Mais de 12 milhões de brasileiros sofreram alguma fraude financeira no último ano

Não receber item comprado, produto ou serviço diferente das especificações e clonagem de cartão: os golpes mais comuns
terça-feira, 20 de agosto de 2019
por Jornal A Voz da Serra
Mais de 12 milhões de brasileiros sofreram alguma fraude financeira no último ano

As fraudes financeiras representam um risco para a segurança de diversos setores da economia, sejam  consumidores, empresas ou governos. Com o avanço tecnológico, as oportunidades e os métodos para fraudar também vêm se tornando cada vez mais sofisticados, causando danos financeiros em um número cada vez maior de pessoas. De acordo com pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 46% dos internautas foram vítimas de algum tipo de golpe financeiro nos 12 meses anteriores ao estudo, o que equivale a um universo aproximado de 12,1 milhões de brasileiros.

Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, é importante que o consumidor tome cuidados básicos. “O comércio eletrônico tem crescido consistentemente no Brasil, em grande medida, devido a uma combinação entre diversidade, preços competitivos, comodidade e segurança nos mais diversos segmentos de consumo. Entretanto, muitas pessoas não tomam os cuidados necessários nas transações on-line o que contribui para que sejam enganadas. São comuns, por exemplo, ofertas com valor muito abaixo da média praticada no mercado, o que já mostra um indício de que pode ser se tratar de tentativa de golpe”, alertou.

Golpes em sites e notificações falsas

Pouco mais da metade dos entrevistados afirma ter sofrido algum prejuízo financeiro com a fraude, sendo o valor médio do dano de R$ 478. A estimativa é de que o prejuízo total decorrente de fraudes financeiras nos 12 meses anteriores à pesquisa chegue a cerca de R$ 1,8 bilhão. Dentre os fatos que antecederam a fraude, os mais comuns foram perda de documentos pessoais, roubo, assalto ou furto, perda de cartão de débito ou crédito e fornecimento acidental de dados pessoais para terceiros por telefone, e-mail, WhatsApp ou em sites.

Dos que disseram ter fornecido acidentalmente dados pessoais ou cópias de documentos pessoais para terceiros, 40% cadastraram seus dados em sites falsos de promoção, 39% se inscreveram em suposta vaga de emprego, 22% realizaram compra em site falso sem perceber, 21% receberam um contato telefônico de uma pessoa se passando por funcionário da instituição financeira, 18% receberam notificação falsa para quitação de débito e 18% receberam falso e-mail de banco ou empresa pedindo atualização de dados cadastrais ou bancários.

Perfil de  vulneráveis

Diante dessa vulnerabilidade, as fraudes mais sofridas pelos entrevistados foram o não recebimento de produto comprado, compra de um produto ou serviço diferente das informações especificadas pelo vendedor, cartão de crédito ou débito clonado, contratação de serviços ou compra indevida de itens usando documentos falsos, perdidos ou roubados da vítima, transações financeiras em conta bancária sem autorização e pagamento de serviço não realizado.

Entre os serviços contratados e não realizados, estão o serviço de falsa agência de emprego, de empresa de renegociação de dívidas, de organizadores de festas e de limpeza de nome negativado. Já para quem teve produtos ou serviços adquiridos em seu nome, usado em documentos falsos, perdidos ou roubados, as ações criminosas mais comuns foram a contratação de pacotes de internet, TV por assinatura, linha de telefone celular, empréstimo e crediário.

As medidas mais adotadas para se proteger e evitar novos golpes são: fazer compras somente em locais confiáveis, pesquisar sobre a reputação das lojas em sites de reclamação e redes sociais, não compartilhar dados pessoais nas redes sociais e não responder a e-mails ou telefonemas que solicitam informações pessoais como senhas, número de cartão ou de conta bancária.

As vítimas de fraudes financeiras estão distribuídas quase que igualmente entre mulheres e homens, com média de idade de 37 anos. Considerando a renda familiar, os entrevistados estão divididos em três intervalos principais: 23% ganham de R$ 999 a R$ 1.996, outros 22% de R$ 2.995 a R$ 4.990 e 20,5% recebem de R$ 1.997 a R$ 2.994. Pouco menos da metade reside no Sudeste.

Negativado  após fraude

Três em cada dez vítimas tiveram o nome negativado devido a fraude. Os problemas decorrentes podem afetar o acesso ao crédito do consumidor e até mesmo ocasionar consequências emocionais e para a saúde. Tendo em vista as demais consequências, mais da metade relata estresse, ¼ precisaram ajustar o orçamento para cobrir prejuízos e/ou perderam tempo regularizando a situação na polícia e órgãos competentes e ainda casos de depressão, ansiedade e/ou problemas psicológicos.

Metodologia

A pesquisa ouviu 917 pessoas residentes em todas as capitais do país, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos e de todas as classes sociais. Os dados foram levantados em uma pesquisa conduzida pela CNDL e pelo SPC Brasil em parceria com o Sebrae. A íntegra da pesquisa está  em https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas.

 

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