O município vizinho de Macuco se inspirou em projeto de conclusão de curso, elaborado por um geógrafo, morador de Nova Friburgo, e construiu um aterro sanitário de pequeno porte, que está em funcionamento há quase dois anos. O autor do projeto é Pedro de Paulo, que também é professor e formado em Geografia do Meio Ambiente, em 2004, em uma universidade do Rio de Janeiro. De acordo com o geógrafo, enquanto estudava para apresentar o projeto, apresentou a mesma ideia em Nova Friburgo, mas, como o município já possui um aterro sanitário particular, o projeto foi apresentado à Prefeitura de Macuco, que decidiu investir na ideia.
“Desde a defesa de minha monografia, em 2004, fiquei na expectativa de que Macuco implementasse um aterro sanitário. Afinal, a situação da destinação do lixo beirava a catástrofe. Macuco despejava todo o lixo municipal atrás de uma fazenda. No mês que iniciei minhas pesquisas, janeiro de 2004, o lixão de Macuco sofreu um deslizamento por causa do acúmulo de disposição inadequada do lixo. Para encontrar uma solução para Macuco, fiz uma pesquisa em três estados: Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Foi no DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana) de Porto Alegre que encontrei a solução para Macuco”, explicou.
Segundo o geógrafo, em uma pesquisa ele encontrou um projeto piloto da UFMG de um aterro sanitário de pequeno porte – também chamado de aterro sanitário manual – no município de Catas Altas-MG. Um aterro sanitário é uma obra de engenharia para a disposição de resíduos sólidos urbanos que procura minimizar os impactos ambientais e costuma ter a compactação do solo para diminuição da sua porosidade (capacidade de absorção de água), colocação de geomembrana (manto plástico) para evitar o contato do chorume (água do lixo) ao solo e ao lençol freático, drenagem e tratamento do chorume, canalização e queima ou aproveitamento do gás metano produzido pela decomposição da fração orgânica do lixo, drenagem da água da chuva. Alguns são associados à unidades de triagem de recicláveis.
“Um aterro sanitário de pequeno porte emprega as mesmas técnicas de um aterro sanitário convencional, mas adaptado para uma menor quantidade de lixo e para a realidade econômica de municípios pequenos, cujas prefeituras possuem menos recursos financeiros para a sua implementação. Fui pessoalmente a Catas Altas conferir o projeto. Durante minhas pesquisas conheci também alguns aterros sanitários no Rio Grande do Sul e lixões no Estado do Rio”, disse.
Ainda de acordo com Pedro de Paulo, um lixão é simplesmente um depósito de lixo a céu aberto, sem nenhum controle ambiental. “Rios e mananciais próximos são contaminados pelo chorume, assim como o lençol freático (camada de água natural abaixo do solo). Tem a proliferação de vetores (animais que transmitem doenças) e poluição visual. Como não costuma existir controle de acesso aos lixões, catadores de materiais recicláveis que ali atuam costumam ficar à mercê de acidentes e doenças”, contou.
Pedro conheceu o aterro de Macuco em 2010 e ficou impressionado que suas ideias tivessem sido colocadas em prática. “Quem me apresentou o aterro de Macuco foi o secretário de Meio Ambiente de Macuco, Firmo Daflon. Ele não conhece o aterro da EBMA, em Friburgo, e gostaria de conhecer. Me chama a atenção o aterro sanitário de Macuco ser único de pequeno porte na região. Soube que todo o lixo de municípios vizinhos à Nova Friburgo é levado para um aterro sanitário maior em Santa Maria Madalena. Minha ideia era justamente permitir que Macuco tenha um aterro piloto de pequeno porte no estado do Rio de Janeiro, tal como era o de Catas Altas, MG - cuja população é equivalente à de Macuco”, finalizou Pedro.
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