Pelo menos 10 árvores que estão em uma calçada na Avenida Rui Barbosa, às margens do Rio Bengalas, no centro de Nova Friburgo, estão com as copas — a parte superior onde ficam os galhos e as folhas — desfiguradas. A poda realizada nas árvores para evitar que os galhos encostem-se aos cabos dos postes, e prejudiquem o fornecimento de energia elétrica e as telecomunicações, foi realizada de maneira incorreta e isso pode causar a morte da espécie.
“Observa-se que os cortes foram realizados sem nenhum tipo de critério, as pontas estão mutiladas (lascadas e/ou quebradas), não foram cortadas em bisel (angulado) para impedir que algum agente patógeno contamine a árvore, diminuindo sua vida útil. Há árvores que ainda estão tortas, em relação ao seu eixo de equilíbrio”, explicou o engenheiro florestal Roberto Frossard.
Nesta terça-feira, 11, a equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA observou que, apesar dos cortes, alguns galhos continuam muito próximos dos cabos dos postes. Um fio de transmissão de dados, de TV por assinatura ou internet, estava solto, caído sobre algumas árvores. “Nós precisamos questionar a qualificação da empresa e do responsável técnico que responde pelo serviço de manejo, sem esquecer que a Prefeitura precisa fiscalizar o serviço contratado”, observou o especialista.
Para Roberto Frossard, que é formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), falta de planejamento na execução dos serviços é a causa dos erros no manejo das árvores em Nova Friburgo. Em janeiro, o governo municipal iniciou uma operação de podas e cortes dos eucaliptos da Praça Getúlio Vargas, no Centro, que causou comoção na cidade, e foi parar na Justiça. Entre as dezenas de árvores cortadas na operação, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) verificou, em fevereiro, que dois eucaliptos foram retirados da Praça sem necessidade. Nos dois relatórios que orientaram os serviços da Prefeitura, ativistas do movimento social “Abraço às árvores – SOS Praça Getúlio Vargas” identificaram que a quantidade de eucaliptos que deveriam ser cortados difere nos relatórios. Até que o terceiro laudo fique pronto, os serviços na Praça continuam parados por determinação do Ministério Público Federal (MPF).
“O planejamento antes do início do trabalho continua sendo a ferramenta essencial. É preciso identificar qual a real necessidade de intervenção nas árvores, e existem várias técnicas para isso. Mas é fundamental realizar o mapeamento das espécies que compõem a malha de arborização municipal, com a produção de fichas de controle, listando o nome da espécie, época de florescimento, cor e época das floradas, estado fitossanitário, diagnóstico e intervenção necessária”, disse Frossard.
Ainda segundo o engenheiro florestal, a Prefeitura precisa desenvolver um programa de arborização urbana que contemple as espécies mais indicadas ao plantio em vias públicas, substituindo as espécies que causam conflitos, como quebra de calçadas, queda de folhas e flores escorregadias, frutos de grande porte, espécies com espinhos e tóxicas. “Falta uma equipe orientada e capacitada para a execução da manutenção das árvores urbanas, produzindo mudas para a substituição de árvores danificadas, realizando as podas de condução e formação para que se previnam acidentes futuros”, disse.
Em nota, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que enviaram, nesta quarta-feira, 12, uma equipe da fiscalização para verificar como a poda está sendo feita.
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