A DIVULGAÇÃO, na última quinta-feira, 8, da nota da educação no Brasil mostra que o aprendizado continua ruim, principalmente no ensino médio, etapa que vai do 1º ao 3º ano (antigo colegial). O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2015 do ensino médio ficou em 3,7 — numa escala que vai de 0 a 10. A média esperada para a etapa do ensino era de 4,3. O dado é absolutamente negativo e coloca o quadro geral do Brasil abaixo das expectativas. Considerado um dos principais gargalos do Brasil, o ensino médio mantém o índice de 3,7 desde a edição de 2011.
AS NOTÍCIAS da educação não são boas. A cada dois anos, o Ministério da Educação escancara a realidade do ensino brasileiro divulgando o índice que estabelece médias de rendimento dos estudantes do país, dos estados, dos municípios e por escolas. As médias de 2015 são insuficientes no ensino médio, o pior resultado em matemática desde 2005 e estagnação em português. Nos dois ciclos do ensino fundamental, houve leve avanço.
A PIORA EM matemática assusta muito, pois essa disciplina é essencial para áreas como a engenharia e a tecnologia, que são decisivas para o desenvolvimento do país. De acordo com o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o resultado obtido pelos estudantes brasileiros em matemática classifica-os como incapazes de fazer cálculos simples. E menos de 9% deles escapam dessa sentença ao fracasso exatamente no período de formação decisivo para o encaminhamento ao exercício de uma atividade profissional.
A BARREIRA DA matemática é a maior evidência de que o ensino brasileiro precisa de reformas urgentes. E elas incluem, desde a revisão da grade de matérias do ensino médio até a formação de professores, passando pela escola de tempo integral e pela disseminação de experiências diferenciadas.
A REFORMA DO ensino médio, já em tramitação no Congresso, é apenas um passo na longa caminhada que o Brasil precisa fazer para qualificar o seu sistema educacional. Mais importante do que as alterações legislativas, porém, é mudar a cultura: não podemos mais aceitar como verdade uma expressão cunhada para rebaixar ainda mais o ensino público, pela qual “o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende”.
NA MAIORIA dos casos, não é verdade. Os professores públicos, muitas vezes mal pagos e trabalhando em condições precárias, se esforçam muito para ensinar, e a maioria dos alunos oriundos da parcela mais carente da população vai para a escola exatamente para buscar uma alternativa de ascensão social. O Ideb mostra que não estamos alcançando esses objetivos — o que nos deixa na obrigação de trabalhar ainda mais para atingi-los. Em educação, toda má notícia tem que ser encarada como um desafio.
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