Eloir Perdigão
O drama de quem mora no Loteamento Santo André, próximo ao Prado, em Conselheiro Paulino, começa no ônibus, que passa pela Avenida dos Ferroviários, esburacada de ponta a ponta, fazendo o coletivo chacoalhar o tempo todo. Depois, no acesso ao Santo André, também passa por vias igualmente esburacadas. Que sina! E os moradores convivem com problemas, sendo os mais graves a situação da caixa-d’água, desde a tragédia, e a manutenção das ruas, íngremes, que dificultam até a passagem dos ônibus em dias de chuva.
De acordo com a dona de casa Letícia Mariana Assis Souza, os ônibus são poucos. Às vezes ela chega a esperar por duas horas. E os coletivos, bem como todos os carros, passam por muitos buracos, já que as ruas não são consertadas há anos. A pequena praça, junto à Escola Municipal Dinah Lantimant Bravo, é mal iluminada à noite, impedindo que moradores a frequentem por questões de segurança.
Já a costureira Leiliane Freitas de Souza cobra das autoridades uma quadra de esportes para lazer principalmente das crianças, que não têm onde brincar. E por falar em criança, a creche próxima, no Prado, é pequena e não atende a todos que precisam. Assim mesmo para as atividades no período de férias, o que dificulta para os pais que trabalham e não têm onde deixar os filhos. A escola que tem aulas—inclusive à noite—até a quarta série do ensino fundamental, funciona bem. A partir da sexta série a opção é o Colégio Rui Barbosa, no Prado.
Os moradores pedem mais atenção da Secretaria de Conselheiro Paulino para as ruas do bairro; o recolhimento do lixo, três vezes por semana, segundo eles deveria ser diário, pois a lixeira próximo à pracinha fica transbordando de lixo, causando mau cheiro e juntando roedores. O caminhão passa diariamente no Prado e poderia fazê-lo também no Santo André.
O Santo André não tem posto de saúde. Quem passa mal tem que ser levado para a UPA, em Conselheiro, que por sua vez, costuma não ter os médicos necessários, como pediatra ou clínico. As rondas policiais são poucas, porém providenciais.
O bairro é mais residencial e tem comércio restrito a bares e mercearias. Compras maiores são feitas no Prado, Conselheiro ou Centro. Há algumas confecções de pequeno porte; os fiéis católicos frequentam a Igreja de Santo Antônio do Cristo Ressuscitado, no Prado, mas há outras pequenas igrejas protestantes pelo bairro. Serviços como táxi, gás e entrega de correspondências são bem prestados. Para postar uma correspondência torna-se necessário ir a Conselheiro ou ao Centro.
A energia elétrica é boa, ficando o ponto negativo para a iluminação. Depois da tragédia—e lá se vão um ano e oito meses—os telefones nunca mais foram os mesmos no Santo André. O funcionamento é ruim. Os dois orelhões também têm problemas. A varrição e capina das ruas é feita com regularidade, mas os próprios moradores não colaboram e as ruas acabam ficando sujas.
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES
Edson Carlos Silva de Souza é o presidente da associação de moradores local. Uma das maiores lutas que trava se relaciona com a aplicação de asfalto nas ruas, principalmente para melhor deslocamento dos ônibus. As ruas têm muitos buracos, calçamento irregular e quando chove os coletivos nem vão até a parte mais alta do bairro. Na Rua João Cabral Sobrinho o mesmo buraco já foi “consertado” cinco vezes e lá está ele de novo. “Eles consertam, afunda de novo. Tem alguma coisa errada ali. Eles têm que fazer o serviço direito”, afirma Edson.
A iluminação também é citada como deficiente pelo presidente da AM, principalmente na pracinha. Quando o pedido é endereçado à Prefeitura, recebem como resposta que é da competência da Energisa, que por sua vez, indica a Prefeitura. “Ficam num jogo de empurra. O poste fica no meio da praça e é da Prefeitura, mas dependem da concessionária... É complicado, é difícil”, lamenta Edson.
