A VOZ DA SERRA: Este é certamente um ano especial e atípico para a secretaria estadual de Esportes, devido a realização dos jogos olímpicos no Rio de Janeiro. A este respeito, duas perguntas são inevitáveis: como está a preparação para os jogos, e como fica a atenção para o interior do estado, num momento em que a capital centraliza todos os holofotes?
Marco Antônio Cabral: Graças a Deus os jogos olímpicos estão com o calendário de entregas adiantado. O prefeito Eduardo Paes tem feito um grande esforço para entregar os equipamentos até mesmo antes do prazo. A Arena Carioca já está entregue. É onde serão realizados os jogos de basquete; a Arena de Tênis também entregue, assim como o Parque Radical de Deodoro. Já existem diversas obras que podem ser vistas e usufruídas pela população. É o caso de Deodoro, que hoje é um parque aquático recreacional para toda a Região Metropolitana e a Zona Norte. A Secretaria de esportes faz um esforço muito grande para interiorizar as ações do esporte e as ações olímpicas. Pretendo trazer ‘Fan Fests’ olímpicos para pelo menos cinco regiões do interior, sempre em praças públicas, com programação esportiva, telão passando os jogos... Queremos trazer cada vez mais núcleos esportivos para o interior, como o que nós temos aqui em Friburgo, no Cordoeira e em Bom Jardim e Macuco. Ao todo já são 23 núcleos em todo os estado. Há o esforço de trazer os ídolos para o interior, Baixada e Região Metropolitana, porque eles também servem como exemplo e estímulo para a garotada. Com a presença deles as escolinhas ficam muito mais atrativas e com muito mais gente. Também tem sido feitas obras no interior, inclusive uma de reforma em campos e quadras em parceria com uma empresa de energia. Queremos expandir esse modelo para outras regiões, incluindo Nova Friburgo, porque revitalizar as praças esportivas, os campos de várzea, as quadras poliesportivas comunitárias, também é importante para que os jovens sejam iniciados na prática esportiva. Em resumo, temos preocupação com a iniciação no esporte de base, e a interiorização das ações da secretaria. Não é à toa que nós fizemos o Pavilhão do Esporte em mais de dez cidades do interior em 2015. Mas, num momento de dificuldade, como o que o Brasil atravessa hoje, torna-se ainda mais essencial a parceria público-privada. Há a Lei de Incentivo ao Esporte que possibilita o estado fazer grande parte dessas ações, e também realizar eventos. Essa é uma lei fundamental e os empresários da Região Serrana, em especial de Nova Friburgo, que pagam ICMS e não conhecem a Lei de Incentivo ao Esporte, devem fazer uma busca sobre ela na página da secretaria na internet e aproveitem essa oportunidade, porque é uma ferramenta de inclusão muito importante.
O senhor falou sobre a importância do esporte de base, mas em algumas cidades próximas existem também centros de excelência e apoio ao esporte de alto rendimento, como é o caso do vôlei em Saquarema. Aqui em nossa cidade existe um projeto bastante ousado que busca aproveitar a estrutura do antigo Colégio Nova Friburgo para a criação de um centro de tecnologia voltado justamente à prática esportiva. De que forma ideias desta natureza podem encontrar apoio na secretaria estadual?
Com certeza vão encontrar apoio. As maiores preocupações passam por interiorizar os núcleos esportivos e disseminar o esporte de base, amador, de iniciação. Mas, a Secretaria de Esportes também atua junto ao esporte de alto rendimento. Através da Lei de Incentivo, por exemplo, estabeleceu-se uma parceria com uma empresa de telefonia que gerou o programa ‘Talentos RJ’, responsável pelo ‘Bolsa Atleta’ que hoje dá apoio a 22 esportistas. A mesma lei permitiu recuperar a piscina do Flamengo e aportar recursos no centro de treinamento do clube. O que existe atualmente é uma dificuldade para que a secretaria realize essas obras com recursos próprios. Até porque um centro de excelência é uma obra de maior complexidade e proporcionalmente mais cara. A reforma da vila olímpica em Quintino, na Zona Norte, é fruto de parceria com a Faetec, que custeia a obra e a estado, a a mão de obra e a manutenção depois. A mesma coisa está acontecendo no Parque Aquático Julio de Lamare, no Maracanã. O parque será reaberto e a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos vai auxiliar. Esse, portanto, não é o foco da secretaria, mas o estado quer atuar também no alto rendimento, e nada impede que seja feita uma visita ao espaço do antigo Colégio Nova Friburgo em minha próxima visita a Nova Friburgo, que deve acontecer até março, para conhecer a escolinha do Léo Moura.
