontrado em qualquer loja, também são exigências proibidas de acordo com o Código de Defesa do Consumidor.
“A lei trata expressamente dizendo que é nula qualquer cláusula contratual que preveja a responsabilidade do aluno em adquirir esses materiais. Se o consumidor encontrar alguma dessas exigências na lista, ele pode se recusar a comprar”, orienta o advogado especializado em direito do consumidor e ex-gerente do Procon de Nova Friburgo, Júlio Siqueira Reis, acrescentando que: “Se, mesmo assim, a escola vier a fazer com que ele sofra qualquer tipo de constrangimento ou sanção por conta da não aquisição desses materiais, o consumidor deve procurar os órgãos de defesa do consumidor. E, dependendo do grau de sanção ou punição que a escola for dar ao aluno, ainda é possível entrar com uma ação judicial”, observa o advogado.
Confira a lista de itens solicitados pela escola que são proibidos pelo Procon (a partir de 2 anos de idade):
1. Álcool hidrogenado
2. Algodão
3. Bolas de sopro
4. Canetas para lousa
5. Carimbo
6. Copos descartáveis
7. Elastex
8. Esponja para pratos
9. Fantoche
10. Fita/cartucho/tonner para impressora
11. Fitas adesivas
12. Fitas decorativas
13. Fitas dupla face
14. Fitilhos
15. Flanela
16. Giz branco ou colorido
17. Grampeador
18. Grampos para grampeador
19. Guardanapos
20. Isopor
21. Lenços descartáveis
22. Livro de plástico para banho
23. Maquiagem
24. Marcador para retroprojetor
25. Material de escritório
26. Material de limpeza
27. Medicamentos
28. Palito de dente
29. Palito para churrasco
30. Papel higiênico
31. Pasta suspensa
32. Piloto para quadro branco
33. Pincéis para quadro
34. Pincel atômico
35. Plástico para classificador
36. Pratos descartáveis
37. Pregador de roupas
38. Produtos para construção civil
(tinta, pincel, argamassa, cimento, dentre outros)
39. Sacos de plástico
40. Talheres descartáveis
41. Cola para isopor
Cinco dicas para economizar na hora de ir às compras de volta às aulas
Planejamento
Analisar itens do ano passado e selecionar tudo o que pode ser usado novamente no novo ano escolar, como tesoura, régua e mochila, pode ser uma boa opção para economizar. Muitos itens as vezes podem ser aproveitados de um ano para o outro ou entre irmãos.
Empréstimo
As escolas raramente mudam os livros didáticos de um ano para o outro. Por isso, vale a pena procurar pais de alunos mais velhos que possam emprestá-los ou vendê-los por preços mais acessíveis, se estiverem em boas condições de uso.
Orçamento
Pesquisar preços em várias papelarias antes de efetuar a compra é o princípio para quem quer economizar.
Crianças
Uma boa opção para enxugar os gastos com a lista de material é ir às compras sem a presença dos pequenos. Se isso não for possível, converse com os filhos sobre o limite do orçamento, para que não corram o risco de se deixarem levar pelo impulso de gastar mais do que o planejado.
Gastos
Em qualquer compra, o ideal é sempre fazer os pagamentos à vista e com o material escolar não é diferente. Mas se não for possível pagar as compras de uma só vez, opte por poucas parcelas
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