Marcas da tragédia de 2011 ainda podem ser vistas em vários pontos da Vilage

quinta-feira, 01 de novembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Marcas da tragédia de 2011 ainda podem  ser vistas em vários pontos da Vilage
Marcas da tragédia de 2011 ainda podem ser vistas em vários pontos da Vilage

Flávia Namen
Localizado próximo ao Centro, Vilage é um dos mais tradicionais bairros de Nova Friburgo, oferecendo uma boa qualidade de vida a seus moradores. A facilidade de acesso, a proximidade do comércio e serviços e a tranquilidade são as principais vantagens apontadas por quem mora no bairro, que abriga várias instituições de ensino como a Universidade Candido Mendes (Ucam), o Externato Santa Ignês e a creche municipal e escola infantil João Batista Faria. Apesar das vantagens, vários problemas têm prejudicado a rotina da comunidade, conforme constatou a equipe de A VOZ DA SERRA em recente reportagem no bairro.
A maior queixa dos moradores refere-se às marcas da tragédia de janeiro do ano passado que ainda estão presentes em pontos do bairro, principalmente na parte alta. Na Rua Humberto Gomes, por exemplo, várias casas estão abandonadas e repletas de marcas que determinam sua demolição. As construções estão cercadas de mato, lixo e terra, comprovando o abandono da área. “Praticamente nada foi feito nesta rua. Algumas casas foram parcialmente demolidas, mas não terminaram o trabalho. Há um ano e meio estou pedindo à Prefeitura para refazer o bueiro próximo à minha casa mas ninguém apareceu até agora. O local está muito perigoso e também estou preocupada com a proximidade do período de chuvas”, diz Maria de Fátima Reis de Oliveira, moradora do bairro há 25 anos. 
O risco de algumas casas condenadas desabarem sobre a parte baixa do bairro está preocupando muita gente. “Aquilo está um perigo e já deveriam ter demolido as casas, limpado e reflorestado a área como estão fazendo na Rua Cristina Ziede. Sem contar que no final da rua há um amontoado de sucata e ferro-velho”, disse um morador que preferiu não se identificar. O comerciante Geraldo Moreira engrossa o coro dos descontentes. “Nosso bairro está largado. Antes da tragédia estávamos esquecidos, mas depois ficamos abandonados à própria sorte. Sabemos que o dinheiro veio, mas não foi usado aqui”, disse ele, que reside há 33 anos no bairro, onde também tem uma pequena mercearia.

Cenário de destruição já foi mostrado em outras matérias
As marcas da catástrofe do ano passado também podem ser vistas na Rua Andrade Neves, onde há restos de barranco e de duas casas que desabaram próximo ao numero 94. No início da Rua Coronel Sarmento, alguns veículos permanecem estacionados desde a tragédia e o mato já está crescendo em torno deles. “A rua não é garagem e esses carros estão parados ali há quase dois anos prejudicando a comunidade. Nem posso estacionar meu carro em casa porque não tenho como manobrar”, disse uma moradora que preferiu não se identificar. 
A manutenção das áreas de lazer do bairro também está deixando a desejar. Na Praça Primeiro de Março os jardins estão em péssimo estado de conservação e faltam mais bancos e lixeiras. “À noite, o problema é o tráfico de drogas que corre solto ali e ninguém toma providências”, disse um morador das imediações que pediu para não ser identificado. Na outra praça, em frente à Ucam, também faltam lixeiras, os jardins estão mal cuidados e havia muito lixo acumulado durante a realização desta matéria. 
A reportagem constatou ainda que o bairro necessita de serviços de capina, limpeza e pavimentação das vias. Várias ruas como a Zair Pires Pirazzo, Affonso Sardou e Humberto Gomes estão com as pistas em condições precárias. A instalação de placas e de quebra-molas para limitar a velocidade dos veículos que trafegam na parte baixa do bairro é outra reivindicação antiga. “Os carros passam aqui em alta velocidade e já presenciei alguns acidentes. Acho que poderiam instalar alguns quebra-molas para acabar com esse problema. Há anos fiz esse apelo e saiu até matéria em A VOZ DA SERRA, mas não fui atendido”, disse o comerciante Maurício Salles, há 33 anos no bairro. 
 Vale destacar que o cenário de destruição que tomou conta da Vilage após a catástrofe já foi mostrado pelo jornal ao longo do ano passado. De lá para cá, pouco foi feito e a comunidade agora deposita esperanças no futuro governo municipal. “A Vilage é um bairro muito bom e tranquilo de se viver, além de ser bem localizado, pertinho do Centro. Infelizmente estamos com muitos problemas e fomos esquecidos pelas autoridades. Vamos aguardar o próximo prefeito para ver se a situação melhora”, conclui Geraldo Moreira. 

Prefeitura Responde:

Por que vários pontos do bairro ainda não passaram por obras de limpeza e infraestrutura após a catástrofe de 2011? As casas interditadas na Rua Humberto Gomes, por exemplo, ainda não foram demolidas e estão cercadas pelo mato.
Questão de casas demolidas é com o Estado, por isso não pode haver interferência de outra esfera.

No início da Rua Humberto Gomes, um bueiro sem tampa oferece risco a quem passa no local e no final, um amontoado de sucatas completa o quadro de abandono. Moradores reclamam que já solicitaram o reparo do bueiro há mais de um ano e nenhuma providência foi tomada.
A Secretaria de Obras já foi informada e tomará providências em relação aos bueiros.

Na Rua Coronel Sarmento há carros estacionados desde a catástrofe e que já estão cercados pelo mato. 
O superintendente da Autran informou que a forma correta é a associação de moradores entrar com um pedido de retirada dos veículos, que são propriedade particular, na autarquia, para que a mesma entre em contato com os proprietários para a remoção.

Na Rua Andrade Neves também há restos de barranco e entulhos de duas casas que desabaram.
O secretário de Serviços Públicos, Alexandre Cruz, informou que a associação de moradores deve entrar com pedido no Ministério Público, para que a Prefeitura tome as providências de retirada dos entulhos, uma vez que os mesmos estão em propriedade particular e, por isso, a Prefeitura não pode intervir oficialmente.

Por que não há placas de sinalização com limite de velocidade para os veículos? Moradores reclamam que os carros passam em alta velocidade em locais como a Rua Professor Freeze.
A associação de moradores deve entrar com solicitação na Autran, que já instalou nesse ano mais de 150 placas novas, além das repostas. 

Por que o bairro ainda está com a pavimentação precária em vários pontos como nas ruas Zair Pires Pirazzo e Affonso Sardou? 
O secretário de Obras informou que a medida correta é a associação ou o próprio cidadão abrir processo no protocolo da Prefeitura solicitando a Operação Tapa-Buracos em sua rua, pois existe um cronograma de trabalho.

Por que a Praça Primeiro de Março e a localizada em frente Ucam estão com os jardins em péssimo estado de conservação? Também faltam lixeiras e manutenção dos bancos.
O secretário de Serviços Públicos disse que o serviço de roçada é feito regularmente nas praças, mas que irá verificar como estão as condições dos jardins nas relatadas especificamente.

Está programado algum mutirão de limpeza e capina do bairro e de instalação de novas lixeiras nas principais ruas? 
O secretário de Serviços Públicos disse que na próxima segunda-feira, 5 de novembro, a Secretaria iniciará a Operação Papai Noel, que é um grande mutirão de limpeza no centro da cidade, do bairro Ypu a Duas Pedras, e demais bairros de Nova Friburgo posteriormente. Serão limpezas de bueiros, pinturas de meio-fio, capina e roçadas, etc.

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