Se por um lado, vemos muitas lojas em Nova Friburgo encerrando as atividades após décadas de disposição e determinação de seus proprietários, por outro vemos gerações se sucedendo na administração de seus negócios, resistindo bravamente ao tempo. Uma delas tem mais de 100 anos, outras estão quase chegando lá, algumas estão por aí, com 70, 80 anos, espalhadas por diversos bairros em todo o município.
No Centro, está a tradicionalíssima Camisaria Friburgo - El-Jaick, para muitos - com seus 110 anos de fundação. Faltou pouco para ter surgido ainda no século 19. Foi inaugurada em 1906 por José El-Jaick, na esquina da mesma rua onde funciona até hoje, a Farinha Filho. Anos depois, assumiu o filho Galdino El-Jaick, que comandou os negócios por 50 anos até se afastar por motivo de doença. Passou então a direção para o genro Hélio Raposo, casado com a filha, dona Maria José. E desta forma, a família El-Jaick se mantém pela terceira geração consecutiva à frente da Camisaria Friburgo, a loja mais antiga de Nova Friburgo.
Quem relembra um pouco da história é dona Maria José, neta do fundador, professora aposentada, 71 anos, casada com seu Hélio. “Eu trabalhei na loja até me casar. Tive meus filhos (Diego, Jaqueline e Fabrício, todos advogados), depois entrei para o magistério ao qual me dediquei até me aposentar. Aí voltei a ajudar na loja, da qual nunca me afastei totalmente, mas quem sempre esteve à frente dos negócios foi meu marido”, conta.
Também em plena atividade destacamos A Casa Libaneza - Roupas Feitas, Armarinho e Etc, a segunda mais antiga loja do município, com 96 anos. Está no mesmo lugar, Praça Getúlio Vargas, desde 1920. Tanto esta quanto a Camisaria Friburgo resistiram à tentação de mudar o visual, se modernizar. Ambas mantêm a mesma atmosfera do início do século passado, com jeito de loja antiga, parada no tempo e onde os fregueses antigos revivem lembranças. Elas têm seus encantos e despertam a curiosidade das gerações mais jovens.
O legado para novas gerações
O empresário Jayme Segal, recentemente falecido, aos 86 anos, era filho dos imigrantes Moysés e Fani Segal, que fundaram a tradicional Casa Francesa, em 1926, na antiga Praça Paissandu (hoje Marcílio Dias). Em 1956 a loja se mudou para a Avenida Alberto Braune, onde permanece até hoje. Voltada para o universo infantil, lá se encontram peças de vestuário para recém-nascidos e crianças, móveis para quartos infantis, acessórios para berços, peças decorativas e equipamentos, enfim, enxoval completo de grifes renomadas.
Com o passar do tempo, “aquele bebê do passado” volta para montar o quarto de outro bebê que está a caminho. Ou, simplesmente para comprar presentes para afilhados, ou para os bebês das amigas. E assim, sucessivamente. Com a morte de Jayme Segal, assumiu a direção da loja uma de suas três filhas, Leila.
A farmácia Catedral, também na Avenida Alberto Braune, tem mais de 90 anos, e outra empresa do mesmo setor, com 93 anos, fica na esquina da Rua Francisco Mieli com a Sete de Setembro: é a farmácia Esperança, fundada em 1924. A história deste estabelecimento é preservada pelo herdeiro de um dos antigos donos, através de fotos que registram as várias fases da farmácia, e as devidas gerações ao longo de suas nove décadas. Expostas numa das vitrines do local, o público pode apreciar também a evolução da loja e do mobiliário. Quem gosta de história aproveita para matar a curiosidade sobre tempos idos. Para os mais velhos, é um alento poder apreciar as relíquias ali expostas, talvez saudosas de um tempo que não volta mais.
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