Candidato a cargo público não é só aquele ser de rosto liso que em vez de fazer a barba passa a plaina e gasta um bom dinheiro com lustra-móveis em ano eleitoral.
É também um alienígena, que vem do desconhecido, talvez uma galáxia distante milhares de anos-luz, e pousa do seu lado enquanto você segue para o trabalho ou vai a caminho das compras. Mesmo sem as orelhas pontiagudas, ou os olhos negros enormes, ou a cor verde da pele indicando sua natureza marciana, você o sente como um ser de outro planeta, de quatro em quatro anos vindo à Terra como fazem certos corpos celestes. Um personagem de ficção científica, só possível na imaginação dos mais férteis escritores do gênero. Sabe o E.T.? Pois assim se parece o candidato, embora longe de possuir aquela ingenuidade do pequeno extraterrestre criado por Spielberg. Alguns estão mais para o Darth Vader, com seus planos de dominar o universo.
O candidato é igual aos mágicos mais incríveis que já habitaram entre nós. Um Houdini ou, mais perto do nosso tempo, David Copperfield. Sua capacidade de estar em vários lugares ao mesmo tempo impressiona: é visto, em frações de segundos, numa festa de casamento e numa convenção de enxadristas. Não há convite irrecusável para ele. Estará nos lugares em que nunca esteve, até naqueles que nem sabia existirem. Aliás, em época de eleição, não é uma palavra que bane dos dicionários – até o dia seguinte ao da votação. Muitos têm ainda um outro poder oculto: livram-se de correntes e grades com a maior facilidade, pouco importando o que tenham feito de grave para merecê-las. Basta pegar os jornais do dia para se inteirar do caso mais recente.
Não há candidato que não seja um super-herói. Tudo pode e tudo um dia fará. Só é preciso que lhe dêem o voto para modificar o mundo no primeiro dia de mandato. Super-homem não tem sua força, nem Batman sua inteligência. E para ver este filme não acione o controle-remoto da tevê, digite um número na urna-eletrônica.
Até outubro o candidato está aí (ao que me refiro aqui, até a última linha, é hermafrodita. Tem um perfil comum, podendo ser ele ou ela). Você pode achar chato ver e ouvir vários deles antes ou depois do almoço e do jantar, mas não saia da sala. Preste atenção nele. Cuidado para amanhã ele não fazer como o simpático português da feira a que eu ia todo sábado com minha mãe, quando era criança: te dar uma banana.
Boa escolha.
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