Participar da decisão do Campeonato Carioca, ainda que por poucos minutos, já seria um enorme passo na carreira de Lucas. O volante, revelado pelo Friburguense, entrou em campo aos 38 minutos do segundo tempo da final entre Botafogo e Vasco, no último domingo, 3. O jogador fez mais do que apenas reforçar a marcação no meio-campo, como havia pedido o técnico Doriva — foi de Lucas o passe para o gol de Gilberto, já nos acréscimos, trazendo a vitória por 2 a 1 e o título para o time de São Januário.
“Quando o Madson pegou a bola para cobrar o lateral, eu percebi o espaço e me projetei nas costas do zagueiro. Naquele momento o Botafogo estava todo à frente para tentar o segundo gol. Eu observei o Gilberto em liberdade, e quando fiz o passe eu torci muito para sair o gol”, conta sorridente. “Acho que agora eu vou ficar marcado na história do Vasco, por ter sido o autor desse passe. Daqui a muitos anos as pessoas poderão rever o lance e essa minha participação”, vibra.
De fato, Lucas poderia ter começado a escrever a sua história na decisão estadual ainda no primeiro tempo. O lateral-esquerdo Christiano havia sentido uma lesão, e Doriva pediu Lucas para aquecer. No caso, o volante seria improvisado na lateral esquerda, posição na qual atuou ainda nas categorias de base do Friburguense.
“Eu nunca treinei nessa posição no Vasco, mas o Doriva sabe que pode contar comigo se precisar. Eu joguei como lateral e zagueiro na base, e poderia tranquilamente ter atuado ali. O negócio é estar participando”, avalia.
No entanto, foi mesmo com o passe semelhante a de um meia clássico que Lucas consolidou o nome na história do cruzmaltino. O jogador, natural de Bom Jardim, participou de diversos jogos pelo clube no estadual, e atuou também pela equipe na Copa do Brasil. Aos 26 anos de idade, disputará pela primeira vez o Campeonato Brasileiro da série A partir do próximo domingo, quando o Vasco recebe o Goiás, às 18h30, em São Januario. Livre da “pressão” por ter que quebrar o jejum de títulos estaduais, Lucas espera escrever novos capítulos de glórias pelo clube.
“Existia sim uma pressão para que pudéssemos conquistar esse Carioca. Mais até do que o Botafogo. Esse título significa o resgate do respeito ao Vasco, e o Eurico Miranda sempre conversou muito sobre isso com a gente. Mas é importante dizer que ele sempre nos apoiou, especialmente nos momentos mais difíceis, como depois daquela derrota por 5 a 4 para o Friburguense. Então a sensação é de dever cumprido.”
Em lua de mel com a torcida
Em pouco mais de quatro meses de Vasco da Gama, Lucas pôde viver momentos distintos, que marcam a carreira de um jogador profissional. Contra o Friburguense, clube que o revelou, o volante marcou os dois primeiros gols pelo cruzmaltino, mas na mesma partida anotou um tento contra a própria equipe. Titular no início da temporada virou opção para Doriva, que optou por Serginho para jogar ao lado de Guiñazu. No entanto, as frequentes participações nos jogos comprovam que ele já conquistou a confiança da comissão técnica.
No caso da torcida, o cenário também é positivo. Lucas conta com a simpatia dos vascaínos, e alguns, inclusive, cobram a presença do volante entre os titulares. No último domingo, como já havia acontecido no primeiro jogo da final e nas semifinais contra o Flamengo, o jogador pôde viver a sensação de estar em campo com o Maracanã lotado. Contra o Botafogo, 66.156 torcedores compareceram ao “maior do mundo”, estabelecendo um novo recorde para o futebol nacional em 2015.
“É diferente de tudo, e o jogador sente essa vibração que vem da arquibancada. A torcida do Vasco apoia o tempo todo, e isso nos dá uma energia muito grande. Foi um belo espetáculo no Maracanã, proporcionado também pela torcida do Botafogo. Jogar naquele estádio lotado é realmente uma oportunidade única.”
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