A luta para trazer a antiga Lagoinha de volta

Ao ouvir moradores da localidade, a palavra que ecoa por todos os lados continua sendo abandono
quinta-feira, 05 de novembro de 2015
por Jornal A Voz da Serra
A obra na Rua Souza Cardoso está parada. Via é muito utilizada em horáriod e pico (Foto: Lúcio Cesar Pereira)
A obra na Rua Souza Cardoso está parada. Via é muito utilizada em horáriod e pico (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

Quase cinco anos após a tragédia de 2011, a realidade do bairro Lagoinha parece não ser muito diferente daquela que já registramos em diversas reportagens publicadas em A VOZ DA SERRA desde então. Pelo que constatamos ao ouvir alguns moradores da localidade em visita realizada na manhã de ontem, 5, a palavra que ecoa por todos os lados continua sendo abandono.

Localizado a pouco mais de três quilômetros do Centro, o bairro é um dos mais tradicionais de Nova Friburgo e já foi uma referência em qualidade de vida e tranquilidade para seus moradores. No entanto, após a catástrofe climática, a Lagoinha passou a ser conhecida pelas marcas que as chuvas deixaram e pelos diversos problemas que persistem em prejudicar quem vive por lá e parecem não ter solução.

Na Rua Souza Cardoso, por exemplo, via muito utilizada por motoristas que querem fugir do trânsito do centro da cidade ao se dirigir em direção aos bairros de Olaria ou Suspiro, uma obra para conter a encosta que desabou em 2011 ainda não foi concluída. Em certo trecho, inclusive, a grade de proteção da calçada foi montada improvisadamente, com estacas de madeira. Ontem, por exemplo, não havia nenhum operário no local. Moradores e comerciantes temem que pedestres se acidentem ali, principalmente à noite.  

De acordo com a estudante Lívia Salgado, de 24 anos, esta não é a primeira vez que a intervenção é paralisada. “Desde que começou, no ano passado, a obra já parou algumas vezes. Desta última, um dos engenheiros responsáveis chegou a comunicar que a obra voltaria apenas em janeiro, por conta da falta de repasse de verbas. Até onde sabemos, ainda falta construir o segundo muro de contenção e as calhas que irão escoar a água das chuvas”, afirmou ela.

“Antes de a obra começar, quando andávamos pela calçada sentíamos o chão tremer quando algum carro passava. Hoje a situação é menos pior, mas o período de chuvas está começando e tememos que a parte da encosta que ainda não recebeu o muro possa cair”, disse um morador que preferiu não se identificar. Esta reconstrução de encostas faz parte de uma série de outras obras firmadas entre o governo municipal e o estadual em maio de 2014.

Além de bucólico e tranquilo, o bairro Lagoinha também já foi conhecido como destino turístico por abrigar cartões-postais da cidade, como o Clube Olifas. No entanto, atualmente ele também ainda é uma lembrança da tragédia de 2011. Com a piscina e a área de lazer destruídas pela correnteza de lama e destroços, o clube permanece fechado desde então. Segundo informações obtidas no local, o imóvel também teria sido adquirido pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), assim como parte da Fábrica Filó, mas ainda não passou por reformas. O Hotel Floresta também permanece como antes, fechado e sem sinal de revitalização.

Os moradores aguardam ansiosamente pelo mutirão de reparos promovido pela Prefeitura, já que muitas calçadas estão desniveladas e tomadas pela vegetação. A necessidade de capina é outra reivindicação da comunidade.  No córrego, onde  foi construída uma ponte, o mato chega a quase um metro de altura. “Essa ponte foi construída após muita reivindicação, mas não acredito que vá durar muito tempo. O asfalto se desfaz com o tráfego de veículos e já tem até uns buracos. Também por causa disso há uma proliferação de ratos terrível”, reclama a moradora Laureane de Souza, de 32 anos. “Nosso bairro era uma gracinha. Hoje não temos mais boas calçadas para caminhar. Tem mato para todos os lados, fizeram um asfalto que não resolveu. Precisamos de mais atenção”, protesta a aposentada Ondina Gomes, de 63 anos.

Quando o assunto é lazer, as queixas persistem. Curiosamente, o bairro possui quadra e campinho, mas, sem conservação. A quadra, ao lado da sede da associação de moradores, tem grades, traves e cesta de basquete enferrujadas e quebradas. Os bancos instalados na pequena área ao lado do espaço também estão quebrados e com vegetação crescendo no entorno. O campinho na parte mais baixa do bairro, próximo a Vila Amélia, está com o mato alto . A única praça existente na Lagoinha, ao lado da Escola Municipal Anna Barbosa Moreira, possui alguns bancos de cimento e recentemente teve alguns brinquedos já usados instalados, mas estes também não contam com manutenção.

  • Hotel Olifas era um dos cartões-postais da cidade ainda possui marcas da tragédia (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

    Hotel Olifas era um dos cartões-postais da cidade ainda possui marcas da tragédia (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

  • Brinquedos usados foram instalados há pouco tempo ao lado de escola municipal, após muitas reivindicações (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

    Brinquedos usados foram instalados há pouco tempo ao lado de escola municipal, após muitas reivindicações (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

  • Bancos quebrados, equipamentos enferrujados e vegetação dão aspecto de abandono à quadra de esportes do bairro (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

    Bancos quebrados, equipamentos enferrujados e vegetação dão aspecto de abandono à quadra de esportes do bairro (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

  • Falta de capina é evidente e se tornou obstáculo para pedestres; alguns trechos do bairro sequer possuem calçadas (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

    Falta de capina é evidente e se tornou obstáculo para pedestres; alguns trechos do bairro sequer possuem calçadas (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

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