Lagoinha: após protestos, obras finalmente começam no bairro

sexta-feira, 29 de abril de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Lagoinha: após protestos, obras finalmente começam no bairro
Lagoinha: após protestos, obras finalmente começam no bairro

Amine Silvares

Viver na Lagoinha já foi mais fácil. Após a catástrofe de janeiro, pouco sobrou das ruas limpas e belas paisagens. Com acesso complicado pela principal via que liga o logradouro ao Centro, muita lama e problemas persistiam antes mesmo da enxurrada torná-los mais graves. E foi apenas com o protesto da população que as obras para a reconstrução do bairro começaram. Mas ainda há muito que fazer.

Antes da tragédia de janeiro, a principal via de acesso ao bairro era a Rua Hormindo Silva. Após a chuva, a passagem ficou irreconhecível, com lama, árvores e pedras caídas de ambos os lados da rua. Duas barreiras desabaram, impedindo a passagem. Por pouco as casas não foram carregadas pela força das águas, mas a sujeira invadiu as residências e o comércio. A limpeza começou há pouco, após grande reivindicação da população.

Foi através de protestos que os moradores obtiveram um direito básico: a desobstrução da Hormindo Silva. No dia 30 de março, no horário de pico, entre 17h e 18h, os moradores da Lagoinha bloquearam a Rua Souza Cardoso, num trecho do Vale dos Pinheiros logo acima do bairro e que é uma passagem alternativa para quem vai à Olaria, para chamar a atenção dos governantes. Quase três meses após a tragédia, pouco havia sido feito para reparar os danos sofridos. Entre as reclamações, o retorno do transporte coletivo ao bairro, a reconstrução da Rua Antônio José Teixeira, continuação da obra de coleta de esgoto, conserto da rede de coleta de água e esgotos na Rua José da Rosa Ramos, conserto e sinalização da Rua Souza Cardoso, limpeza do córrego, galerias e bueiros do bairro, reconstrução da ponte destruída e desobstrução da principal via de acesso à Lagoinha.

O Clube Olifas, um ponto importante do bairro, foi completamente destruído e ainda está cheio de terra e pedras. A visão é caótica e a Defesa Civil já interditou o imóvel. Em ruas afastadas, entulhos se acumulam no meio da rua. A limpeza ainda é um grande problema a ser resolvido.

Problemas antigos persistem

Muito antes da tragédia de janeiro, o bairro já vinha sendo negligenciado. A quadra de esportes está em mau estado — com grades quebradas e torcidas, podendo causar acidentes sérios. O que antes era um pequeno parque de recreação para crianças também está completamente destruído e inutilizável. A quadra próxima à Escola Municipal Anna Rosa Moreira continua largada, com mato crescendo até mesmo dentro dela. Apesar disso, a escola passa por reparos para voltar a receber os alunos da rede pública.

O transporte público também foi motivo de reclamação de moradores. “Ônibus só passa de hora em hora. É pouco”, ressaltou um comerciante. Como a passagem pela ponte improvisada é impossível, alguns moradores que residiam perto da antiga rota agora têm problemas para se deslocar até outros bairros. Com isso, os ônibus, que só voltaram a passar pela Lagoinha no fim de março, se tornaram um problema para uma idosa, que se queixou da distância que precisa andar, já que o transporte não passa mais perto de sua casa. “O ponto fica longe. Eu tenho que subir a rua para poder pegar o ônibus e ir até o hospital”, relatou.

Soluções emergenciais irritam moradores

A Lagoinha precisa da atenção urgente para, pelo menos, três barreiras. Na Rua Hormindo Silva, rochas e árvores estão em perigo iminente de queda e qualquer chuva mais forte pode causar novos desmoronamentos. A ponte improvisada para a passagem de carros se limita a um pouco de terra jogada por cima das galerias que, aos poucos, está se dissolvendo e sendo levada pela correnteza.

Alunos da escola que funciona no bairro estão tendo aulas em salas improvisadas, na sede da associação de moradores. As máquinas já trabalham na Rua Antônio José Teixeira, mas tudo ainda é muito lento, até mesmo pela proporção dos estragos. Enquanto as obras não são finalizadas, pais preocupados reclamam da situação em que se encontram os filhos. “Não é o ideal. As crianças precisam de um lugar melhor pra estudar. Isso já deveria ter sido feito em janeiro, antes das aulas começarem”, protestou a mãe de um dos alunos.

Com pequenos reparos, a Lagoinha tenta voltar ao normal. As grandes obras, urgentes e extremamente necessárias para o bem-estar dos habitantes, ainda não começaram efetivamente. Enquanto aguardam a iniciativa do poder público para dar fim às ameaças naturais, a população segue com medo e reza para que novos desmoronamentos não aconteçam.

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