Mais uma residência no Centro cede espaço a um estacionamento

Antiga casa de Madame Santana se tornou símbolo da crescente tendência
quarta-feira, 23 de março de 2016
por Flávia Namen
Este imóvel na Rua Augusto Cardoso foi recentemente demolido, chamando atenção de quem passa pelo trecho (Foto: Google)
Este imóvel na Rua Augusto Cardoso foi recentemente demolido, chamando atenção de quem passa pelo trecho (Foto: Google)

Foi-se o tempo em que as ruas do centro de Nova Friburgo eram repletas de imóveis residenciais que imprimiam à cidade um visual típico de interior. Ao longo da última década, entretanto, várias casas deram lugar não só a edifícios como também aos disputados estacionamentos. A cada ano que passa, residências que compunham a paisagem friburguense têm sido derrubadas até sumirem totalmente do cenário urbano e serem substituídas por áreas destinadas a veículos. A mais recente delas está situada na Rua Augusto Cardoso, 86, onde um novo estacionamento deve surgir em breve para atender à crescente demanda por vagas na cidade.

A prática de demolir casas no Centro para dar vez aos estacionamentos vem se tornando um costume ao longo dos últimos anos e já foi abordada ano passado por A VOZ DA SERRA. Na época, moradores como o cantor Noel expressaram todo o seu descontentamento com a tendência pelos prejuízos à memória do município. “A história de Nova Friburgo está gradualmente sendo destruída para criar vagas de estacionamento. Uma das primeiras casas a ser demolida para o espaço virar um estacionamento foi a de Madame Santana, que ficava situada em frente à prefeitura. A casa ao lado do Cadima Shopping também tornou-se estacionamento assim como muitas outras pela cidade. Acho que é preciso controlar essa situação”, disse ele na ocasião. 

É importante destacar que, de acordo com a legislação municipal, a demolição de imóveis não é proibida, salvo os tombados pelo patrimônio devido ao valor histórico, arquitetônico e cultural. Para muitos moradores, esse seria o caso da antiga residência de Madame Santana, que deveria ter sido tombada e se transformado em um museu ou centro cultural. Com três salões, duas salas, oito quartos, além de outras dependências, um amplo jardim de camélias e um majestoso pomar, a residência situada em um ponto nobre da Avenida Alberto Braune ainda não havia sido demolida até princípios do ano 2000. 

“Aquela casa merecia ter sido preservada para criação de um museu ou um espaço para a cultura. Mas, infelizmente, a especulação imobiliária falou mais alto”, disse um leitor que entrou em contato com a redação e preferiu não se identificar.

Vale lembrar que, segundo matéria publicada em A VOZ DA SERRA na edição de 16 de maio de 2000, a estrutura do histórico palacete de Madame Santana foi gradativamente sendo destruída por seus herdeiros na calada da noite até desabar. Isso evitou o provável tombamento do histórico imóvel. Passados 16 anos, o casarão ainda é lembrado com nostalgia pelos moradores mais antigos, que lamentam o surgimento de um amplo estacionamento no lugar do imponente imóvel.

Históricas ou não, as residências derrubadas ao longo dos últimos anos no centro da cidade representam uma mudança no aspecto paisagístico de conhecidos endereços. Locais como as ruas General Osório, Fernando Bizzotto, Oliveira Botelho, Augusto Spinelli e José Eugênio Müller, são alguns pontos onde imóveis foram abaixo para dar lugar a estacionamentos. Além de ser um reflexo do crescimento do município, o fato evidencia a necessidade de melhorias no transporte público e de construção de ciclovias, a fim de reduzir o excesso de veículos que circulam pela cidade, conforme já observado por leitores em contato com a redação do jornal. 

Foto da galeria
Situado em um terreno da Avenida Alberto Braune, o palacete de Madame Santana foi um dos primeiros imóveis da cidade a dar lugar a um estacionamento (Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)
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TAGS: Trânsito | urbanismo | prédios históricos
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