Lenta e mal sinalizada, obra no Lagoinha expõe moradores a riscos

Além da dificuldade de acesso devido à falta de passagem provisória, comunidade reclama do estado de abandono do bairro
quinta-feira, 07 de maio de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Outrora um bucólico bairro, o Lagoinha  coleciona problemas de infraestrutura desde a catástrofe ocorrida em janeiro de 2011 na cidade. A lentidão na construção de uma ponte na rua de acesso ao bairro e a falta de uma passagem provisória para os pedestres estão expondo a comunidade a uma série de riscos ao caminhar pelo trecho (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)
Outrora um bucólico bairro, o Lagoinha coleciona problemas de infraestrutura desde a catástrofe ocorrida em janeiro de 2011 na cidade. A lentidão na construção de uma ponte na rua de acesso ao bairro e a falta de uma passagem provisória para os pedestres estão expondo a comunidade a uma série de riscos ao caminhar pelo trecho (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

Um dos mais tradicionais bairros de Nova Friburgo, o Lagoinha já foi uma referência em qualidade de vida e tranquilidade para seus moradores. Localizado a pouco mais de 3 km do centro da cidade, também era um conhecido destino turístico, pois abrigava os hotéis Floresta e Olifas, tido no passado como um dos principais cartões-postais friburguenses. Entretanto, após os estragos provocados pela catástrofe climática de 2011, o Lagoinha passou a ser um local repleto de problemas que vêm prejudicando a rotina dos moradores. 

O estado de abandono do bairro já foi tema de diversas matérias publicadas ao longo dos últimos anos por A VOZ DA SERRA mas parece longe de uma solução. É o que constatou a equipe de reportagem do jornal em nova visita realizada esta semana à localidade. Ruas esburacadas e sem capina, trechos com amontoados de lixo e entulho, postes sem iluminação e pontos ainda com marcas da tragédia de quatro anos atrás foram alguns dos problemas encontrados.

Desta vez, a principal queixa dos moradores é a dificuldade de acesso ao bairro devido a morosidade da obra de reconstrução de uma ponte na Rua Bonfim, orçada em R$ 153.790,22 e de responsabilidade da Secretaria Municipal de Obras. Os trabalhos, iniciados no dia 16 de março pela Confia Construtora, estão em ritmo lento e expondo a comunidade a uma série de riscos. “Abriram aquela cratera que está um perigo e deixou os moradores sem passagem para o bairro. Não estou vendo ninguém trabalhar ali e algumas manilhas já estão quebradas. Sem falar do risco. Até um carro já caiu ali dentro porque está tudo mal sinalizado”, disse uma moradora que reside há décadas no bairro e preferiu não se identificar.  

Além da sinalização precária, a comunidade se queixa da falta de acesso alternativo para os pedestres que precisam caminhar pelo trecho. Moradores colocaram uma tábua improvisada em meio ao córrego para passar pelo local e estão se expondo diariamente a riscos. A reportagem flagrou crianças, idosos e senhoras andando sem qualquer segurança em meio a pedras e lama. “Poderiam ter feito uma passagem provisória para garantir o nosso direito de ir e vir. Essa obra está deixando a gente isolado”, disse a mãe de um aluno da Escola Municipal Anna Barbosa Moreira que preferiu não se identificar.

Sem parquinho e quadra de esportes, moradores apelam por melhorias

A falta de uma área de lazer no tradicional bairro é outro alvo de reclamações da comunidade, que critica a ausência de um parquinho para a garotada e o abandono da quadra de esportes, tomada pelo mato. “A quadra está um matagal e não pode ser usada. Há anos também estamos sem um parquinho para as crianças. Os brinquedos foram retirados no governo do Heródoto e nunca mais foram colocados de volta”, disse João Luiz Nestor, que reside há 25 anos no Lagoinha. Segundo ele, o bairro se encontra em estado de abandono. “O bairro é muito bom de se morar mas está largado, com ruas sujas, esburacadas e sem capina.”

Para o comerciante Carlos Alberto Santos, que reside há seis anos no Lagoinha, os problemas na localidade estão se acumulando cada vez mais. “Já fizemos de tudo para melhorar o bairro mas a situação só piora. O prefeito já esteve aqui, ouviu nossas reivindicações e até agora nada foi feito. Também já reclamamos com alguns vereadores que aparecem por aqui de vez em quando, mas eles dizem que a responsabilidade é da prefeitura”, diz ele, que já ocupou a vice-presidência da Associação de Moradores do Bairro da Lagoinha (Amol).

Apesar da atuação da Amol, o bairro necessita de uma série de obras de infraestrutura. “A coleta de esgoto não funciona nos dias de chuva e o mau cheiro é grande. Moro próximo ao Córrego dos Relógios, onde parte da calçada desabou nas chuvas de 2011 e até hoje não foi refeita. Já pedimos para a Secretaria de Obras nos dar o material que faríamos o reparo mas nem isso foi feito. O Lagoinha está esquecido pelas autoridades”, resume Carlos Alberto. 

Outrora um dos símbolos do Lagoinha, o poço artesiano localizado no largo de entrada continua quebrado e cercado pelo mato e por postes de iluminação quebrados, sintetizando a falta de conservação do bairro. As condições da Rua Antônio José Teixeira, que permanece interditada e sem calçamento desde a tragédia, é outro exemplo do estado de abandono em que se encontra o Lagoinha.

  • A falta de manutenção também é visível na pracinha do Lagoinha, que não dispõe de brinquedos para a garotada (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

    A falta de manutenção também é visível na pracinha do Lagoinha, que não dispõe de brinquedos para a garotada (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

  • Outrora um símbolo do bairro, o poço artesiano situado no largo de entrada permanece quebrado e cercado pelo mato (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

    Outrora um símbolo do bairro, o poço artesiano situado no largo de entrada permanece quebrado e cercado pelo mato (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

  • Outro ponto crítico é a Rua Antônio José Teixeira, que permanece interditada e sem calçamento desde a tragédia de 2011 (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

    Outro ponto crítico é a Rua Antônio José Teixeira, que permanece interditada e sem calçamento desde a tragédia de 2011 (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

  • O mato tomou conta da quadra de esportes (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

    O mato tomou conta da quadra de esportes (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

  • Iluminação pública abandonada (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

    Iluminação pública abandonada (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

  • Moradores se queixam da falta de sinalização e de uma passagem alternativa na obra iniciada na Rua Bonfim. Pedestres precisam caminhar por uma tábua improvisada em meio ao córrego para passar pelo local (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

    Moradores se queixam da falta de sinalização e de uma passagem alternativa na obra iniciada na Rua Bonfim. Pedestres precisam caminhar por uma tábua improvisada em meio ao córrego para passar pelo local (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

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