Segundo a ONU o Brasil produziu 1,4 milhão de toneladas em 2014. Montante chegou a quase 50 milhões de toneladas no mundo
De acordo com a análise, cada ser humano descarta, em média, sete quilos de resíduos eletrônicos todos os anos. Em todo o mundo, o total é de 48,9 milhões de toneladas de dispositivos elétricos jogados fora—o suficiente para cobrir três quartos da linha do Equador com caminhões carregados de 40 toneladas de lixo. E não deve levar muito tempo para essa formação dar a volta ao mundo. De acordo com a estimativa da organização, a montanha de rejeitos deve crescer 33% até 2017, quando a expectativa é de que o planeta atinja a marca de 65,4 milhões de toneladas de aparelhos descartados em um único ano.
Ganhos e perdas no Brasil
A reciclagem movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano no Brasil. Por outro lado, o país perde outros R$ 8 bilhões por não reaproveitar os resíduos que são destinados aos lixões ou aterros controlados. O descarte correto dos resíduos sólidos é fundamental para o processo da reciclagem e para evitar uma série de prejuízos ao meio ambiente e à saúde humana.
Dependendo do método utilizado, o material deixa de ser resíduo e passa a ser rejeito. Dessa forma, não pode mais ser reaproveitado. O descarte correto dos resíduos é mais simples do que se imagina. É essencial separar os secos (plásticos, vidros, papelão, etc.) dos úmidos (orgânicos, como resto de comida). Se os resíduos são misturados, em geral, apenas 1% pode ser reciclado. Com a separação correta, obtemos até 70% de reaproveitamento ou mais. Para esclarecer algumas dessas questões, focando Nova Friburgo, entrevistamos o geógrafo e professor de engenharia ambiental Fernando Cavalcante.
A Voz da Serra - Como a gente faz pra descartar tanto lixo eletrônico?Fernando Cavalcante - Lixo eletrônico tem uma destinação especial, pois nele encontramos diversos tipos de materiais que podem e devem ser reciclados, inclusive ouro. Existem várias empresas especializadas na coleta deste material pelo Brasil afora, principalmente nas grandes capitais, onde o problema do lixo eletrônico é muito sério. Nova Friburgo tem algum local específico pra esse tipo de descarte?
O atual governo municipal não tem política de resíduos sólidos. A coleta seletiva está abandonada. A educação ambiental não existe. Descaso total para com esta temática. A prefeitura disponibiliza algum serviço pra recolher esse material?
A prefeitura ignora os temas-chaves do meio ambiente, tais como recursos hídricos, resíduos sólidos, educação ambiental e gestão de áreas protegidas.
A única construção de interesse público que foi destruída na tragédia e não foi reconstruída, apesar de existir recursos para tal, é o Centro de Educação Ambiental, na EBMA, que existe para este fim por contrato. Neste momento a EBMA não cumpre o contrato no que diz respeito ao CEA e a prefeitura não se manifesta. Por contrato, o CEA é o órgão encarregado de promover ações educativas para encaminhar coleta seletiva, incluindo os eletrônicos. Como deveria ser um espaço seguro pra jogar fora celular, televisão, computador, entre outros?
Estes materiais são recolhidos por empresas especializadas que desmontam o equipamento para separar os diversos materiais e encaminhá-los para reciclagem, na maioria dos casos. Há na Região Serrana algum local destinado à reciclagem de eletroeletrônicos?
Acho que Petrópolis ainda tem este serviço. Há anos o Congresso Nacional aprovou a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) para regulamentar o descarte e reciclagem. Ela está valendo, houve avanço dessa questão no Brasil?
Está valendo e a prefeitura não tem nenhuma ação no sentido de fazer valer a legislação que já existe e é muito boa. Caso o país ingresse nesse novo patamar de conscientização, o brasileiro estaria educado o suficiente para lidar com a questão ou você acha que vamos continuar jogando geladeira, fogão, computador nos rios, nas ruas?
Educação Ambiental tem que estar presente e ativa constantemente com campanhas de conscientização. Sem isso nada acontece. Tem que estar presente nas comunidades, escolas e empresas. Se não há promoção permanente de Educação Ambiental, e outras relativas ao meio ambiente, podemos esperar o pior.
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