Um verdadeiro descalabro, principalmente considerando que a atenção sobre saneamento e higiene vem sendo redobrada entre a população, em tempos de epidemia. A cena absurda pôde ser observada ao longo de oito horas, pelo menos, desde as 8h de sábado até as 16h. E foi devidamente fotografada e relatada, durante todo esse período, por um leitor que pediu anonimato.
O flagrante chocou cada cidadão que passou pelo local ao longo do dia, na entrada da rodoviária (pela Rua Francisco Miele), na Praça Getúlio Vargas, centro da cidade. A visão do que parecia ser um “banquete” - com alguns produtos já espalhados pelo chão - pareceu atraente para um senhor, talvez morador de rua, que, tão logo avistou a volumosa mercadoria, decidiu avaliar seu conteúdo. Diligentemente, a criatura se pôs a abrir os sacos e selecionar o que lhe apetecia. O lixo era composto basicamente de produtos hortifrutigranjeiros, como bananas, maçãs, melões, tomate, cenoura, pimentão, chuchu, entre outros. O aparente bom estado de boa parte das frutas e legumes, era animador.
Acumulado num canto da montanha de lixo, uma enorme quantidade de cascos de garrafas de cervejas, entre outras bebidas, compunha o quadro, que diga-se de passagem, podia até servir de modelo para uma bela porém trágica obra sobre a miséria humana conjugado com natureza morta. Degradante, sob todos os aspectos.
Como num filme, podemos decupar as cenas da seguinte forma:
8h - Lixo é descartado de forma inadequada, fora dos padrões determinados por lei;
9h - Um idoso se aproxima, observa e busca um caixote para se instalar no meio do lixo, abrindo os sacos e remexendo o conteúdo;
9h30 - Um caminhão de lixo passa direto, sem parar para recolher;
12h - O homem continua remexendo e comendo o que lhe apetece;
- Durante essas quatro horas, transeuntes observam a cena, alguns consternados, outros indignados, e/ou, em sua maioria, revoltados com toda aquela situação de flagrante descaso;
14h - O lixo pega fogo, o Corpo de Bombeiros é chamado e apaga o incêndio;
15h - Quando os bombeiros vão embora, o homem volta para conferir o que restou;
16h - A imundície piora, agora parecendo um miniaterro de lixo, queimado e com um cheiro insuportável.
EBMA dá sua versão
Contatada, a Empresa Brasileira de Meio Ambiente (EBMA) explicou que a cena é recorrente. Os lojistas colocam o lixo devidamente acondicionados no horário permitido naquele local. E a coleta é feita normalmente todo dia, por volta das 9h30. No entanto, algumas vezes, até com certa frequência, um senhor, sempre o mesmo, se antecipa à chegada do caminhão da empresa e se “apodera” do lixo. E, de maneira agressiva, segundo a EBMA, impede a retirada dos sacos. E mais: que é este mesmo idoso, aparentemente morador de rua, que ateia fogo ao monte, obrigando a vinda dos bombeiros. Ainda de acordo com a EBMA, diante da insólita situação, a empresa recua e transfere o recolhimento para a manhã seguinte. Quer dizer, seus funcionários são impedidos de fazer o seu trabalho, um serviço de primeira necessidade para a comunidade. Inaceitável. A se confirmar esta versão, cabe ao poder público tomar providências urgentes, remover e cuidar do infeliz senhor dono do lixo.
Cansado do assistir às tristes cenas daquele sábado de verão sufocante, nosso “repórter por um dia” foi embora. Mas determinado a mandar as fotos e seu relato para o nosso jornal, para não deixar passar em branco o registro de algo que não deveria ocorrer sob nenhuma hipótese.
Quanto à Prefeitura, esta se manifestou através do setor de Posturas, informando que “um fiscal será designado ao local para notificar as lojas que cometeram o descarte do lixo de forma irregular. Como não houve o flagrante, a notificação será de caráter educativo para que os comerciantes responsáveis pelos materiais descartados não repitam a infração”.
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