Amine Silvares
Já se passaram quase oito meses da maior catástrofe climática da história do país e Nova Friburgo segue sofrendo com a falta de medidas para resolver os problemas causados pelas chuvas. Na Vila Amélia não é diferente. O bairro sofreu bastante com desmoronamentos de terra. O comércio foi bastante afetado e diversas residências da localidade seguem sem alguns dos serviços básicos, como fornecimento de água.
A Vila Amélia é pequena. Poucas ruas compõem o bairro, mas elas estão bem maltratadas. A lama, o lixo e os entulhos seguem depositados nas vias, enquanto os moradores precisam lidar com a poeira que continua impregnada no ar. As calçadas da Rua Teresópolis que ficam do lado do condomínio Bom Pastor não existem mais e o esgoto ainda corre a céu aberto. Algumas casas e parte do comércio ficaram ilhados, já que não havia por onde sair e precisaram improvisar pontes de madeira para ligar a casa às ruas. O ponto de ônibus da Rua Souza Cardoso não existe mais e a quadra de esportes que ficava em frente ao condomínio Bom Pastor está inutilizável.
Sem ter por onde passar, sem distribuição de água. Quem mora nas travessas José Lopes Filho e José Bolorini precisou improvisar para voltar a ter o recurso em casa. Foram os próprios residentes que puxaram um cano, mas a água não é própria para o consumo e eles precisam de doações para ter água para beber. Como se não bastasse, as vias estão cheias de terra e lama, e quando chove a passagem fica impossibilitada.
As obras, que segundo os moradores começou no dia 29 de junho, parecem não ter data para terminar. As manilhas estão espalhadas, mas, de acordo com Rose Bolorini, que mora na Travessa José Lopes Filho há 20 anos, os trabalhadores não são muito ágeis. “Eles sentam, ficam conversando e às vezes colocam uma manilha. Segunda-feira, as obras só começam, quando começam, na parte da tarde. Sexta-feira ninguém aparece por aqui”, relatou a moradora.
Os moradores continuam protestando com faixas para tentar ser ouvidos. Procurando chamar mais atenção para os problemas da Vila Amélia, eles já entraram com ação junto ao Ministério Público para reivindicar medidas urgentes como obras de contenção, limpeza dos bueiros — que seguem cheios de terra — reconstrução das calçadas e revitalização do bairro. Muitos comerciantes tiveram que tirar dinheiro do próprio bolso para pagar a limpeza.
O comércio, fortemente afetado, amargou prejuízos enormes. Quem não fechou continua no vermelho e nem todos conseguiram ter acesso a ajuda financeira prometida pelo governo. A Cooperativa Vila Amélia persiste, mas a produção caiu, já que muitas terras ficaram inutilizadas para plantio.
Enquanto esperam por atitudes efetivas do governo para dar fim aos imensos problemas do bairro, os moradores esperam, mas não esperam sentados. Eles protestam, reclamam, entram na justiça e arregaçam as mangas para tenta amenizar seu sofrimento. Em relação às reclamações, a prefeitura foi contatada, mas não responderam até o fechamento desta reportagem.
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