Por Pedro Paulo Lomba / Fotos: Regina Lo Bianco
A proposta de transformação de parte da Área de Preservação Ambiental (APA) de Macaé de Cima num refúgio de vida silvestre, feita recentemente por um grupo de moradores da bucólica e paradisíaca localidade de Nova Friburgo, já conta com aliados em Paris, na França. Os defensores internacionais da iniciativa considerada por eles como desenvolvimento permanente, integram ainda a Unesco. A intenção dos que apostam na viabilidade da criação do refúgio da vida silvestre é manter os moradores dos parques naturais em plena harmonia com a natureza, garantindo a sustentabilidade do ecossistema.
Infelizmente no Brasil ainda se cultua a filosofia de que todos os moradores de áreas protegidas ambientalmente devem ser retirados dali e indenizados. O mais antigo parque nacional brasileiro, o de Itatiaia, no Sul do estado, ainda tem ex-moradores à espera de indenizações. Para fazer valer essa decisão tomada só no papel seriam necessários bilhões de dólares. No exterior, os parques naturais podem receber visitantes e ter moradores. Por que aqui no Brasil não?
Para os defensores da criação do refúgio de vida silvestre em Macaé de Cima, que já conta com o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Nova Friburgo, sua implantação será um ato de sensatez, transformando o município de província regionalista a global. Vale ainda lembrar que a Unesco (apoiadora da criação do refúgio na APA de Macaé de Cima) tem história no ramo. Em 1968, ela realizou a pioneira Conferência da Biosfera, que reuniu pela primeira vez governos na tentativa de unificar a conservação e o uso humano dos recursos naturais do planeta. Era o lançamento da ideia do desenvolvimento sustentável.
Dois anos depois, a Unesco criou o Programa Sobre o Homem e a Bisofera (MAB) que evoluiu para organizar uma rede mundial de áreas protegidas que guardam diferentes ecossistemas do planeta, denominadas reservas de biosfera. Hoje existem 529 reservas desse tipo em 105 países. Os que propõem a inscrição de áreas de seus territórios nesta rede mundial se comprometem a aplicar projetos e programas de desenvolvimento sustentável. Já em março de 1991 a Unesco inscreveu a reserva de biosfera da mata atlântica Tijuca-Tinguá-Órgãos, no estado do Rio, incluindo o ecossistema da região de Macaé de Cima. Onze anos depois, toda a mata atlântica brasileira passou a ser considerada como reserva de biosfera pela Unesco, quando já havia sido criado o Parque Estadual dos Três Picos.
É bom destacar que uma reserva de biosfera tem a finalidade de conservar ecossistemas e espécies promovendo um desenvolvimento econômico e humano, cultural, social e ecologicamente sustentável, como o proposto com a criação do refúgio de vida silvestre de Macaé de Cima. Cabe também às reservas oferecer o suporte logístico necessário para a realização de pesquisas, monitoramento e educação ambiental, o que já vem sendo feito na região de Macaé de Cima desde a década de 1990, com o projeto Mata Atlântica, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Mais informações podem ser obtidas na página da Unesco na internet: www.unesco.org/mab.
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