"Loucura, loucura, loucura!” O bordão do apresentador Luciano Huck se adequou perfeitamente ao ambiente da Via Expressa ontem, 2. Quem não sabia o que se passava no local certamente estranhou a aglomeração de pessoas e a concentração de carros em péssimo estado. Não se tratava de leilão de velharias ou antiguidades, ou um circo dos horrores automotivo. Era a "Super Chance” de proprietários de veículos velhos contarem uma história interessante ou inusitada, para serem escolhidos para o quadro Lata Velha, do programa Caldeirão do Huck, da Rede Globo, que existe desde 2005. Nele, o participante pode ter o carro todo reformado e customizado, desde que cumpra uma prova proposta pela produção do programa. Portanto, é "Agora ou nunca”.
A movimentação no espaço de eventos da Avenida José Pires Barroso era grande. Até onde pudemos apurar, uma fila considerável de carros já estava formada ainda às 20h do dia anterior. Centenas de pessoas circulavam pelo local para admirar os curiosos veículos. Danielle Milhorance, 26 anos, visitou esta exposição a céu aberto e ficou eufórica com o que viu. "Ficou muito maneiro, legal mesmo. Achei muitos carros legais, de certa forma, e as histórias também chamaram atenção”, revelou.
Eram dezenas de automóveis danificados, devidamente numerados, cujos proprietários esperavam uma oportunidade. Caso de Flávia Barroso, 34 anos. Ela morava no Córrego Dantas quando a tragédia levou o carro, destruindo-o. Desde então, o automóvel está parado, e ela acredita que o Lata Velha seja uma grande oportunidade para recuperar seu veículo. "Gastei 140 reais com o reboque, ele não tem nem rodas. Eu usava este carro para ir para o meu trabalho, em Itaboraí. Perdi um filho lá, quando três funcionários me agrediram por eu tê-los demitido. Acho que essa é minha grande chance”, contou. Ela teve a ajuda das amigas, que passaram a noite marcando o lugar do carro no pátio da Via Expressa.
Outro caso curioso é de Tiago Rodrigues, 23 anos. O rapaz comprou do pai um Fiat 147 ano 78, em 2008. Três anos depois, o destino, que poderia ser trágico, criou uma história que mudou a vida dele. Ao transitar pelas ruas de Nova Friburgo, quase atropelou aquela que viria a ser sua esposa, Jaqueline. Dali surgiu a história de amor que hoje culminou no nascimento de Luisa, previsto para a próxima segunda-feira. "Eu queria reformar esse carro, que já foi do meu pai e do meu irmão, mas a gravidez da Luisa adiou esse sonho. Ela nasce segunda-feira e espero que ela traga ainda esse presente para nós”, comentou.
Roney e Márcia Novaes também estão esperando a oportunidade. De acordo com eles, o programa pode "salvar um casamento de 25 anos”, embora eles não revelem o porquê. A dupla foi a caráter para a Via Expressa: de noivo e noiva. Antes de o carro parar de funcionar, há dois anos, Roney realizava um projeto social com crianças no bairro de Olaria, no qual dava aulas de futsal para crianças carentes. Ele espera que a recuperação do carro possa reativar, também, o projeto. "Eu levava todas as crianças em casa nesse carro. Depois que ele parou não tive mais condições de manter o projeto. Foram oito anos com esse projeto social. Torço muito para tudo dar certo e para que voltemos com ele”, frisou.
É a segunda vez que o Lata Velha passa por Nova Friburgo. A primeira vez foi em 2011, quando o gol 1986 do casal Marília e Nilmar foi reformado. A produção do programa escolherá alguns carros que serão levados para o estádio Eduardo Guinle. Hoje pela manhã, o apresentador Luciano Huck vai realizar nova seleção, na qual será escolhido o participante do quadro que irá ao ar.
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