Maurício Siaines
São Sebastião de Lumiar, 5º distrito de Nova Friburgo, comemora nesta quarta-feira, dia 20 de janeiro o dia do padroeiro do lugar. Trata-se de programação tradicional, que começará de madrugada, às 5h, com fogos e repicar de sinos, seguido, às 5h30, por uma passeata feita por músicos contratados pela paróquia de Lumiar, que percorrerão as ruas da localidade, parando em frente à sede da Sociedade Musical Euterpe Lumiarense, que pretende incorporar os atuais alunos de sua banda-escola, a partir do próximo ano, a essa comemoração do padroeiro do distrito.
A Euterpe Lumiarense foi fundada no Dia de São Sebastião, em 1891, época em que o país vivia a crise que marcou a consolidação da República. Além de ser desse ano a primeira Constituição republicana, aconteceu também a renúncia do primeiro presidente, Deodoro da Fonseca, substituído por Floriano Peixoto, que governou até 1894. Esse primeiro momento republicano, dirigido por militares, ficou conhecido como a república da espada, que foi seguido pela política do café com leite, assim chamado por causa da alternância de representantes de São Paulo e de Minas Gerais no poder. Como cantou Noel Rosa, “São Paulo dá café, Minas dá leite e a Vila Isabel dá samba”. Lumiar também deu muitas histórias.
Como ensina o professor Manoel Antônio Spitz Sodré, presidente da Euterpe Lumiarense, o nome do lugar se deve ao nobre francês Felipe de Roure, que veio para o Brasil em 1808, junto com o príncipe regente, que se transformaria no rei dom João VI. Sua moradia era o casarão que fica, até hoje, na praça do centro de Lumiar. Lumiarenses idosos do contam que na infância costumavam brincar no cemitério dos Roure, terreno próximo ao centro, hoje, um pasto. Felipe de Roure era casado com uma nobre portuguesa, que residia em um bairro de Lisboa conhecido como Lumiar. Ela era conhecida como a dama de Lumiar e por causa dela o lugar passou a ter esse nome.
Mais tarde, mudaram-se para a localidade os suíços, em busca de terras melhores para a agricultura que as do atual centro de Nova Friburgo, seguidos pelos alemães e depois italianos e libaneses. Em meados do século 19 a integração desses povos já compunha a população lumiarense.
A natureza de Lumiar encanta a todos: a vegetação, o barulho das águas que estão por toda parte, os pássaros. Mas pouca gente se lembra do valor da cultura local. O viajante que chega em um sábado e vai embora no dia seguinte, normalmente não tem tempo de tomar conhecimento da originalidade do modo de viver das pessoas da terra, com seus costumes e lendas muito próprios.
Não seria absurdo dizer que esse povo viveu na região quase da mesma maneira por mais de 150 anos. E o resultado é um conjunto de histórias e tradições, que estão vivas até hoje. Em outras palavras, pode-se dizer que em Lumiar vive uma população tradicional, que não é portuguesa, nem suíça, nem alemã, nem libanesa, nem italiana, que se enraizou na região de acordo com o modo de vida da época, ligado à agricultura.
A festa do padroeiro é tradicional no lugar. À alvorada com música e fogos de artifício segue-se o café da manhã comunitário na Ação Rural São Sebastião de Lumiar. As festividades se prolongarão por todo o dia, com missas às 10h e às 18h e procissão às 19h. No domingo, dia 24, continuarão as atividades comemorativas de São Sebastião, com missas, almoço comunitário e outra procissão, às 19h.
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