O lutador friburguense de jiu-jitsu Kleiton Teixeira, de 31 anos, participou no mês passado dos campeonatos Londres Open IBJJF, Roma Open IBJJF e o Europeu sem Kimono (No-Gi), e fez bonito. Ele trouxe para casa cinco medalhas internacionais, duas de segundo lugar em Londres, além de outra de segundo lugar e duas de terceiro lugar, em Roma. Nesta entrevista ele comenta seu desempenho. Confira.
AVS: Foi seu primeiro campeonato fora do Brasil?
Kleiton: Não. Eu já competi há dez anos na Argentina, quando era faixa azul.
Como foi essa nova experiência de ter lutado no exterior?
Foi bem bacana a experiência de vivenciar culturas diferentes, conhecer um pouco como os moradores vivem. Minha vontade era de estar ali, vivendo aquilo tudo para sempre.
Qual a sensação de voltar para casa com cinco medalhas internacionais?
Uma grande emoção. Foi gratidão mesmo. Eu não acreditava na possibilidade de ir lutar fora do país. É um processo muito caro, mas as coisas foram se encaixando de uma forma surpreendente.
Qual importância Nova Friburgo tem na sua carreira?
Eu nasci e cresci aqui, gosto muito dessa cidade. Só acho que a população precisa olhar e pesquisar mais sobre os atletas friburguenses, muitos possuem um grande potencial e não são tão reconhecidos.
Como e quando o jiu-jitsu entrou na sua vida?
Tem uns 11 anos que eu abracei o jiu-jitsu. Eu era fumante e bebia com certa frequência, porém, chegou uma fase que eu fiquei enjoado dessa rotina. Foi quando eu decidi entrar para as aulas de jiu-jitsu. Gostei bastante e nunca mais parei.
Qual era a sua profissão antes de se dedicar totalmente ao jiu-jitsu?
Eu trabalhava em uma confecção até uns quatro anos atrás e intercalava a carga horária do trabalho com meus treinos. Depois disso, me deu uma "louca", comprei alguns tatames, coloquei no porta-malas do carro e fui batendo de porta em porta nas escolas oferecendo aulas de jiu-jitsu. Atualmente dou aulas em alguns colégios e academias, sendo essa a minha renda principal.
Quando você decidiu começar a competir?
Eu tinha um psicológico muito ruim, não me achava capaz de competir e foram as crianças, do projeto social que eu tenho há cinco anos, que me incentivaram a competir. Graças a esse apoio estou aqui hoje.
Quais são as dificuldades enfrentadas no seu dia-a-dia, como competidor?
A parte financeira, sem dúvidas. É tudo muito caro nessa área.
Qual fato você considera mais marcante na sua carreira?
Acho que foi ter voltado a lutar após uma lesão que tive no joelho numa luta na cidade de São Paulo, em 2017. Eu rompi o ligamento e fiquei andando de muleta uns três meses e do nada eu voltei a treinar. Sem operar eu consegui voltar a lutar, mas estou na fila de espera para realizar a cirurgia até hoje. Nesses dois anos eu aprendi que o maior obstáculo que a gente tem, é a desculpa que damos para tudo, adiando as coisas por causa de uma chuva, por exemplo.
O que é o jiu-jitsu para você?
Hoje ele é tudo para mim. Eu treino e vivo o jiu-jitsu, isso mudou minha vida completamente.
Fale um pouco sobre seu projeto social...
O projeto é na laje da minha casa. Começou quando eu peguei a faixa roxa e tive um leve desentendimento com meu professor. Na época, mudei de professor e decidi abrir esse projeto, comprei placas de tatame com o dinheiro do meu PIS, coloquei-as na minha laje e fui perguntando para as crianças do meu bairro qual delas gostaria de treinar jiu-jitsu. Com um mês de atividades no projeto eu já tinha 40 alunos. Vendi meu carro, fechei o espaço para não molhar com a chuva, construí um banheiro e graças a Deus, estou conseguindo fazer cada vez mais melhorias nesse projeto.
Quais são suas próximas metas?
Participar dos campeonatos ano que vem e tentar realizar um plano, em junho, fazer um tour lutando o Espanha National, Londres National e o Alemanha National. Também gostaria de competir o Pan-Americano Sem Kimono (No-Gi), nos Estados Unidos.
Deixe um conselho para as pessoas que desejam investir nesta carreira
Acreditar, colocar Deus na frente de tudo, confiar no próprio potencial, que você é capaz. Não ficar esperando ter certa condição para realizar algo, pois ela não chega. A condição é você mesmo que cria. Tá difícil? Continue. Eu conquistei 18 pódios no ano passado e 14 este ano sem nenhuma condição para isso, porém, sempre foram surgindo ajudas ao longo do caminho. Precisamos lutar pelos nossos sonhos, nada cai do céu.
(* Texto do estagiário Thiago Lima, com supervisão de Henrique Amorim)
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