“O inventor do som sinfônico tropical brasileiro.” Desta forma o maestro e compositor Ricardo Tacuchian definiu o personagem-tema de sua palestra “Grandes compositores brasileiros: o legado de Villa-Lobos, 50 anos após a sua morte”, no último sábado, 24, na sede da banda Euterpe Friburguense. A palestra foi promovida pelo Pontinho de Leitura da banda, em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura.
Por quase duas horas, o palestrante, que é membro da Academia Brasileira de Música (criada pelo próprio Villa-Lobos em 1945 e mantida até hoje com doação de seus direitos autorais), valorizou a obra de um dos maiores compositores brasileiros, destacando a importância e a penetração de suas criações musicais em vários países, principalmente na Europa, destacadamente na França, e ainda nos Estados Unidos. O maestro observou ainda o fato de Villa-Lobos ter ousado inventar, em suas composições, sons que retirava das matas e cânticos indígenas, e acabaram consagrados como marca de sua obra.
Dividindo sua apresentação em quatro fases da vida do compositor e maestro Heitor Villa-Lobos, Tacuchian lembrou o empenho pela musicalização das crianças brasileiras, a partir do projeto chamado "Canto Orfeônico", no governo de Getúlio Vargas, na década de 1930, em que eram reunidas milhares de crianças no campo do Vasco da Gama, para apresentações de canto coral de alunos das escolas públicas. “Essa foi uma grande contribuição para a educação musical brasileira, infelizmente mais tarde interrompida”, lamentou o palestrante.
Para Tacuchian, a música de Villa-Lobos foi entendida pelo mundo inteiro, não só no Brasil, o que contribuiu ainda para que o seu legado perdurasse até os dias de hoje, meio século após o seu falecimento, e que se mantivesse ‘vivo’ através de suas obras. Ele lembrou o fato do compositor ter descoberto um câncer, em 1948, mas ter resistido por dez anos com a doença, parecendo que a música conferia-lhe vigor ainda maior.
O palestrante ainda mencionou o fato da longevidade da obra de Villa-Lobos estabelecer a qualidade de suas composições: “Quando a obra perdura, esse é o seu critério de valor. E o legado de Villa-Lobos até os nossos dias está aí exatamente para comprovar isso”, acentuou o maestro.
O palestrante encerrou sua apresentação destacando, com fotos da Euterpe e de Villa-Lobos, o fato de que quando o compositor nasceu, em 1887, a agremiação sesquicentenária friburguense tinha 24 anos de existência. E finalizou: “São dois patrimônios da cultura brasileira, que resistem no tempo”.
O presidente da Euterpe, Paulo Benitez da Silva, o maestro Nelson José da Silva Neto e o ex-presidente Francisco de Assis da Silva agraciaram o palestrante com um certificado de agradecimento por sua disponibilidade de vir à cidade. Benitez lembrou as atividades do Ano Villa-Lobos em Nova Friburgo, no qual a Euterpe e parceiros, como o Grupo Arte, Movimento e Ação (Gama), A VOZ DA SERRA, Associação Comercial e Industrial (Acianf), Academia Friburguense de Letras, União Brasileira de Trovadores, entre outros, celebraram o centenário da estreia do compositor em Nova Friburgo, a 29 de janeiro de 1915, no extinto Theatro Dona Eugênia.
O presidente anunciou para o mês que vem a próxima palestra no Pontinho de Leitura, a ser proferida pelo professor Paulo Jordão Bastos, em data ainda a ser programada.
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