E eis que a notícia que sabíamos estar próxima, mas que nenhum de nós gostaria de dar, chegou.
Implacável, mas serena, numa manhã calma, bonita e fria de domingo.
Heródoto Bento de Mello não suportou os sete meses de saudade e partiu ao encontro de sua amada Dona Betty, lá no andar de cima.
Vácuo
Heródoto já não morava entre nós havia alguns anos, mas ainda assim a sensação de vazio, os lamentos em redes sociais e em manifestações formais, o luto oficial de três dias e os muitos depoimentos pessoais exprimem com muito mais propriedade o tamanho do vácuo que sua partida representa aos friburguenses do que qualquer coisa que se possa escrever a respeito.
Grandeza e respeito
Heródoto foi um dos maiores personagens nesta nossa história bissecular, e tal reconhecimento não passa por partidarismos, concordâncias ou simpatias pessoais.
Ele foi um dos grandes, um dos que vestiram a camisa e se arriscaram.
Foi, acima de tudo, um prefeito que não sumiu das ruas, que não se afastou da população, mesmo em momentos mais controversos.
Este, por sinal, foi certamente um de seus mais oportunos exemplos.
Teria gostado?
Parece um pecado do destino que Heródoto não tenha vivido para celebrar os dois séculos da cidade que tanto amava.
Mas a pergunta que devemos nos fazer, agora e daqui para a frente, é: será que ele gostaria de ver o que se passa por aqui?
Memória
O questionamento não se direciona apenas a ocupantes de cargos públicos, mas também a nós mesmos, que em nossa crise de autoestima estamos cada vez mais fechados a qualquer projeto mais ousado que possa agregar interesse e valor a nossa cidade.
Afinal, se existe alguma forma de manter viva a memória de Heródoto, certamente o caminho é através do resgate de nossa própria história de ousadia e resiliência, de coragem para sonhar grande e voar alto.
Nova Friburgo precisa urgentemente de novos líderes com esta disposição.
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