A máscara do King Kong ainda lidera, mesmo depois de 45 anos de reinado, o que lhe confere o merecido título de clássico. Ela tem sido imbatível e é a preferida desde os tempos de outras máscaras cujos estoques esgotavam, como as de Juscelino, Jânio Quadros, Maluf, Tancredo, Ulisses, Collor, Bin Laden, Sarney, Itamar, passando por Lula - que em alguns anos, um único fabricante chegou a vender 15 mil máscaras do ex-presidente - e ainda Dilma e Joaquim Barbosa. Brasileiros costumam rir dos vilões e celebrar os mocinhos. E confirmando sua preferência, elegeu, para brincar em 2016, um bumbum que fez sucesso ano passado: é a “bunda da Paolla”.
Já na Europa, máscaras só dos vilões para demonstrar indignação e denegrir a imagem do “bandido” da vez. Como o nosso país já está em ritmo de marchinhas e sambas-enredo, e festa de carnaval que se preza começa antes mesmo da data oficial (do contrário não seria carnaval), os blocos de animação já estão nas ruas. Esta é a época do ano para quem quer diversão sem censura, que combine com extravagâncias, ousadias e picardias. É tempo de folia, de gente engraçada, bem humorada, mas de bebedeira, de barulho e de muita confusão, também. Tudo embrulhado em criativas fantasias, quanto mais leve, melhor, menos pano, por favor, para formar grupos carnavalescos que vão invadindo as avenidas e surpreendendo divertidamente o público.
O toque final para as performances são as inevitáveis máscaras, seja de quem ou o quê for. Pode ser de uma personalidade do meio artístico que mereceu destaque nos últimos meses e/ou de alguém que ainda esteja “bombando nas redes”, como o caso da agressão verbal sofrida por Chico Buarque ao sair de um restaurante, no Leblon, na Zona Sul carioca. Vai ter máscara dele também e há quem esteja sugerindo o bloco “Somos todos Chico”. Será? É carnaval e tudo é possível!
Não vão faltar homenagens para celebrar um artista amado e cultuado - como David Bowie - recentemente falecido, que deixou seus milhões de fãs em todo o mundo, desconsolados. Esse artista completo, ícone de bom gosto e elegância, era um camaleão da música e do visual. Não precisava de máscara, pois usava seu belo rosto como uma tela em branco pronta para se transformar na expressão de um personagem ou mensagem que quisesse passar. Seu talento produziu um baú inesgotável de preciosas “telas”, ou máscaras. E certamente, sua “obra” mais badalada, o raio, será uma das maquiagens mais copiadas neste carnaval. Ele merece.
“Japonês da PF” é uma das máscaras mais procuradas
Voltando aos mortais comuns, os fabricantes de máscaras de carnaval acreditam que o agente Newton Ishii - o japonês da Polícia Federal - é a figura que mais combina com o espírito do carnaval ao contrário da austeridade imposta ao Moro, sendo ele, juiz. Neste caso, talvez não tenha muito espaço para o humor, para as brincadeiras. Tanto que o japonês também é tema de marchinha e será um dos bonecos gigantes no carnaval de Olinda-PE.
Outras figuras estão na boca do povo, presentes nos papos em família, nos escritórios, nas esquinas, nos botequins, táxis. São manchetes de jornais, provocam debates acalorados nas redes sociais, nos programas de rádio. Vilões ou heróis - Cerveró, Delcídio, Cunha versus Moro, japonês da Federal - nesse mix tem até bumbum que ficou famoso ao aparecer numa minissérie de televisão. Entre artistas, celebridades e atletas que usam a imagem como ferramenta de trabalho, a negociação é mais difícil, embora Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho liberem as suas sem pedir nada em troca.
O agente da Polícia Federal que virou celebridade ao ser sempre filmado e fotografado nas prisões e apreensões da Operação Lava-Jato, deve ser um dos personagens mais visados este ano. Para evitar problemas com direitos de imagem, seu protótipo de máscara produzido por uma fábrica do Rio, será a de uma pessoa com feições semelhantes ao do agente.
Inclusive a marchinha que começou a circular na internet em dezembro, composta pelo advogado e compositor Thiago Vasconcellos de Souza, em parceria com seus colegas músicos identificados como "Dani Batistonne", "Jabolinha" e "Tigrão", homenageia a operação após o apelido de Ishii aparecer nos áudios das conversas de Delcídio, gravadas pelo filho de Cerveró. "Ai, meu Deus / Me dei mal / Bateu à minha porta / O japonês da Federal!", canta o refrão da música.
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