Qual o legado que os jogos vão deixar para o Rio de Janeiro? O apoio aos esportes olímpicos vai continuar mesmo após a realização das olimpíadas?
Existe um legado importante, na forma de um projeto de lei que será enviado à Assembleia Legislativa. Atualmente, de acordo com a Lei de Incentivo, o estado deixa de arrecadar 83% do valor do projeto, enquanto a empresa parceira faz o aporte financeiro correspondente aos 17% restantes. Mas, em cidades com menos de 60 mil habitantes, é possível que não se tenha esta contrapartida, ou uma contrapartida menor, da ordem de 2 ou 3%, para tornar estas cidades mais atrativas. Nosso estado tem mais de 60 cidades pequenas, que muitas das vezes são o interior do interior. Nesses municípios não há o interesse comercial que viabilizaria este tipo de investimento privado, e por isso é meta da secretaria fazer essa mudança, a fim de levar a Lei de Incentivo cada vez mais para o interior. E além disso há o legado social. Cuidar para que o Parque de Deodoro venha a ser aproveitado pela Baixada Fluminense, pela Zona Norte... Espero que os equipamentos construídos no Parque Olímpico sirvam para receber campeonatos mundiais, Grand Slams das modalidades daqui para a frente, que aquilo vire um polo de atração de grandes eventos do esporte...
Evitar que estas arenas se transformem em elefantes brancos?
Sim, evitar que elas fiquem paradas. A arena de handebol vai dar lugar a quatro novas escolas municipais. O legado é muito importante, e o legado social é ainda mais importante para a secretaria, tentar fazer com que outras regiões do estado também se favoreçam dos jogos olímpicos. Tenho conversado muito com o secretário Nilo Félix, de Turismo, porque o turismo também vai ter um papel muito importante nesse legado para o interior. Nós queremos que o turista que vier para os jogos vá também a Búzios, a Friburgo, a Petrópolis, a Vassouras, Cabo Frio..., locais com estrutura e atrações turísticas, fazendo gerar a economia uma vez que esses visitantes passarão um tempo razoável por aqui.
Desde quando foram anunciados os jogos olímpicos assumiu-se o compromisso da construção de um novo autódromo no Rio de Janeiro, uma vez que a antiga pista de Jacarepaguá acabou sendo sacrificada para a construção da vila olímpica. O compromisso da pista em Deodoro continua de pé?
Sim, essa pista vai acontecer. O prefeito Eduardo Paes se comprometeu publicamente, e o terreno já foi definido, fica na região entre Deodoro, Anchieta e Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio. A ideia é construir ali, e agora tento agendar reunião com o Ministério do Esporte e a comissão pró-autódromo, que eu recebi na secretaria. Esse pelito precisa ser levado ao ministro dos esportes. Já telefonei ao ministério para tratar do assunto, porque preciso de uma força maior neste caso. O ministério também tem que ser parceiro, investindo em conjunto com o governo municipal, que já está se comprometeu verbalmente com esta obra. Eu acredito na concretização do autódromo do Rio, e diria que para a cidade - que está se especializando em receber grandes eventos - ter um autódromo é fundamental. Eu também sou entusiasta do automobilismo. O estado do tem pistas de kart bacanas em Volta Redonda, no Rio, em Guapimirim...
A construção de um kartódromo nesses moldes em Nova Friburgo poderia contar com apoio da secretaria estadual?
Com certeza. Total apoio. Aliás, eu gostaria de agradecer à população de Nova Friburgo, que sempre está nos cobrando melhorias através das redes sociais, e dizer que eu já recebi um pedido sobre a organização de um campeonato brasileiro de Jiu-Jítsu, e a secretaria se compromete em lutar para trazer esse campeonato brasileiro. Além dele, a secretaria também está a disposição para ajudar a concretizar outros eventos que Nova Friburgo queira realizar. Eu sei, por exemplo, que a cidade possui bastante tradição em relação às corridas de rua. E também para continuar trazendo escolinhas como estas do Léo Moura, de enorme sucesso, e também as obras, porque é sempre importante revitalizar as quadras, os campos... Por isso, apelo as empresas locais que tenham interesse e condições de aportar esses recursos, para que façamos isso juntos e possamos assim reformar locais importantes da cidade.
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