Porém, a principal reivindicação é relativa à caixa-d’água, que abastecia também o vizinho Loteamento Rivo Torto. Houve um deslizamento no local por ocasião da tragédia, tubulações foram arrebentadas e o conserto foi provisório. Só que continua do mesmo jeito até hoje. Há necessidade urgente de recuperação da caixa, que permanece vazia. Não há reserva, o que preocupa Edson, já que o verão está para chegar, podendo ocorrer falta de água. Ele cobra também a construção urgente de um muro de contenção junto à caixa, que está com uma parte pendente, podendo desabar. O assunto é de conhecimento da Defesa Civil, mas providências ainda não foram tomadas.
Edson também fez severas críticas ao trânsito no Prado, com implicações diretas no acesso ao Santo André, e também na Avenida Governador Roberto Silveira, ponte o Prado, Colégio Rui Barbosa e adjacências. E pede ações efetivas das autoridades do trânsito, pois os pedestres são os mais prejudicados.
Prefeitura responde as perguntas da comunidade
- Por que as ruas não são consertadas há anos?
O secretário de Conselheiro Paulino, Gustavo Knust, informou que vai verificar as prioridades do bairro para os posteriores consertos.
- O lixo é recolhido três vezes por semana e deveria ser diário.
O secretário Gustavo Knust ficou de fazer contato com a EBMA para encaminhar o pedido dos moradores.
- Por que a pracinha está sem iluminação?
O secretário Gustavo Knust vai encaminhar a reivindicação ao setor de Iluminação da Prefeitura.
- Por que as ruas, que são íngremes, não recebem asfalto, inclusive para facilitar a passagem dos ônibus?
O secretário Gustavo Knust informa que sua secretaria não dispõe de asfalto quente para novas pavimentações, somente a frio, para reparos, que estão concentrados próximo à Igreja Santa Terezinha, no centro de Conselheiro. Após o término, os trabalhos seguirão para o Santo André.
- Por que o buraco da Rua João Cabral Sobrinho já foi consertado cinco vezes e ele continua?
Os buracos surgem devido ao fato de as ruas serem íngremes. Desta vez o reparo deverá ser feito com asfalto, ainda esta semana.
- Por que não é construído um muro de contenção junto à caixa-d’água?
O secretário Gustavo Knust informou que não há reclamação registrada em sua secretaria nesse sentido. De qualquer forma, vai visitar o local para saber que providências tomar.
- Por que não é construída uma quadra para lazer da garotada?
O secretário de Esportes e Lazer, Renato Satyro, informa que no momento a Prefeitura não dispõe de verba para essa finalidade. O secretário disse que está buscando no Ministério do Esporte recursos para dotar de uma quadra os bairros que ainda não tem esse equipamento. Para isso, faz uma sondagem de terrenos que possam ser aproveitados.
- A creche é pequena e por que ainda para no período de férias?
A subsecretária de Gestão de Infraestrutura da Secretaria Municipal de Educação, Érika Guimarães Ferreira, informou que a creche, situada no Prado, opera com sua capacidade máxima. A SME procura outro imóvel para nova creche, não encontrado no Santo André. A secretaria reconhece que a demanda é grande no local e Érika acredita que com a construção do Centro Educacional Integrado de Nova Friburgo (Ceinf) no São Jorge diminua o atendimento em outras unidades e assim elas possam atender outras crianças. Quanto às férias, trata-se de uma questão trabalhista, pois não há como fazer rodízios, devido à carência de funcionários na rede.
- Por que não há um posto de saúde no Santo André?
A gerente de Atenção Integral à Saúde da Fundação Municipal de Saúde, Soraya Babo, informa que o Plano Municipal de Saúde não contempla o Santo André e nem há previsão de construção de um posto no bairro. Os moradores devem encaminhar a solicitação ao presidente da FMS, Rafael Garcia, que também preside o Conselho Municipal de Saúde.
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