Loteamento Canto do Riacho: casas condenadas viram depósito de lixo e são utilizadas como banheiro por pessoas que passam pelo local

sexta-feira, 27 de maio de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Loteamento Canto do Riacho: casas condenadas viram depósito de lixo e são utilizadas como banheiro por pessoas que passam pelo local
Loteamento Canto do Riacho: casas condenadas viram depósito de lixo e são utilizadas como banheiro por pessoas que passam pelo local

Leonardo Lima

Embora não tenha registrado vítimas fatais, o Loteamento Canto do Riacho, no Jardim Califórnia, sofre até hoje com os reflexos da tragédia de 12 de janeiro. “Estamos abandonados. Nosso bairro está às escuras. À noite tenho até medo de andar pelo bairro. Infelizmente, desde a catástrofe, estão saqueando as casas demarcadas para demolição”, afirma Marilza Celeste da Silva, moradora do Canto do Riacho há mais de 20 anos.

Segundo ela, só não houve mortes no local durante a tragédia porque os moradores, já em alerta, deixaram suas casas antes dos deslizamentos. “Foi prometida a construção de um muro de contenção de encostas. Há uns quatro anos já houve deslizamentos no bairro. Infelizmente, o que nos disseram não passou de promessa e hoje vemos o nosso bairro destruído. Esperamos uma solução agora”, queixa Marilza.

Ela relembra que mesmo após um mês da tragédia, o acesso ao loteamento permanecia dificultado. “Ficamos bastante tempo ilhados e só se chegava até aqui através de trilhas que os próprios moradores fizeram,” diz. Marilza conta que nunca viu uma destruição semelhante ao longo de todos os anos em que mora no Loteamento Canto do Riacho. Ela também revela que embora sua casa não tenha sido destruída, o medo de novos deslizamentos tem tirado a tranquilidade dos moradores. “O jeito é sair quando começa a chover e voltar no dia seguinte”, conta.

Quem compartilha sua opinião é a moradora Geovânia Corrêa. “Perdi o gosto de morar aqui. O correio só funciona porque eu recebo as cartas e repasso para os vizinhos. As casas demarcadas para demolição estão servindo de banheiro para algumas pessoas. Os entulhos que não foram retirados estão cheios de ratos. Tem lixo por toda a parte. As ruas permanecem escuras. Tenho duas filhas que trabalham e só chegam em casa por volta das 23h. Isso me deixa muito preocupada”, protesta.

De acordo com Geovânia, toda chuve forte é motivo de alerta para os moradores. Sua casa, por exemplo, fica de frente para as residências destruídas pelas barreiras. “Estou fazendo igual aos vizinhos. Sempre que começa a chover vou para a casa de algum parente. Minha preocupação é que aconteçam novos deslizamentos e minha casa seja atingida pelo que sobrou das casas que estão condenadas”, afirma.

A moradora também reclama da demora no início das demolições. “Sempre nos dão um prazo e não cumprem. Agora falaram que vão iniciar assim que terminarem as demolições no Rui Sanglard”, comenta sem muita esperança. Geovânia relata que devido à dificuldade de conseguir o aluguel social, diversos moradores estão se organizando para voltar a morar em suas casas condenadas desde a tragédia. Em meio às dificuldades, os moradores do Canto do Riacho vão fazendo o que podem para retomar um mínimo de normalidade em suas rotinas.

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