A Revista Veja acaba de apresentar como matéria principal da sua edição mais recente, ainda nas bancas, uma bela e criteriosa reportagem sobre Leitura. “A razão por que a leitura parece estar em baixa é que estamos em plena era da internet. Só parece, pois o que se vê é a multiplicação dos jovens que gostam de ler, reconhecendo que um bom texto ainda é para a vida pessoal e profissional um instrumento decisivo.”
A matéria partiu da iniciativa de uma universitária carioca de 18 anos, que anunciou em seu blog a intenção de organizar encontros para discutir clássicos de literatura. A ideia era reunir jovens que estavam cansados de ler séries de ficção, que lideram as vendas nas livrarias, e passar a ler obras de grandes autores. Trinta respostas chegaram rapidamente. No mês seguinte, o evento notável de Íris começou; vinte adolescentes procuraram uma sombra junto ao Museu de Arte Contemporânea de Niterói — cada um com um exemplar de Orgulho e Preconceito, da inglesa Jane Austen, debaixo do braço , sentaram-se para conversar e durante duas horas leram trechos de preferência e analisaram influências da autora sobre escritores contemporâneos.
As reuniões se sucedem e assim esse grupo de jovens evolui em suas leituras. O grupo hoje reconhece que o vocabulário dos clássicos é muito mais rico, que o português de cada um deles melhorou — e com a prática da leitura passaram a ter um rendimento muito superior em todas as matérias. Na realidade, a maioria dos jovens leitores teve o prazer despertado pela leitura através da nossa consagrada literatura infanto-juvenil, e depois pelas séries Harry Potter, Crepúsculo, pelos best-sellers A Cabana e A Menina Que Roubava Livros. Hoje, discutem com desenvoltura a obra de Dostoievski, de Fernando Pessoa, Manuel Bandeira.
Em Nova Friburgo, onde temos a primeira Secretaria de Leitura do país — primeira só por enquanto, já que o Ministério da Cultura recomenda em seu site que os demais municípios sigam nosso exemplo — tenho comprovado a busca de nossos jovens pelo livro. A frequência da Biblioteca Municipal bate recordes, assim como a procura por empréstimos de livros. Quando disponibilizamos livros nas praças notamos que a maior interesse por eles vem exatamente das crianças e jovens. Cursos que damos de capacitação e contação de história para a garotada são prestigiadíssimos. E o que me encanta é que a leitura certamente ajudará nossos jovens a terem o devido sucesso acadêmico e a serem pessoas mais confiantes e felizes. A leitura cumpre assim o seu papel de construir cidadãos.
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