Quase no extremo norte da cidade, o Morro dos Maias é um loteamento modesto e que faz parte do distrito de Conselheiro Paulino. É um lugar carente, de pouca gente e movimento. Lá, a vida parece andar a passos curtos, isto porque o local aparenta não ter evoluído junto a outros pontos do município e em comparação a bairros como Centro e Olaria. Andando por suas ruas, a sensação é de estar em uma cidade perdida, um lugar esquecido pelo tempo, ou melhor, pelo governo e seus representantes.
Ao chegar ao loteamento, é inevitável não prestar atenção na desordem do local. Além da falta de calçamento por várias partes do bairro — trechos de estrada de chão ou com o asfalto já em estado condenável —, há casas amontoadas, que não tiveram qualquer planejamento para sua construção; obras mal acabadas e uma enorme quantidade de lixo e entulho por toda a sua extensão — com destaque para as ruas Capitão Maia e Jorge Paulo de Souza Maia, ambas em péssima situação.
As ruas são apertadas. Em alguns locais nem sequer existem calçadas. E onde há, os moradores preferem se arriscar a andar no meio da rua, ao lado dos carros, do que se expor aos poucos e, literalmente, intransitáveis passeios, já que são irregulares e repletos de buracos. Por falar em repleto, a falta do serviço de capina é algo também notório no local, já que o mato toma conta de grande parte das ruas do bairro. Características que comprometem a paisagem da localidade e a fazem desagradável aos olhos de quem lá passa e vive.
Outro fato que deve ser destacado é a lista de queixas dos moradores, a qual abrange a carência de água, o atraso do serviço de transporte público, bem como a situação do calçamento. É o que conta Vultemberg Boy, 41. Servente de pedreiro, ele mora nos Maias há dezesseis anos e diz que a sujeira é o que mais o incomoda. "A água também é um problema muito comum. Essa semana mesmo, completamos cerca de dez dias sem”, disse ele.
Opinião parecida tem a dona de casa Tatiana Andrade Gomes, 30. "Água é a nossa maior dificuldade. Muita gente está pedindo caminhão-pipa”, disse ela.
Já para a também dona de casa Elaine Tomés — que vive há onze anos no bairro — o principal problema é o transporte. "O ônibus é um horror, pois só tem um fazendo a linha. Ele vem aqui e vai no centro da cidade. Está sempre atrasado”, contou.
Por sua vez, quando questionado sobre os problemas dos Maias, o aposentado Jucelino Fonseca, 57 anos, não hesitou: "Com certeza, o ônibus. É péssimo”, disse ele.
Vale enfatizar ainda que no local não existem creches, escolas ou comércio. Não há postos de saúde ou atendimento emergencial, tampouco quadras poliesportivas, praças ou qualquer outro ambiente para lazer. Por este motivo, o bairro ainda é totalmente dependente do centro de Conselheiro Paulino, já que este é o local mais próximo, onde há supermercados, farmácias, lojas, entre tantos outros estabelecimentos.
Sem mais nem menos
Os moradores se queixam também da obra de um muro de contenção, na subida para os Maias, que não foi concluída. Segundo eles, apesar de não saberem precisar a data, a construção teria começado no início de 2013, mas após seis meses teria sido interrompida. "Aquilo ali parou há vários meses. Começou ano passado, trabalharam um pouco e depois pararam”, disse Vultemberg. Já Elaine afirmou: "Tinha um contêiner ali, máquinas e outras ferramentas. Sem mais nem menos levaram tudo embora. Inclusive, diziam que a verba já havia sido liberada”, contou ela.
Marcas da tragédia
Durante a visita ao bairro, após mais de três anos do acidente climático que assolou a cidade em janeiro de 2011, a equipe de A VOZ DA SERRA identificou algumas residências desapropriadas e marcadas para demolição. A equipe encontrou ainda sirenes da Defesa Civil instaladas em cima de uma casa na principal rua do bairro: a Capitão Maia. Contudo, o que mais chamou atenção foi que nenhum dos moradores entrevistados soube dizer — se é que há — onde fica localizado o ponto de apoio do loteamento.
Resposta da Águas de Nova Friburgo
Em relação à falta de água no Loteamento dos Maias, a Águas de Nova Friburgo enviou a seguinte nota: "Recebemos solicitações de carros-pipa para o abastecimento no Loteamento Belmonte/Maias nos dias 8, 9 e 10 de novembro e os pedidos foram atendidos. O setor de distribuição identificou uma perda na linha de recalque e foi substituído um trecho da tubulação. A equipe de serviços ainda está trabalhando no local. No momento, o abastecimento está normalizado porque estão sendo efetuadas manobras extras até a conclusão dos trabalhos”.
O lixo
É importante realçar que, sobre o problema com o lixo, os moradores do bairro elogiaram e afirmaram que o serviço de coleta funciona bem durante todos os dias. Mesmo assim, o descarte de lixo e entulho fora dos horários de coleta é observado no bairro.
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